Com o anúncio feito pela Walt Disney Company, confirmando a compra da produtora de cinema Lucasfilm, do cineasta George Lucas, por US$ 4,5 bilhões, os fãs da franquia "Starwars" foram surpreendidos com a notícia de que a empresa vai produzir um novo filme para a série, com previsão de lançamento para 2015, com o título "Star wars: episode 7". A novidade surge justamente no ano em que se comemora 35 anos do primeiro filme da saga criada por George Lucas, que no Brasil ganhou o nome "Guerra nas estrelas – uma nova esperança".
A hexalogia, escrita e dirigida por Lucas, conta a luta entre a Aliança Rebelde e o Império Galático, liderado pelo vilão Darth Vader, com o intuito de recuperar o governo democrático da república. A saga do jovem Luke Skywalker se desenvolve em diversos planetas e incontáveis naves espaciais de uma galáxia fictícia em que impera a vontade da "força", uma energia capaz de comandar todo esse universo. O primeiro filme conta a luta do jovem Skywalker, futuro cavaleiro jedi, para salvar a princesa Leia (sua irmã gêmea, revelação que surgiria mais tarde), que foi capturada e mantida refém pelo império de Darth Vader. "Apesar de a história ter vários clichês, os filmes são cativantes, assim como os personagens. É um prato cheio para fãs de vários tipos de histórias, e inspira colecionadores que se deliciam com bonecos, games, HQs etc. É um tipo de mídia que atingiu várias modalidades", destaca Marcelo Oliveira, estudante de Letras e empresário do ramo nerd.
O caráter universal da história e o carisma dos personagens tornam a saga um atrativo para adultos e crianças, que, mesmo com o passar do tempo, continuam acompanhando os desdobramentos do universo criado por George Lucas. "Atribuo esse interesse aos constantes investimentos na saga. Cronologicamente, temos um universo com mais de 25 mil anos de história, que vão muito além dos filmes", afirma Bruno Mercury, presidente e chanceler do Conselho Jedi de Juiz de Fora, fundado em 13 de abril de 2008 e que se apresenta em diversos eventos culturais, como lançamentos de filmes e desfiles de cosplays. Os fãs levam tão a sério o universo jedi, a ponto de se referir um ao outro como mestre, dependendo do cargo que ocupam na hierarquia do conselho.
O roteiro original de "Star wars", inspirado pelas aulas do historiador Joseph Campbell, tinha cerca de seis horas de duração. Como era impossível transformar esse texto em um único filme, o roteirista George Lucas decidiu dividi-lo em três partes, lançadas em anos diferentes e fora da ordem cronológica. "Guerra nas estrelas: uma nova esperança" chegou aos cinemas em 25 de maio de 1977, ainda sob desconfiança do estúdio Twentieth Century Fox, responsável pelo projeto. Para se ter uma idéia de como o mercado cinematográfico estava reticente quanto ao desempenho do filme nas bilheterias, apenas 40 salas em todos os Estados Unidos aceitaram exibi-lo. Esse temor era ainda maior graças à decisão de George Lucas em escalar atores novos e pouco conhecidos.
O filme impulsionou a carreira de Harrison Ford, que, aos 35 anos, interpretou o papel do humano Han Solo. A descrença inicial por parte da Fox rendeu ao diretor um acordo que o tornou o único a ter direitos sobre o licenciamento de produtos com a marca "Star wars", incluindo bonecos, livros e jogos eletrônicos. Esse acordo rendeu a George Lucas uma fortuna estimada em US$ 9 bilhões, o dobro dos US$ 4,5 bilhões faturados pela Fox com a exibição dos seis longas metragens. Esses valores fizeram da série cinematográfica a terceira mais lucrativa em todo o mundo, perdendo apenas para as franquias "James Bond" e "Harry Potter".
Foi graças a essa espantosa arrecadação que Lucas conseguiu produzir os outros dois filmes da primeira trilogia, "O império contra-ataca", em 1980, e "O retorno de jedi", em 1983. Recentemente, o cineasta filmou uma nova trilogia para a série, contando a história do jovem Luke desde a sua infância. Os episódios são "A ameaça fantasma", "Ataque dos clones" e "A vingança dos Sith". "Acho a trilogia original melhor que a nova. ‘O Império contra-ataca’ é o melhor dos seis", opina Marcelo. "Por ter personagens carismáticos e cativantes (com destaque para o Darth Vader, o mais cativante de todos) numa trama simples de cavaleiros poderosos e honrados, sempre houve e haverá muita história para ser contada dentro desse universo", afirma Fernando Scheffer, engenheiro, professor e escritor de RPG.
A inconfundível trilha sonora da série ficou a cargo do aclamado compositor e maestro John Williams, então regente da Orquestra Sinfônica de Londres. O maestro é responsável, por exemplo, pelas trilhas de "Super Man", "ET – O extraterrestre", "Indiana Jones", "Tubarão" e "Harry Potter".
Antes de George Lucas pensar em fazer os três primeiros filmes da franquia, muito do universo ficcional apareceu em páginas de livros publicados pela Lucas Books, empresa do próprio cineasta, criada justamente com a finalidade de divulgar o filme. Assim, o público americano tinha acesso a muito material que falava de diversos períodos de tempo dentro da cronologia do universo ficcional de "Star wars", incluindo os períodos anteriores e posteriores aos filmes. Durante esse tempo em que eram publicados os livros, a empresa decidiu investir em outro ramo do entretenimento, os quadrinhos. E foi assim que apareceram as quatro revistas chamadas "The knights of old republic, "The dark times", "Rebellion" e "The legacy". Estas edições compreendem, respectivamente, os períodos anteriores aos filmes, o início do império,o aparecimento da rebelião e a geração posterior ao aparecimento dos Skywalker. As duas revistas "The dark times" e "Rebellion" são as que têm mais personagens conhecidos do público que só assistiu aos filmes.
De 1977 a 1986, a Marvel Comics também publicou quadrinhos de ‘Star wars’. Iniciada por uma minissérie que adaptou o filme "Uma nova esperança", a linha logo ganhou outros volumes com histórias de aventura descontraídas e sem grandes preocupações cronológicas.