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A melódica desalinhada do trap

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Assis, expoente do trap em Juiz de Fora (Foto: Divulgação)
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O trap está em momento de evidência graças ao Rock in Rio, que levou, ao palco da Cidade do Rock, nomes como Travis Scott, 21 Savage, Matuê e Cabelinho, na semana passada, e Filipe Ret, Caio Luccas, Kay Black, Matuê, Orochi, Ryan SP e Veigh, esta semana. Em Juiz de Fora, a Batalha do Bandeirantes, que acontece todas as sextas, na praça do bairro, é o epicentro do movimento na cidade, revelando nomes como o do jovem Assis, 19 anos, que está estourado, no YouTube, com clipes como “Me viu na net”, com mais de 50 mil plays, e “Batom e maldade”, com mais de 35 mil visualizações. A Batalha também tem sido palco para nomes como RT Mallone, Kalli, Marquês MC e Dentinho. A juventude dança o ritmo na festa Pushin P, que tem acontecido no Beco da Cultura, no Espaço Mascarenhas. É o trap!

“A cena do trap aqui em Juiz de Fora é muito nova ainda, é muito recente. E, hoje em dia, a rapaziada da Jovem Estrela, o selo que lança as minhas faixas, está movimentando muito, estamos fazendo nossos próprios eventos de trap, em casas como o Cultural e a Versus, além da Batalha do Bandeirantes. A Jovem Estrela Records foi criada há três anos, com o intuito de fazer algo inovador aqui em Juiz de Fora. E, com o trap crescendo no cenário nacional, a gente foi tendo mais visibilidade”, conta, por aúdios de Whatsapp, Assis. O selo já tem mais de 20 artistas de trap.

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O que é trap?

Subgênero do rap, o trap surgiu na década de 2000, com DJ Paul, no sul dos Estados Unidos, e ganhou popularidade em meados de 2007, com  nomes como Gucci Mane, OJ da Juiceman, Drumma Boy, Shawty Redd e DJ Zaytoven. Logo depois, veio Lex Luger com a produtora 808 Mafia. O estilo é caracterizado por conteúdo lírico e agressivo e som que incorpora a caixa de ritmos Roland TR-808, bumbos sub-baixo, em tempo duplo, em tempo triplo e outros tempos mais rápidos de divisão chimbais, sintetizadores em camadas, e cordas “cinematográficas”, sendo estes elementos muito utilizados na house music.

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No Brasil, o movimento chegou em 2010, quando os artistas Naio Rezende e Raffa Moreira começaram a incorporar elementos do gênero. A fusão do trap com influências do funk carioca, do hip hop e da música eletrônica brasileira resultou em um estilo autêntico e inovador que ganhou a festa Wobble, no Rio. Os principais nomes do movimento, por aqui, são Matuê, L7nnon, Teto, Veigh, Xamã, Sidoka, PK e Djonga.

Os frequentadores da Pushin P

Pushin P

A Pushin P é um evento que celebra a cultura da música trap em Juiz de Fora, abrangendo moda, música, artes visuais e outras expressões artísticas, como explica a produtora da festa, Ana Luisa Barreto, 26 anos. A festa começou no Café Muzik e, atualmente, ocupa o Beco da Cultura, no Centro Cultural Bernardo Mascarenhas, com entrada franca e colaboração dos produtores Rangel Junior, Gregori Matheus, João Tré e Wgledston Belizario.

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“A Pushin P é sobre a conexão dos artistas no espaço em que vivemos, nos olharmos longe das telas, termos um contato pessoal, trocar ideias e projetos e, além disso, nos divertir. Temos ocupado o espaço do Beco da Cultura pra realizar a festa e utilizar esse espaço se tornou necessário, tendo em vista que a cultura do hip hop e do trap reside nas ruas. Na última edição, em abril, tivemos a discotecagem de quatro DJs da cidade, Ever Beatz, GG, Starbabyy e Gabinete. Além da discotecagem, a festa faz exposição de pinturas e artistas como KTN e MADVLOP, que trazem a urbanidade como tema. “Atualmente, temos dois eventos regulares que abrangem a cultura hip hop, o Espaço Hip Hop (no vão do Viaduto Hélio Fadel) e a Batalha do Bandeirantes. Precisamos ocupar mais espaços na cidade, trazer os artistas para o foco, mostrar seus trabalhos e nos conectar com eles de forma genuína para que, assim, consigamos continuar sendo um expoente de cultura para o país”, avalia a produtora.

Starbaby na Pushin P (Foto: Divulgação)

DJ que, habitualmente, toca na Pushin P, Gabriela Gama , 27 anos, conhecida nas cabines como Starbaby, envolveu-se com o trap antes mesmo de começar a discotecar. “Hoje em dia, posso dizer que o estilo musical que mais consumo é trap, tanto da cena gringa, como da brasileira. O que eu tenho escutado muito ultimamente são Duquesa, Luathug, Brocasito, Playboi Carti e artistas do trap em Juiz de Fora, como Hobb The Goat e as meninas KTN e Madv. Para além da música, acompanho muito a parte de moda. Algumas marcas, como Necessum, Dukdown e Exclusivist, chamam muito minha atenção”, conta, mostrando que trap não é só sobre música.

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Batalha do Bandeirantes (Foto: Divulgação)

“Olha a pose, olha o flash, mata esse cara no trap”, é o grito de guerra da galera na Batalha do Bandeirantes, o berço local do trap, como conta Robson de Jesus Souza, 24, apresentador, fundador e organizador da batalha, de onde despontaram os maiores talentos do estilo, como Assis, e que acontece, todas as sextas-feiras, no bairro. “O celeiro aqui começou em 2019, quando a gente começou a fazer a Liga de Trap, anual. Além disso, tem o boombap, mas o trap dominou bastante Juiz de Fora, a galera rima muito na base de trap”, conta o produtor que, na última sexta, recebeu Black Panther, da Batalha da Aldeia, de São Paulo, considerada a maior da América Latina.

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