Ícone do site Tribuna de Minas

Grama recebe o Festival União Cultural

WhatsApp Image 2023 04 19 at 18.32
O festival vai durar o dia inteiro com atividades culturais e programação voltada às crianças, além de brinquedos e apresentações de palhaçaria (Foto: Divulgação)
PUBLICIDADE

Negro Lee acha que ainda tem muito Santos Dumont a ser descoberto por aí, na quebrada. Só falta oportunidade. Para ele, o hip-hop, por isso, pode ser aeroporto: faz decolar. Em seu Bairro Grama, Zona Nordeste, lugar onde cresceu, se desenvolveu e, então, se entendeu como artistas, ele acredita que ainda existem muitos que não perceberam que, no fundo, são artistas. Não tiveram um empurrão. Uma palavra: “Vai nessa”. Andando pela comunidade já viu muita coisa. Inclusive meninos que foram salvos pela arte. Alguns deles até impulsionados pelo seu incentivo. E ele acha pouco: quer aumentar seu alcance, falar em mais ouvidos, rimar mais ainda. Fazer eventos do Grama funciona como uma vitrine: mostrar que é possível, a arte é um caminho possível mesmo em ambientes periféricos. A Batalha da União já acontecia lá com esse intuito. Mas o sonho cresceu, e virou o Festival União Cultural: evento que vai acontecer neste sábado (22), na Praça Áureo Gomes Carneiro. Na programação, diversos artistas do Grama que vão ocupar a principal praça do bairro durante todo o dia.

A poesia foi o primeiro contato íntimo de Negro Lee com a arte. Foi ela que o fez se tornar rapper e conhecer o hip-hop. Isso aconteceu muito impulsionado pelo Grama que, naquela época, ainda nem tinha uma cultura tão forte como agora. “Mas tudo o que eu vivi no Grama alimenta minha arte”, afirma. Para ele, produzir evento em seu bairro de origem é como uma missão mesmo. De maneira a abraçar todas as manifestações culturais do Grama, a Batalha Cultural já tinha essa proposta de unir as artes, apesar de manter foco sobre a cultura hip-hop. O Festival União Cultural segue nessa e só amplia seu tamanho.

PUBLICIDADE

Essas batalhas anteriores serviram, além de cavar um espaço, para escolher alguns dos nomes da programação. “A gente faz a Batalha da União há quase dois anos. Nisso, a gente foi percebendo os artistas que se destacavam, aqueles que se empenhavam desde a participação à divulgação, por exemplo. Eu sou ainda estudante de marketing e, claro, ajudo nesse processo de divulgar. A gente foi vendo quem aderia isso para escolher e entrar na primeira edição. Ainda assim, tem muita gente que vai ficar de fora. Por isso a gente quer mais eventos para contemplar outros nomes.”

PUBLICIDADE

Programação

O União Cultural vai durar o dia inteiro: começa às 10h30, com atividades voltadas às crianças, com brinquedos e ainda apresentações de palhaçaria, e se estende até 22h. É a partir das 13h que começam as atividades culturais. Vai ter show com o grupo Nós por Noiis, formado por três MCs do Grama, com o cantor e compositor Gregori Lores, com a Afrodite e sua banda, apresentação do DJ N9V3, e, como não poderia faltar, apresentação do Quinta Dimensão, grupo de rap juiz-forando que, inclusive, assina a produção do evento, bem como da Batalha da União, tendo Negro Lee como um de seus integrantes.

Além disso, tem apresentação de breaking dancing. “A ideia é apresentar essa modalidade não apenas como um estilo de dança, mas também como um esporte respeitado”, afirma Negro Lee. Uma exposição de arte também vai ocupar a praça e um circuito de skate vai premiar os participantes. Vários grafiteiros ainda foram convidados para pintar a parede de uma casa de idosos do bairro, contando a história de Grama na imagem. A programação completa está sendo postada no Instagram do evento (@uniaoculturaljf).

PUBLICIDADE

Em Grama, por necessidade

Crescer esse evento de tamanho sempre foi mesmo um sonho. Mas faltava também oportunidade. Foi necessário ir buscando formas de fazê-lo acontecer. Até que eles pensaram na possibilidade de um edital cultural e se inscreveram, então, no “Cultura da/na quebrada”, da Funalfa. Foi só por isso que o União Cultural conseguiu sair do papel. “Grama, realmente, recebe poucos eventos culturais. É caro fazer, e a gente não recebe muito apoio nem dos comerciantes locais, por exemplo. Só com um edital como esse seria possível”, afirma.

Para Negro Lee, a internet é ainda um dos principais responsáveis pelo crescimento da cultura de Grama. “Mas, perto, quase não vê a cultura sendo feita. Por isso a gente faz eventos aqui. Eu vejo uma necessidade grande de trazer mais arte para Grama, ainda mais sendo um artista do bairro. Porque é assim que a gente inspira outras pessoas. Eu vejo que o acesso à arte me colocou no caminho certo. Aqui, tem muito talento a ser descoberto ainda. As pessoas ainda precisam entender o quanto a arte muda a vida. Às vezes, a arte nem precisa ser um caminho único. A pessoa nem precisa ser artista. Mas, só de ter acesso, muda a vida. A arte, por si só, é emancipadora”, finaliza.

PUBLICIDADE
Sair da versão mobile