Ícone do site Tribuna de Minas

Geísa Vidal lança seu primeiro livro de poesias

Geísa
“Na pandemia, escrever poesias veio para abrandar, com doçura, a secura e a dureza da escrita acadêmica”, afirma Geísa Vidal ( Foto: Julia Cherem Castilho/ Divulgação)
PUBLICIDADE

“Minha poesia é um trem noturno/ trilha túnel/ e calabouço de euforia.” Todas as respostas estão ali: escritas em um livro que é como uma autobiografia. Estrear como escritora é também rever o que se é e o que veio antes. Ao mesmo tempo, abrir os caminhos para aquilo que se pretende e amarra que é, afinal, escrever. Quando Geísa Vidal escreveu “Euforia” sabia que o poema sintetizava tudo o que está presente em seu livro de estreia, “Peregrina em voo noturno”, lançado pela editora Patuá, na Feira Literária de Paraty (Flip). E, agora, se prepara para novos caminhos.

Nascida em Rio Pomba, Geísa conta que a escrita sempre esteve ali, ao seu lado. Primeiro, em forma de diários nos quais escrevia o que havia de mais íntimo. “Mas eu joguei tudo fora”, comenta. Depois, já turismóloga formada e professora do Instituto Federal Sudeste, a escrita se apresentou acadêmica, sobretudo no processo de produção da sua tese de doutorado que trazia como tema principal o patrimônio ferroviário que existe em Santos Dumont.

PUBLICIDADE

“Na pandemia, escrever poesias veio para abrandar, com doçura, a secura e a dureza da escrita acadêmica.” Imersa em seu doutorado, Geísa encontrava as formas de se desprender do academicismo para dar vasão ao que havia de poético naquilo que sentia. E é interessante que, agora, livro e tese prontos, ela vê que, de alguma forma, a poesia e seu estudo sobre os trens vão ao encontro, independente do meio: tem poesia na tese; tem trem no livro.

PUBLICIDADE

Quando entendeu que queria, de fato, escrever um livro de poesias, Geísa, em um período em que os cursos on-line ganharam ainda mais espaço, se pôs a estudar essa ideia, entender o que era necessário para criar esse projeto e, principalmente, ler, cada vez mais. Em Manuel de Barros e em Adélia Prado, encontrou tantas semelhanças que entendeu que era mesmo aquilo: origem, a pequenez, o detalhe, o que há de mais bonito na ruralidade e que já estava engendrado em sua história.

Da noite

E foi nos silêncios noturnos que as poesias foram surgindo, como seu próprio poema fala, Geísa é noturna. E centenas de notas foram surgindo dando vazão a tudo o que passava por sua cabeça. “Enquanto todo mundo dorme, eu escrevo. Eu amo a noite. E é nessa hora que pego meu celular e vou escrevendo. De 300 notas que tenho, 260 são poesias”, confessa.

PUBLICIDADE

Vida em quatro partes

Geísa separou seus poemas em quatro partes, no livro. “Em ‘Revoada autorizada’ eu falo sobre mim menina, autorizando o voo. Já em ‘Turbulência e tormenta’ são os percalços da minha adolescência. Enquanto em ‘Climatério em voo rasante’ gira em torno das questões da mulher: a maternidade, o climatério, a menopausa. E, aí, em ‘Sobrevoando amores, marolas e mineiridades’ eu me debruço sobre a mineiridade e minhas memórias.”

Colocar-se em um livro inteiro nunca foi um problema para Geísa. Muito pelo contrário, é, para ela, uma forma de identificação, colocando como foco questões que abrangem várias mulheres em diferentes etapas da vida. “Eu nunca tive medo de alguém ler a minha história. Até porque ela é linda. Como eu falo, eu estou em cima do degrau da maturidade. E eu escrevo para empoderar, servindo de inspiração para outras mulheres. Eu acho que a voz feminina precisa ser escrita, falada e, além disso, eu trago comigo muitas outras mulheres e tem muita honra no livro. Eu carrego muita gente junto e tudo isso com coragem de se fazer o que quer.”

PUBLICIDADE

Mergulhar profundo de Geísa

No livro, como afirma, Geísa peregrina o que lhe é sagrado: sua própria história e suas pessoas, a quem ela dedica cada poema. E, já no título, “Peregrina em voo noturno”, ela deixa isso claro. Primeiro porque deixa registrado sua preferência pela noite. E traz ainda o falcão-peregrino, considerado um dos mais rápidos do mundo, com atividade noturna, que, com sua rapidez, passeia pelo mundo, mas volta para seu lugar.

Como turismóloga, Geísa também viaja como ofício e, nos lugares, encontra ainda mais os motivos para adorar sua mineiridade. E é esse um dos pontos em que suas duas profissões se encontram. Como escreve na poesia “Tour”: “Viajar:/ ato duplo de visitar distância/ mover-se para fora/ medir terras longínquas/ mergulhar profundo/ dentro de si/ tornar-se aquela/ andarilha/ e encantada com a vida/ sempre/ ir além”.

Ela ainda conta que “Peregrina em voo noturno”, sobretudo o último capítulo, foi como um spoiler do seu próximo livro, já em processo de escrita. Trata-se de uma obra composta por contos que falam sobre sua origem, a roça e suas memórias, em resumo, a mineiridade que abarca sua história. Deixando marcado o amor que sente pelo lugar de onde veio, com as questões do tempo e das mudanças.

PUBLICIDADE

Próximos lançamentos

Depois de lançá-lo em Paraty e em Juiz de Fora, Geísa já tem outras datas marcadas de lançamento: em 14 de março, em Rio Pomba, no Espaço Cultural e Biblioteca Municipal; em 10 de abril, em Santos Dumont, no Campus do IF Sudeste; e em 10 de maio, em São Paulo, na Livraria Patuscada. “Agora vou para onde peregrina me levar.”

Sair da versão mobile