Ibitipoca é, geralmente, lembrada pelo parque que, sem dúvidas, merece as atenções. Mas antes mesmo de ele ser tão atrativo, a vila já tinha uma outra história principal, que começou a ser desbravada há pouco tempo. Eram a alimentação e a produção de alimentos que mantinham os moradores da comunidade, até o turismo ganhar foco. Claro que uma coisa não exclui a outra. O processo de agora é unir essas duas vocações, que são, então, naturais, e mostrar a vida para além do parque: a gastronomia que pode ser moderna, mas, como sempre, bebe da tradição.
É com o intuito de valorizar o que é genuinamente de Ibitipoca que acontece, neste final de semana, o Festival Sabores da Serra. O evento vai ser realizado no espaço Serra Bela, que fica bem na estrada do parque. Ele começa nesta sexta-feira (21) e termina no domingo (23), com um curso.
Outras edições do Festival Sabores da Serra já foram organizadas em anos anteriores. Neste, no entanto, os restaurantes participantes tiveram a missão de produzir pratos de culinária afetiva. “O objetivo era criar uma comida que remetesse à infância, uma lembrança legal. Aquela comidinha que lembramos com carinho e prazer e traz essa sensação de comida de afeto”, explica Márcia Macambira, chef de cozinha, moradora de Ibitipoca, há mais de 30 anos, e uma das organizadoras do evento.
Canjiquinha como tema
Para fortalecer isso, os cozinheiros dos estabelecimentos tiveram que fazer essa comida de afeto, mas recriando um prato tipicamente mineiro: a canjiquinha. “Nós pegamos o tema canjiquinha, e os restaurantes de Ibitipoca desenvolveram pratos fazendo uma releitura dela, mostrando como ela pode ser servida de outras formas. Porque a tradicional é aquela com caldinho, carne de porco, que é maravilhosa, e eles criaram pratos com a canjinha, mas diferentes. E isso foi muito legal de ver, inclusive o envolvimento dos participantes. Todo mundo pesquisou a história para criar pratos diferentes. Isso de maneira sem perder a cara de cada restaurante”.
Valorização da vila
Toda a proposta do festival é valorizar o que há na vila, nesse processo de recuperação do motivo do desenvolvimento principal de lá, que é a comida. Diferente de outros festivais que convida chefs de outras cidades para ministrarem cursos, a proposta do Festival Sabores da Serra é mostrar o que há em Ibitipoca. “E a gente acredita que temos um potencial gigantesco, chefs de cozinha maravilhosos. A gente queria um festival que fosse genuinamente de Ibitipoca, com chefs daqui, com restaurantes daqui, com músicos daqui e com os produtos que os pequenos agricultores do nosso entorno vendem”, explica a organizadora.
Além dos restaurantes que vão apresentar suas versões da canjiquinha, o festival vai contar ainda com a Feira do Corredor Agroecológico, com produtos e artesanatos locais. O último dia vai contar com uma oficina: a produção de uma comida a partir de um insumo fresco da região. “A gente está querendo enfatizar que é muito agradável vir a Ibitipoca e de repente ter um bom restaurante para degustar uma comida maravilhosa, ficar batendo papo. Isso já vem acontecendo. As pessoas estão tirando o foco do parque, que é maravilhoso, mas a vila já está ganhando vida própria. Isso para a gente é importante e é legal porque desafoga o parque.”
Programação musical
Além dos comes e bebes, vai ter música durante todo o festival. Nesta sexta-feira, o festival abre com um aquecimento para o sábado, de 18h até 23h. A música vai ficar por conta de Gilbert Salles e Rafael Totino. No sábado, a partir de meio-dia até 23h30, o músico Manu começa os trabalhos com MPB e, depois, os Camaradas da Serra fecham com forró.
Conheça os pratos participantes