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Campanha de Popularização do Teatro fica para 2020

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“Terra sem acalanto”, da Cia. Sala de Giz, era um dos espetáculos da campanha, agora agendado para janeiro de 2020 (Foto: Divulgação)
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Pela primeira vez em 18 anos, a Campanha de Popularização do Teatro e da Dança ficará de fora do calendário cultural de Juiz de Fora. Inicialmente programado para acontecer entre 9 de agosto e 1º de setembro, repetindo a inédita experiência de 2018, o evento foi adiado para janeiro de 2020, mês em que foram realizadas as primeiras 16 edições. A decisão, tomada após reunião entre a diretoria da Apac (Associação de Produtores de Artes Cênicas de Juiz de Fora) e produtores dos espetáculos, foi motivada por um problema que tem se tornado frequente e crônico entre a classe artística não só de Juiz de Fora, mas em diversos pontos do país: a falta de recursos financeiros suficientes para realizar eventos com a qualidade que merecem.

Segundo o presidente da Apac, Cristiano Fernandes, a organização da Campanha percebeu no final de julho que não seria possível concretizar o planejamento do evento nos moldes estipulados. “O Sinparc (Sindicato dos Produtores de Artes Cênicas de Minas Gerais), em Belo Horizonte, teve dificuldades para captar apoiadores, e nós em Juiz de Fora também. Aliado a isso, apesar de a Funalfa ter acenado positivamente para um apoio financeiro, o valor, sozinho, não era suficiente para organização e divulgação do evento”, explica. “Em reunião com os inscritos, decidimos, por unanimidade, adiar o evento para janeiro de 2020, uma vez que o Sinparc garantia apoio financeiro e a Funalfa também para a nova data de realização.”

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“O retorno que tivemos com a 17ª edição, realizada em agosto de 2018, foi muito positivo em todos os sentidos, tanto para o público quanto para os artistas. Portanto, produzir uma nova edição ampliando e enriquecendo tudo o que foi conquistado é o que a Apac, o Sinparc e os artistas da cidade almejam.”

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‘Sobre Capitu’, do Santa Corja, manteve apresentação no Museu Ferroviário, nos dias 17 e 18 de agosto (Foto: Caio Lara/Divulgação)

(Re)garantindo os espaços

No total, 30 atrações estavam inscritas para a Campanha, entre teatro adulto, infantil, contação de histórias, dança, oficinas, seminários, bate-papos, em locais como o CCBM, o Teatro Paschoal Carlos Magno, o espaço OAndardebaixo, Sala de Giz, Museu Ferroviário e a Praça CEU. Com o adiamento, não bastava apenas negociar com os produtores, mas também com os responsáveis pelos espaços. Nos casos do CCBM e Paschoal Carlos Magno, o evento ocuparia datas conseguidas com o edital de ocupação. “Tivemos um ótimo diálogo com a Funalfa, e as datas foram adiadas para janeiro de 2020”, conta Cristiano, acrescentando que a mudança de data implica um novo desafio.

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“Em 2018, fizemos uma experiência nova: usar o mês de agosto para a realização da ação. Por 16 anos, a Campanha aconteceu em janeiro. Felizmente, conseguimos realizar o evento com sucesso total. Então, o retorno para janeiro será novamente um outro teste, o que nos oportunizará uma discussão futura sobre a melhor época para a realização do evento”, acredita.

Desconforto com o hiato forçado

Ainda que o adiamento seja por um motivo justificável, será preciso lidar com a triste constatação de que a Campanha de Popularização do Teatro e da Dança, pela primeira vez em quase duas décadas de realização, vai passar em branco em 2019.   Ainda que o adiamento seja por um motivo justificável, será preciso lidar com a triste constatação de que a Campanha de Popularização do Teatro e da Dança, pela primeira vez em quase duas décadas de realização, vai passar em branco em 2019.

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“Não está sendo confortável para ninguém pensar que, após 17 anos de ações ininterruptas doevento, em 2019 ele não acontecerá, sobretudo em um ano com tanta necessidade de arte e cultura “, lamenta Cristiano. “Nunca foi tão urgente fazer e respirar arte. A Apac existe para dar voz e vez aos artistas locais,criando oportunidades e espaços para que teatro e dança estejam no cotidiano da população de Juizde Fora.”

Por outro lado, Cristiano acredita que, com artistas e a associação ainda mais unidos, é possível prometer uma edição da Campanha de Popularização do Teatro  e da Dança “ainda mais potente” em janeiro de 2020. “O público pode esperar novidades, tanto nas propostas cênicas quanto no pensar artístico, já que teremos seminários,bate-papos e outras novidades, que já estão sendo especialmente pensadas. Existe ainda a possibilidade de realizarmos outro evento em julho ou agosto, uma nova proposta cultural para a cidade. Dessa forma, se em 2019 não foi possível acontecer o evento, em 2020 haverá, pelo menos, dois acontecimentos artísticos para os artistas e o público.”

Cia. Corre Cotia iria apresentar o espetáculo ‘A máquina’ (Foto: Divulgação)

Para voltar com ‘força total’

Integrante da diretoria da Apac, Adryana Ryal, da Cia. Teatrando, se encontra nos dois lados da questão. Como parte da associação que organiza o evento, sabe a barra que é ter que lidar com os problemas envolvidos, e como produtora teatral está na mesma situação que seus colegas, que em muitos casos perdem a oportunidade de apresentar trabalhos – algumas vezes inéditos.

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“É um evento que já está sistematizado, e quando você tem isso, que as pessoas entendem que podem contar com ele, é primordial que aconteça. Para mim é indispensável não só para os produtores, pois é o momento de encontro da arte do juiz-forano. É o evento em que os produtores podem expor seus trabalhos feitos durante o ano, sejam inéditos ou não. Geralmente é a deixa, ainda, para ter um ou dois espetáculos convidados de fora”, destaca. “Mas se você não tem um apoio mínimo, uma estrutura financeira mínima, não consegue realizar algo tão grandioso. Como você pode beneficiar esse produtor se não consegue fazer uma divulgação, ter material impresso, ajudar com a iluminação, com alguma coisa extra para valorizar o profissional? Entendemos que a crise está instalada nacionalmente, infelizmente será um ano sem a Campanha.”

Ao mesmo tempo em que reconhece os prejuízos para o público e os produtores, pelo fato de que a campanha, de acordo com ela, permite o acesso à cultura por todas as classes, Adryana acredita que a classe artística não se deixou abater. “Nós temos peças acontecendo em toda a cidade, pois os produtores estão resistindo, acreditando que isso possa acontecer. Temos montagens na Sala de Giz, no (Espaço) OAndarDeBaixo, no CCBM, Paschoal Carlos Magno, no Tenetehara, na Praça CEU. O mês continua recheado de eventos, porque muitos produtores já tinham entrado em contato com esses locais para fazer as apresentações. Infelizmente a gente não conta com aquela master divulgação, um grande festival. Mas não deixamos a peteca cair. Além de manter algumas atrações em agosto, os produtores continuaram com os espetáculos inscritos para a Campanha, o que foi muito positivo.”

Com a inevitabilidade do adiamento, Adryana Ryal mantém uma convicção: a Campanha de Popularização do Teatro e da Dança não pode morrer. “A gente perde quando não tem. Já vai fazer três anos sem o Festival Nacional de Teatro; não temos mais o Festival Nacional de Cenas Curtas; não podemos deixar que a Campanha também caia no ‘não vai acontecer’. Nós precisamos dela. Os artistas estão trabalhando para que essas coisas não caiam no esquecimento, o que é muito importante. Por isso que o produtor, o diretor, o fazedor de arte em Juiz de Fora merece respeito, merece um evento para que mostre seu trabalho, e a Campanha faz esse papel. Temos que voltar com força total.”

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