O enredo é simples: reunir no mesmo espaço quatro bandas de rock para quem até gosta de samba, mas, no final das contas, tem na trindade guitarra-baixo-bateria a trilha sonora para os 12 meses do ano, mesmo em época da folia de Momo. É o que promete o Bloco de Garagem: Originais do Rock, que acontece neste sábado (23), às 15h, no Jolly Rogers. As agremiações roqueiras que prometem não atravessar o ritmo são Pathos, Martiataka, RAW e Legrand. E o setlist do quarteto é só marcado por composições originais, com o esquenta e o intervalo entre os shows sendo preenchido pela Roda de Rock, em que qualquer um pode mandar ver no seu próprio som e mostrar que também é bamba.
A ideia de reunir essa gente elegante e sincera veio de Marcela Conte do Vale, do Jolly Rogers, que já havia realizado o Carnarock em 2018 inspirada no bloco Não Deixe o Rock Morrer, do Rio de Janeiro, e agora queria algo maior. Por isso, ela procurou W. Del Guiducci, do Martiataka, e o produtor Sandro Massafera, para agregar ao carnaval da cidade e que o rock também pudesse abrir passagem. “Deixei tudo nas mãos deles, quanto à definição do line-up. Pretendemos receber um público do rock em geral, dos adolescentes até os próprios clientes, que estão numa faixa dos 30 a 40 anos; a galera do rock de fato, que não curte os blocos que tocam outros estilos musicais”, explica. “As bandas variam bastante, creio que atenderá todos os estilos do rock.”
O palco não é uma passarela do samba, mas a ordem é mandar na harmonia, evolução, caprichar no enredo (letras) e – para quem preferir – nas alegorias e adereços. Com diferentes estilos e propostas, as quatro bandas encarnam a missão como estreantes, caso da Pathos, RAW e Legrand (“E estamos ansiosos”, diz um de seus integrantes, João Calderaro); quanto ao Martiataka… “Fazer show no carnaval? Que eu me lembre… mas eu não lembro muito de carnaval, então minha opinião não conta”, confessa o vocalista W. Del Guiducci.
Novidades no setlist
Para os shows, Pathos, RAW e Martiataka prometem novidades, quase garantindo o “dez” em harmonia. “O repertório vai ser como o de costume, nossas músicas já lançadas e algumas novas para compor o repertório”, adianta Tierez Oliveira, da RAW. “Teremos novidades, sim! Algumas músicas novas no repertório, que estarão no nosso próximo álbum”, antecipa JP Vieira, responsável pelos vocais da Pathos. “A ideia de Originais do Rock é justamente mostrar música autoral, originais de Juiz de Fora. Ou originárias, como queira. Vamos aproveitar para juntar ao nosso repertório umas três canções de nosso próximo disco, que está em fase de produção agora. A ideia é lançar no fim do ano”, dispara Del Guiducci. “(Teremos) músicas autorais, indie e pop-rock dos anos 2000. Como a proposta é de um bloco para pessoas que gostam de rock, vamos levar as nossas músicas que mais conversam com o público. Não há dúvidas que terá muito rock’n’roll para essa galera”, diz João, da Legrand.
Unidos pela apoteose roqueira, é hora de saber a ligação desse bando e bandas com o carnaval – se alguém curte cair na folia até a Quarta-feira de Cinzas ou se todos fogem dos blocos como o capeta da cruz. “Acho que a única ligação com o carnaval é que lançamos a banda e o primeiro single no dia 27 de fevereiro do ano passado, nesse mesmo período carnavalesco (risos)”, diz Tierez. Del Guiducci, por outro lado, é ainda mais direto. “Zero ligação. Talvez as camisas floridas do Ruy Alhadas, nosso tecladista.”
As outras bandas, porém, já mostram algum entrosamento com a folia. “A Legrand tem uma coisa peculiar, não muito comum às bandas indies brasileiras, (que é) escrever em português. Acho que isso tem tudo a ver com esse sentimento regionalista do carnaval, deixando claro que é uma coisa só nossa. Nós gostamos bastante do carnaval, e poder pular ao som de bandas tão boas da cidade – e com a nossa galera – vai ser perfeito!”, anima-se João Calderaro. “Aqui também a diversidade impera; alguns da banda tendem a um axé e a um frevo, outros a uma marchinha (em especial ‘Índio quer apito’), mas, ainda assim, ninguém larga o rock and roll”, afirma JP Vieira, da Pathos.
Por fim, o Bloco de Garagem buscou na roda de samba a inspiração para fazer a sua Roda de Rock, em que é só pegar um instrumento e mandar o seu som antes do primeiro show e no intervalo das apresentações. Segundo o produtor Sandro Massafera, a proposta é aproximar ainda mais o público do evento. “Já era uma ideia que vinha sendo pensada para juntar diversos artistas da cidade, um show que o músico chegasse com sua guitarra, seu microfone, seu instrumento de coração. Daí vimos a oportunidade de estrear a Roda de Rock no carnaval, esperamos que seja um diferencial.”
Bloco de Garagem: Originais do Rock
Neste sábado (23), às 15h, no Jolly Rogers (Av. Eugênio do Nascimento, 34 – Aeroporto)