“Esplêndidos quartos, água encanada, cozinha de primeira ordem, garagem, a menos de cem metros da Estação”, ostentava o anúncio do Minas Hotel na edição de março de 1926 da “Vida Doméstica – Revista do Lar e da Mulher”. Suntuoso, o prédio de número 85 na Avenida Francisco Bernardino viveu o período áureo da região e também seu presente degradado. Se no início do século XX o espaço exibia resplandecente fachada, hoje assusta pela pouca conservação, estado que deve ser alterado com o decreto de tombamento do imóvel, publicado nesta terça (22) no Diário Oficial Eletrônico do Município de Juiz de Fora. Iniciado em 2004, o processo prevê a preservação da fachada e da volumetria do edifício de estilo eclético.
“Ele está inserido num contexto fundamental da cidade, a Praça da Estação, lugar onde Juiz de Fora começou a se desenvolver”, pontua o diretor geral da Funalfa Zezinho Mancini, apontando para outras edificações importantes na área, como o prédio do Museu Ferroviário. “A cidade continua a se desenvolver naquela região, temos planos urbanísticos, culturais e de turismo para que seja uma área mais valorizada. A cidade ganha muito com a manutenção do Minas Hotel, tanto por ser um elemento arquitetônico importante, quanto por sua história”, acrescenta Mancini, citando que o imóvel foi o primeiro a receber um elevador em Juiz de Fora.
Proprietário do imóvel há sete anos, o empresário César Gabriel Nassif Bilheiro inscreveu, na Lei de Incentivo à Cultura Murilo Mendes, uma proposta para financiar parte do projeto de revitalização da fachada. “Vamos participar ativamente para preservar o imóvel”, compromete-se ele, que, inclusive, na fase final do tombamento, solicitou a inclusão da volumetria no processo. “Fica muito caro restaurar, e não temos condições de fazer isso no momento, por isso contamos com o apoio de leis”, assinala.
De acordo com Mancini, outros projetos semelhantes foram inscritos no edital que este ano conta com o orçamento recorde de R$ 1,5 milhão. “Isso mostra a boa vontade e a urgência do proprietário. Ele mesmo tem mantido conversas frequentes para saber mais informações técnicas e entender o que pode fazer na área total do conjunto”, conta o diretor geral da Funalfa, explicando que o tombamento não contempla todo o extenso terreno, mas o prédio frontal histórico. “Entendemos o interesse em tombar aquela região como um todo para que ela seja valorizada novamente”, reconhece o proprietário, que num gesto inédito na cidade prometeu doar uma sala do prédio para a Divisão do Patrimônio Cultural.