“O avesso da pele” voltou a entrar em discussão no começo do mês. Isso porque, no Paraná, os exemplares foram recolhidos, a partir de uma determinação da Secretaria Estadual de Educação (Seed). Uma das justificavas apresentadas foi a de que o livro, entre as páginas 29 e 30, continha linguagem “vulgar” e “chula”. Na Amazon, “O avesso da pele” se manteve por cerca de duas semanas entre os mais vendidos no site.
O escritor usou suas redes sociais para falar sobre a situação, ainda no começo de março. Escreveu:
“A diretora de uma escola fez um vídeo acusando o livro de usar palavras de “baixo calão” e de conter cenas de atos sexuais. Após repercussão e de uma moção de um vereador, a 6° CRE mandou recolher os exemplares das escolas e bibliotecas até que governo federal se manifeste. O Avesso da pele já foi adotado em centenas de escolas pelo Brasil, venceu o prêmio Jabuti, foi finalistas de outros prêmios, teve direitos de publicação vendidos para mais de 10 países, foi adaptado para o teatro. Além disso, o livro foi avaliado pelo PNLD, em 2021, ainda no governo Bolsonaro. A própria diretora assinou a ata de escolha do livro. As distorções e fake news são estratégias de uma extrema direita que promove a desinformação. O mais curioso é que as palavras de “baixo calão” e os atos sexuais do livro causam mais incômodo do que o racismo, a violência policial e a morte de pessoas negras. Não vamos aceitar qualquer tipo de censura ou movimentos autoritários que prejudiquem estudantes de ler e refletir sobre a sociedade em que vivemos”.
Vários artistas também usaram as redes sociais para apoiar o movimento do escritor.
“O avesso da pele” pode voltar a ser distribuído
À Folha de São Paulo, o secretário da pasta afirmou que a obra pode ser redistribuída no Paraná aos alunos do Ensina de Jovens e Adultos (EJA). Ele ainda disse que o livro foi retirado após reclamações dos pais de alunos.