Ícone do site Tribuna de Minas

Juiz de Fora sedia pela primeira o festival de fotolivro ‘Beyra’

11 2 1
jota 14
João Medeiros, autor do fotolivro ‘O menino me dá a mão’, com fotos que remontam sua infância no Bairro Santa Cândida, participa de conversa com Cícero Costa e Djavan Amorim, no sábado, no Museu Ferroviário (Foto: Karina Passos/ Divulgação)
PUBLICIDADE

Pela beirada ou através da beira. Ana Paula Vitorio nasceu no Bairro São Benedito. “Na beira de cá do rio que eu moro”, como ela diz. Foi onde cresceu e se desenvolveu, e onde sua visão foi sendo criada para a forma como ela pensaria a cidade. Ela saiu de Juiz de Fora para realizar parte da sua pesquisa sobre fotolivro. Saiu também para participar de festivais que têm o fotolivro como tema principal ou como assunto a ser abordado. “Agora, eu faço esse caminho de volta”, afirma. Saindo da cidade, começou a ver os fotógrafos que tinham o fotolivro como meio de publicação em outras localidades. E, depois, passou a se questionar: “Como os fotógrafos daqui, os artistas visuais, os designers têm lidado com essa ideia, com essa exploração?”. A partir disso, teve a ideia de fazer um festival na cidade. Com isso, pela primeira vez, Juiz de Fora sedia um festival de fotolivro.

Começa nesta sexta-feira (26) o Beyra – Festival do Fotolivro de Juiz de Fora. Ele segue até domingo (28) com programação gratuita por três lugares de Juiz de Fora: o Museu Ferroviário, a Sala de Giz e o Beco. “Os lugares centrais da programação ficam perto desse raio (margeado pelo rio). A gente está se mantendo geograficamente, em termos de organização da cidade, o mais próximo possível à beira de cá do rio”, justifica a idealizadora. A equipe do festival é também formada por Carolina Cerqueira e Vermelho. O Beyra foi um dos projetos selecionados pelo edital “Murilão”, do Programa Cultural Murilo Mendes.

PUBLICIDADE

Nessa pesquisa que Ana realizou sobre os fotolivros de Juiz de Fora não conseguiu encontrar tanto material. “Tem algumas dificuldades. Mas eu espero que a partir do festival a gente consiga reunir essas pessoas e descobrir essas iniciativas e os projetos que possam estar escondidos na nossa história”, aponta como uma das justificativas de realização do Beyra. Mas, nesse processo, como um nome da nova geração, encontrou o fotógrafo João Medeiros que, inclusive, estava nesse processo de lançamento do seu fotolivro, “O menino me dá a mão”, com fotos que remontam sua infância no Bairro Santa Cândida. Ele vai participar de uma conversa com Cícero Costa e Djavan Amorim, no sábado, a partir das 16h, no Museu Ferroviário. Outras conversas com convidados de diversas cidades vão acontecer. Um dos destaques, a partir da parceria com o Instituto Moreira Salles (IMS), é a vinda de Yhuri Cruz, que vai falar, com Daniele Queiroz, sobre sua produção de uma fotonovela. Seu nome tem ganhado cada vez mais visibilidade no meio.

PUBLICIDADE

Introduzindo o fotolivro

A partir da produção do Beyra, a ideia é que essa produção de fotolivros na cidade seja maior, pensando já no que fica para as próximas gerações e na experiência gerada pelo contato com esse formato de livro. “A gente tem esse intuito de colaborar com a formação e o incentivo aos fotógrafos, artistas visuais e designers da cidade a produzir seus fotolivros e zines. Porque eles são também ferramentas importantes e eficazes na difusão dos trabalhos. Os fotolivros e zines permitem que as experimentações dos artistas sejam percebidas de forma mais aprofundada. Eu acredito que muita gente tenha material arquivado e eu espero que esse festival incentive as pessoas a pesquisar seus arquivos e pensar em narrativas e proporções de organizações poéticas também a partir das imagens que têm em casa em forma de fotolivro e zine.”

Para isso, uma oficina vai ser realizada, a ZinexZine, do coletivo Lombada. É uma oficina itinerante que roda em outros festivais e proporciona o contato com os zines. Uma competição, inclusive, será feita para premiar o melhor zine produzido durante a oficina. O contato com outras produções também vão ocupar a programação. O IMS traz também uma exposição da revista Zum. “Essa exposição pega um recorte da pandemia. Esses fotolivros são uma espécie de diagnóstico da nossa produção brasileira de fotolivro nos últimos dois ou três anos. É uma forma interessante de introduzir o fotolivro para quem possa não conhecer ou não saber exatamente o que significa e ter um contato introdutório já com obras que são de ponta. É uma seleção muito refinada que apresenta a complexidade e a qualidade da produção brasileira de fotolivro”, conta Ana.

PUBLICIDADE

Convocação de artistas

Desde março, o Beyra abriu ainda uma série de convocatórias para a participação de artistas de todo o Brasil. Uma delas é a Desengaveta!, que vai realizar projeções fotográficas durante o evento. Cinquenta por cento das fotografias selecionadas são de artistas e fotógrafos de Juiz de Fora. A outra foi de editoras, autores e coletivos interessados em expor seus trabalhos na Feyra, que vai acontecer no Museu Ferroviário. Os artistas, também selecionados por convocatória, vão poder divulgar seu trabalho no Foto na Gira, que vai apresentar portfólios para possibilitar futuras parcerias.

Já a de Bonecos de Fotolivros e Zines vai premiar um fotolivro e um zine com incentivo à edição e publicação, participação em uma residência artística, além de terem seus bonecos exibidos no site do Beyra e em projeção durante o festival. Nesse caso, Ana afirma que a presença de juiz-foranos foi mais tímida. “Mas a gente entende que essa produção exige que a pessoa esteja com o projeto muito encaminhado e perto da versão final. É possível que outros juiz-foranos estejam nessa produção, mas não tão finalizada ainda.”

PUBLICIDADE

O motivo

Tudo isso se abre com o intuito de firmar o Beyra dentro do calendário nacional de festivais que têm o fotolivro como tema. A pergunta-mote de tudo isso, de acordo com Ana, sempre foi: “Por que não colocar Juiz de Fora nessa rota, nesse circuito que começa a se solidificar de festivais de fotolivro na América Latina?”. A data escolhida, inclusive, foi intencional, assim como o nome: “Um dos motivos de esse festival se chamar Beyra é que a produção e o processo criativo todo que envolve fotolivros e zines ainda ficam muito restritos ao eixo Rio-São Paulo, principalmente São Paulo. Trazer e expandir isso é interessante. A maioria dos festivais são de fotografia que abriga alguma coisa de fotolivro na programação. Mas ter o fotolivro como principal elemento estruturante e que se abre para a fotografia mais isolada de forma secundária, que é o oposto de outros festivais, é uma tentativa de trazer para esses outros espaços que não são capitais nem grandes cidades”. A ideia é que ele aconteça de forma anual ou bienal.

Confira a programação completa:

Sexta-feira (26)

Na Sala de Giz (Rua Barão de Santa Helena 229 – Granbery)
9h às 17h – Oficina Zine X Zine (Lombada)

PUBLICIDADE

No Museu Ferroviário (Avenida Brasil 2001 – Centro)
19h – Abertura das exposições Zum e Baixa Estima
20h30 – DJs e Food Truck

No Beco (Avenida Garibaldi Campinhos 3 – Vitorino Braga)
22h – After do Beyra

Sábado (27)

PUBLICIDADE

Na Sala de Giz
10h às 12h – Foto na Gira (Mostra de portfólio)
10h às 12h – Exposição Convocatória Zum IMS
14h – Sessão Foto Filme (Cláudia Tavares)
15h30 – Projeção Desengaveta!
17h – Cine Beyra – Ficção Científica
20h – Lança Livro
20h – DJs e Bar Beyra

No Museu Ferroviário
10h às 20h – Expo Baixa Estima
13h às 20h – Feyra – Fotolivros, Zines e Impressos fotográficos
13h30 – Projeção Desengaveta!
14h – Prosa y Fotolivro: Daniele Queiroz e Yhuri Cruz
16h – Prosa y Fotolivro: Marina Feldhues proseia com Cícero Costa, Djavan Amorim e João Medeiros
18h – Prosa y Fotolivro: Marina Feldhues proseia com Sheila Signário e Dalila Coelho

Domingo (28)

Na Sala de Giz
10h às 12h – Foto na Gira (Mostra de portifólio)
10h às 21h – Exposição Convocatória Zum IMS
14h – Sessão Foto Filme (Cláudia Tavares)
15h30 – Projeção Desengaveta!
17h – Cine Beyra Diversidade
19h – Encerramento Beyra
20h – DJs e Bar Beyra

No Museu Ferroviário
10h às 20h – Expo Baixa Estima
13h às 20h – Feyra – Fotolivros, Zines e Impressos fotográficos
13h às 19h – DJs e Food Truck
13h30 – Projeção Desengaveta!
14h30 – Prosa y Fotolivro: Marina Feldhues proseia com Beatriz Matuck e Vitor Casemiro
16h30 – Prosa y Fotolivro: Marina Feldhues proseia com Erick Peres e Tetembua Dandara

 

Sair da versão mobile