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’30 anos, ainda mais no punk rock no Brasil, não é para qualquer um’, afirma Badauí, sobre CPM 22

CPM 22 Badauí
CPM 22 Badauí
“Agradou a banda inteira: a gente está satisfeito com a sonoridade e com as letras. Vai agradar muito o nosso público, porque remete muito o CPM 22 das antigas”, afirma Badauí sobre novo trabalho (Foto: Leonardo Muniz/ Divulgação)
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Juiz de Fora é destino certo do CPM 22, independente da turnê e do formato. Nestes quase 30 anos de carreira, a cidade já foi palco de praticamente todas as transformações pelas quais a banda de Barueri passou. Nesta sexta-feira (22), no entanto, uma novidade: eles chegam para tocar no Cine-Theatro Central, um formato que permite explorar ainda mais a audição do público cativo conquistado por aqui. As portas do teatro abrem às 20h, e os ingressos podem ser adquiridos no link.

Outra novidade é que, depois de sete anos, a CPM 22 apresenta um álbum novo, com previsão de lançamento em maio deste ano. Alguns singles que antecipam o trabalho devem sair em abrir. O nome foi divulgado nesta quarta-feira (20), nas redes sociais: “Em frente”, que pode significar ainda “enfrentar”. É o primeiro com a nova formação: Fernando Badauí (vocal), Luciano Garcia (guitarra), Phil Fargnoli (guitarra), Ali Zaher (baixo) e Daniel Siqueira (bateria). Em entrevista à Tribuna, o vocalista e idealizador da banda antecipa que o álbum remete ao CPM 22 das “antigas”, e fala ainda sobre os show em teatro e antecipa as comemorações de 30 anos da banda, no ano que vem.

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Assista ao vídeo sobre novo trabalho:

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Tribuna: Última vez que vieram a Juiz de Fora, era um momento pós-pandemia que vocês sentiam muito esse desejo de voltar aos palcos. Acha que tudo já voltou à normalidade?
Fernando Badauí: Voltou à normalidade. Muitos shows e muitos festivais estão sendo feitos, com várias bandas internacionais e brasileiras. O mercado está bem aquecido. E muito por conta da vontade da galera: querer aproveitar cada instante que tem a oportunidade. Isso refletiu muito nos nossos shows. Os shows estão sempre cheios. E tem outra coisa: as bandas brasileiras estão em um bom momento, com bons discos e boas propostas de show sendo lançados.

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Você também queria voltar aos estúdios para gravar. E isso aconteceu neste tempo. Como estão os preparativos para o lançamento?
O resultado do álbum novo está incrível. É o primeiro disco completo com essa formação. Já tinha tido alguma prévia (dessa formação) com uns singles lançados. O disco está pedrada. Vamos vir com tudo agora. Estamos com uma força em cima deste disco. A gente vai cair mesmo na estrada. Agradou a banda inteira: a gente está satisfeito com a sonoridade e com as letras. Vai agradar muito o nosso público, porque remete muito o CPM 22 das antigas. Com uma diferença um pouco da forma de compor, porque a gente está mais velho, são outras ideias e outras coisas acontecendo no país.

Acha que a mudança dos integrantes impacta de alguma forma?
A transição para a nova formação não foi tão drástica. Apesar de ter saído dois membros da banda, o Phil, por exemplo, está desde 2013, e o Luciano desde 1999, ele entrou antes de a banda ficar grande. O Daniel e o Ali que vieram agora são caras que têm a mesma influência, estão dentro desse mesmo contexto, fazem parte da mesma escola do CPM 22. Então a adaptação foi muito rápida. É uma cena muito unida, e tem muita similaridade entre as influências das bandas do underground. Tem muitos músicos bons por aí, mas às vezes o cara não tem muito essa linguagem da nossa identidade, que não é o caso do Daniel e nem do Ali. Então, acho que isso vai ser visto no disco, que é um disco que remete muito para as nossas influências, que é o hardcore californiano mesmo.

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Sete anos desde o último disco lançado e, agora, as redes sociais têm ainda mais influência no consumo. Muda a forma como se pensa e produz as músicas e um álbum?
A produção da música não muda. A gente faz do jeito que a gente sempre fez, porque é o que a gente sabe fazer. A gente evolui, claro, mas a gente tem ideais e identidade muito enraizados nos anos 1990 e 2000. São coisas que não dá para você extrair e separar. Dá para sentir coisas diferentes no disco novo, como já teve no último, “Suor e sacrifício”, mas dentro de uma evolução que vem de disco para disco. A gente não mudou a nossa maneira de compor nem de enxergar a música por conta do novo modo de consumo de música. A gente faz de forma orgânica, do jeito que sempre foi, com a mesma metodologia de composição. O que muda é a divulgação, que a gente tem que se adaptar, atacar mais em outros meios, mais YouTube. A gente tem pensado em fazer vários clipes, não só de singles oficias. Por outro lado, estou pensando em fazer vinil, algum número de CD. Porque na gringa, por exemplo, tem outras mídias e a galera consome tudo. Fazer mais produtor, ampliar o leque. Quem é fã gosta de tudo.

O vinil, para vocês, então, ainda tem espaço?
Vinil voltou a ter força de novo. É uma oportunidade tirar o encarte, ler as letras, ver as fotos, reparar na capa, que também é uma arte de outro artista. Tem que ter. Eu sou consumidor de música digital e mídia física. Não tem regra. Claro que tem o lance da divulgação e da rapidez do streaming e das redes sociais, mas você trabalha o disco com um todo.

E os shows em teatro, que vai ser o caso do que vai ter aqui em Juiz de Fora. Como essa possibilidade surgiu?
A gente, no ano passado, fez alguns shows em teatro e todos foram muito legais, sem exceção. É um clima muito intimista, mais silencioso, por conta da acústica, mas a galera já levanta, a partir da segunda ou terceira música. Por conta da acústica e do ambiente, remete a uma coisa mais teatral. Quando você está ali, no meio da galera na roda, você ouve a música como um todo. Mas, em um teatro, de repente, você começa a perceber alguns arranjos de guitarra que você não percebia antes, uma virada de bateria, uma condução, uma linha de baixo – alguns detalhes da execução da banda. Isso é muito interessante.

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Perceber os detalhes muda tudo, né?
A acústica ajuda. Não tem sobra. E isso faz com que você tenha uma percepção da execução da banda com muito menos sobras de sonoridade. Não fica aquela barulheira toda. Talvez, em uma cidade que a gente nunca foi, ou vai pouco, esse formato não é tão ideal. Mas como a gente vai quase todo ano a Juiz de Fora, eu acho que é interessante ter e eu até gosto disso. A gente é uma banda de 30 anos quase. É importante fazer isso. Quem vai nos nossos shows eu sugiro que vá nesse, porque é uma experiência que pode ser a única vez que você vai ver.

Inclusive, com quase 30 anos de carreira, vocês renovaram muito. Como fazer isso?
A renovação se deve porque o punk rock já é rejuvenescedor por si só. A postura da banda, nada careta, de subversão e de rebeldia, faz com que a molecada se identifique. É como o rap e trap, que são estilos diferentes do que a gente faz, mas são ideais parecidos e tem uma força jovial nisso. E a gente é fiel ao que a gente sempre fez, nossa identidade, fazer a manutenção, principalmente com o diálogo, sem ter distância com o público, sempre trocando ideias e ouvindo opiniões das pessoas que gostam e consomem a banda. Essa proximidade traz uma segurança e subsídio para que você faça as escolhas certas.

Para os 30 anos, que vão ser completos no ano que vem, vocês planejam alguma coisa?
Estamos planejando sim. Às vezes um box ou um livro de fotos comemorativo, um produto físico. E também uma turnê. Estamos começando a conversar sobre isso, o tipo de formato de show, como fazer. É uma ideia ainda muito no começo, e vai sendo desenvolvida. A turnê só começa em agosto de 2025. Não pode passar em branco, porque são 30 anos, ainda mais no punk rock no Brasil, não é para qualquer um, é guerra.

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