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Cantor Imbapê troca taekwondo pela música e lança trabalho de estreia

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Cantor Imbapê busca uma fusão entre a música pop e a MPB clássica (Fotos: Marcella Calixto/Divulgação)
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O cantor e compositor Imbapê lançou na última sexta-feira (19) o single “Pisciano”, primeira música de seu futuro EP, “Bicho solto”, e que marca uma nova fase na carreira do ex-atleta de taekwondo Lucas Barbosa, que abandonou o esporte em 2018 para se dedicar à paixão pela música. No mesmo dia, o artista também lançou o videoclipe da canção, gravado no dia 1º em uma cachoeira do distrito de Monte Verde e no Espaço OAndarDeBaixo, com direção de Bruno Barbosa.
“Pisciano”, assim como as canções do futuro EP, foi gravada e produzida entre dezembro e janeiro na Casa Argo e Estúdio Sensorial Arte, em Juiz de Fora, com produção de Muxima e Imani, e sai pelo selo Sensorial Centro de Cultura. O trabalho chega depois de o artista passar cerca de dois anos se apresentando com o nome artístico de Barbosa, com o qual lançou o videoclipe “Sou de humanas”, além do projeto “Laje do Barbosa” e ter sido convidado para ser um dos vocalistas do grupo Muvuka. “Esse trabalho vem para marcar essa mudança”, afirma. “A minha carreira na música é recente. Fui criando meu espaço antes de lançar esse trabalho.”
De acordo com ele, a mudança de Barbosa para a “figura mística” de Imbapê acabou acontecendo no meio desse trajeto. “Eu vim para a fazenda onde estou agora, em Santo Antônio do Descoberto (GO), em agosto de 2020, e fiquei por quatro meses. Nesse período, fiz uma live e minha tia Bianca, que mora aqui, assistiu, veio conversar comigo e me deu de presente esse nome”, conta. “Ele vem do idioma zulu e significa ‘Leão’. No início estranhei, mas confio muito nela; quando disse que era um nome de força, vi que seria essencial para o trabalho. Com ele tenho a liberdade de criar um personagem da forma que achar bacana, e hoje não consigo imaginar outro nome que não esse.”

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Em busca dos sonhos antigos

A escolha da nova persona – após anos como atleta de taekwondo, tendo participado de competições internacionais – é vista pelo artista como um momento de libertação artística e realização de sonhos adiados por muitos anos. Segundo Imbapê, reconhecer-se enquanto artista – apesar de ter comprado seu primeiro violão ainda aos 16 anos – foi muito difícil.
“Entrei na luta por livre espontânea pressão dos meus pais. Eu fazia teatro e me colocaram na luta para aprender a me defender, essas ‘coisas de homem’ (risos). Fui me dando bem (no taekwondo) e ele foi muito importante pra mim, pois morei em outros estados e conheci quase todo o país”, diz. “Mas quando não é algo que queremos, a gente trava; ser atleta exige muito, e não estava mais focado.”
Imbapê reconhece que foi uma decisão difícil largar o esporte, mas tinha certeza que conseguiria investir na música ou teatro; como já tinha comprado o violão, a primeira estava mais latente para ele. Porém, como morava em Piracicaba (SP) na época de sua decisão, voltar para Juiz de Fora foi, definitivamente, começar do zero. “Não conhecia os músicos da cidade, não tinha referências, mas fui conhecendo pessoas que me abriram as portas e que hoje fazem parte do meu círculo de amizades e me ajudam muito.”

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Uma dessas pessoas importantes na vida do artista é a cantora e compositora Laura Jannuzzi, autora de “Pisciano” e coautora de outras duas músicas que entrarão no EP. “Eu digo que ela é a dona dos meus hits (risos). E uma artista excepcional, compositora que admiro muito e que valoriza nossa língua. Levar para o pop essa MPB mais clássica fica muito legal, e ter as letras dela nesse trabalho se torna fundamental pra ter esse peso e essa força.”
“Pisciano” foi composta por Laura durante o carnaval do ano passado e dada de presente para Imbapê, que resolveu usá-la como o primeiro passo na carreira de seu novo alter ego. “Eu me identifico muito com meu signo (Peixes), adoro astrologia, e acho que não há nada melhor que abrir um trabalho com algo que mostre para o público como sou, minhas intenções. E ‘Pisciano’ mostra bem isso”, argumenta.

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Influências da MPB e do pop

Além da força de Laura Jannuzzi, o single e o futuro EP têm, de acordo com Imbapê, influências de nomes como Elis Regina, Maria Betânia, Caetano Veloso, Elza Soares e Beyoncé. “Minha introdução na música foi ouvindo essa MPB clássica”, afirma. “Elis e Bethânia são as maiores intérpretes da MPB; e, como eu me vejo mais como intérprete, me identifico muito com elas. O Caetano é um grande compositor, e procuro levar essa influência na hora de compor. A Elza entra como uma força de resistência, ela me atinou para as possibilidades de mudança por meio da arte, e a Beyoncé é a artista mais completa do mundo. Para mim, essas pessoas são as melhores no que fazem, é o nível a que desejo chegar um dia.”
“A partir dessa mistura, a pessoa pode esperar do single e do meu EP muita dança, coreografia, música animada para dançar, mas com letras que não são alienadas”, prossegue. “A música pop tem também essa tarefa de tentar refletir os tempos que estamos vivendo. Não precisa ser uma música triste para refletir essa realidade que a gente vive.”

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Pop, mas não alienado

Por falar em tempos atuais, Imbapê diz que seu plano inicial era ter lançado “Pisciano” em fevereiro. “Seria durante o carnaval, com todo mundo de sunga e biquíni (risos), mas a situação em que vivemos não permitiu”, diz. “É uma sensação muito estranha lançar o single na situação em que estamos, em especial nesta semana, mas espero que sirva para aliviar essa agonia e tristeza que todos estão sentindo.”
Além de “Pisciano”, o cantor planeja lançar as demais faixas do futuro EP no mesmo formato, seguindo a tendência que muitos artistas seguem atualmente. “A estratégia foi pensando que ainda não tenho um público, pois é meu primeiro trabalho. Se lançar tudo de uma vez, correria o risco de algumas não serem ouvidas, e é importante o público poder assimilar a minha arte aos poucos”, justifica. “Mas agora tudo está indefinido. Queríamos estar com os singles no streaming até o meio do ano, mas vamos lançar de acordo com as possibilidades da pandemia, pois cada single terá um videoclipe e, para gravar os vídeos, é preciso mais pessoas na produção, e temos que trabalhar com segurança.”

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