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Revista experimental ‘o.estado.crítico’ é lançada em Juiz de Fora

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Trabalhos abordam a política sob diversos aspectos e apresentam pontos de vista considerados convergentes pelo curador (Foto: Leonardo Costa)
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“Somos filhos da época, e a época é política.” Os versos da poeta polonesa Wislawa Szymborska, morta em 2012, refletem de forma concisa os tempos em que vivemos. E se a política está em tudo que fazemos, o seu próprio conceito, em todos os prismas, merece ser discutido, tema de reflexão. E é a política, seja ela do corpo, do Estado, das vontades, castrações ou gêneros, o tema da primeira edição da revista experimental “o.estado.crítico”, que será lançada como exposição-manifesto nesta quinta-feira (22), às 20h, na Galeria Hiato – Ambiente de Arte, no São Mateus, com os trabalhos ficando disponíveis para visitação na sexta-feira e sábado, das 9h ao meio-dia e das 14h às 18h.

No total, são 14 obras de nomes do meio acadêmico, entre pesquisadores de Juiz de Fora, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Turim (Itália), incluindo professores, doutores, doutorandos, mestres e mestrandos, oriundos do universo da arte, literatura, psicologia e cinema: além do próprio Henrique, Rosane Preciosa, Letícia Bertagna, Fabricio Carvalho, Hélen Queiroz, Renata Caetano, Mariana Lage, Paulo Rodrigues, Raquel Valadares, Rafael Belúzio, Jéssica Perobelli, Julia Milward, Rejane Granato e Pedro Fonseca.

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Para além da academia

Segundo o curador e editor do projeto, Henrique Grimaldi Figueiredo, um dos objetivos de “o.estado.crítico” é levar o mundo acadêmico para além dos limites do universo em que geralmente fica confinado, mas com maior liberdade para expressão de ideias e sentimentos. “As revistas acadêmicas geralmente nascem apenas no âmbito digital, e nós queríamos algo que ultrapassasse essa barreira e que pudesse ser visto e discutido pelas pessoas, por isso a ideia dessa exposição-manifesto”, explica Henrique, mestrando na linha de pesquisa Arte, Moda: História e Cultura na UFJF. “Além disso, queríamos tirar as discussões do âmbito exclusivo da academia, tirar o engessamento que existe nessas publicações e trazer um público que geralmente não tem acesso a esses textos elaborados por pessoas brilhantes, com muito a dizer.”

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Por conta disso, Henrique define a exposição-manifesto como também uma “ocupação textual”, com a maioria dos trabalhos expostas em folhas no tamanho A1, algumas em A3 e ainda “santinhos” com a “Oração a Santo Duchamp”, de Jessica Perobelli, que o público poderá levar para casa. Também serão distribuídos cem exemplares da revista no formato de fanzine, e em breve haverá o lançamento da versão de “o.estado.crítico”.

Convergência de pensamentos

A partir dessa inquietação pessoal de levar o (livre) pensar acadêmico para além dos muros em que costuma estar confinado, Henrique elaborou em setembro a ideia da revista. Com os convites feitos e aceitos, todo o trabalho estava pronto em janeiro, mas ele preferiu esperar até março por conta do período de volta às aulas, a fim de que os universitários pudessem ter acesso ao material. Desde o início, o tema da primeira edição seria política, muito por causa da influência do poema de Wislawa Szymborska. “Ele me fez pensar na presença da política em nossas vidas e também do ‘estado crítico’; não só o Estado como nação, mas também o estado das coisas etc.”, diz. Outra influência foi artista alemão Joseph Beuys.

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Exposição-manifesto tem por objetivo tornar ‘tridimensionais’ as obras da revista, como no caso da ‘Oração a Santo Duchamp’, de Jessica Perobelli (Foto: Leonardo Costa)

O resultado, adianta, foi surpreendente. “Cada um tratou do tema de forma diferente. As questões foram muito similares, mesmo que cada um não soubesse de que se tratava o texto do outro. É possível alinhavar todos eles em um pensamento individual que se encaminha para o mesmo ponto. Tornou-se um corpo único, e só posso ser extremamente grato aos profissionais que aceitaram participar desse trabalho.”

Escrita ‘polifônica’

Depois da exposição-manifesto, Henrique Grimaldi espera levar “o.estado.crítico” para a França, país que visitará em breve. “Estou negociando para fazer a exposição por lá. A França é um país onde a discussão política é muito forte, seria interessante ver a reação deles à nossa visão.” Há planos de fazer a exposição rodar por outras cidades do Brasil também, até para conhecer pesquisadores de outras regiões para edições futuras.

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“O tema da segunda edição será o colecionismo na contemporaneidade. Tentar investigar o que seria essa vontade das pessoas de possuir as coisas e o que elas querem colecionar. ‘o.estado.crítico’ tem uma escrita ‘polifônica’, e esse ‘barulho’ vindo de todos os lados me interessa”, finaliza ele.

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