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Juiz de Fora tem a primeira Drag queen recebendo o título de Cidadã Benemérita

Drag Queen
Eu não espero abrir portas para mim. Eu espero abrir portas para outras pessoas”, destaca Ravell (Foto: Endemol Shine Brasil)
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A metamorfose apoteótica de Wagner Rodrigues da Costa surge quando ele dá vida a Ravell. Em dezesseis anos realizando esse trabalho, ela entra para a história como a primeira Drag Queen Cidadã Benemérita de Juiz de Fora, que veio direto do Bairro São Judas Tadeu, Zona Norte.
Ser artista que representa, além de apresentar, é um gesto político e social, e Ravell, multifacetada e performática, possui uma relação de entrega com o que faz. Em troca, o que ela transforma vai muito além das performances de deslumbrar os olhos do público.

Para ela, a transmutação para Drag Queen não respeita os limites. A linha que separa sua existência da arte não pode ser sequer identificada. O que deixa, ao público, o questionamento se essa fronteira de fato existe, Ravell, no entanto, esclarece: “Quero que a arte tome conta de mim, assim como eu gostaria de ser totalmente da arte”.

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Ao longo de sua trajetória, preta e vinda da periferia, a artista já teve importantes participações internacionais. Como a sua presença no programa Queen Star Brasil, exibido pela HBO Max e TNT Brasil, apresentado pelas cantoras Pabllo Vittar e Luísa Sonza. Com sua apresentação, ela levou também Minas Gerais ao exterior ao ser a única candidata do estado a participar do concurso, sendo também a única cantora de samba, na ocasião. Ao todo, o programa chegou a ser transmitido para mais de cinquenta países.

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Depois de um AVC, em setembro do ano passado, ela vem se recuperando e voltando com sua agenda de shows. No término de sua reabilitação veio a surpresa de ser reconhecida como cidadã benemérita. Um sentimento que ela definiu com responsabilidade. “Estar nesse lugar de ser a primeira drag queen cidadã benemérita de Juiz de Fora é muito importante. Eu vejo isso como representação, eu vejo isso daqui para frente. Eu espero que um dia, as gays novinhas que estão começando a querer se transformar agora, a gay preta, periférica, que não tem acesso à cultura, assim como eu fui, consiga me ver e, de alguma forma, se inspirar. Eu não espero abrir portas para mim. Eu espero abrir portas para outras pessoas”, diz Ravell.

Título reconhecido por lei

O projeto de Lei, nº 73/2022, foi apresentado no ano passado, com autoria da vereadora Cida Oliveira (PT). Desde o trâmite normal da apresentação do projeto até ele ser sancionado levou alguns meses. Agora, a sessão solene para entrega de um título que já está em vigor, vai se tornar ainda mais especial e (oficial).

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Segundo a vereadora autora desta lei, o momento é de satisfação. “É uma oportunidade que agarramos para ajudar a divulgar a arte drag feita em nossa cidade. Mas, para mim também tem um sentido especial saber que é um artista criado na periferia, no São Judas Tadeu. Saber que esse artista encontrou o caminho em meio à falta de oportunidades para um jovem negro viver da cultura. Por isso, a Beyoncé Ravell ser a primeira drag queen a receber o título de cidadã benemérita é apenas mais um passo para ela que já é protagonista. É também uma mostra, penso, de que na nossa cidade tem que ter espaço para todas as expressões artísticas, e para todo tipo de artista”, explica Cida.

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