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Prisca Agustoni vence Prêmio Cidade de Belo Horizonte

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Prisca Agustoni é suíça e este ano completa duas décadas vivendo no Brasil (Foto: Fernando Priamo)
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Prisca Agustoni é suíça e, neste ano, completa 20 anos morando no Brasil. Neste tempo, virou professora adjunta da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), no Departamento de Letras, e publicou “O mundo mutilado”, “O colecionador de pedras” e “O mundo começa na cabeça”. Com o inédito “O gosto amargo dos metais”, se inscreveu pela primeira vez no Prêmio Cidade de Belo Horizonte e venceu. A obra, independentemente disso, já era considerada pela autora como um ponto de virada em sua escrita.
Os crimes ambientais de Mariana, em 2015, e de Brumadinho, em 2019, a impactaram muito, e levaram Prisca para uma escrita que abordava esses desastres nos poemas, em um “quase ato de denúncia poética”. Ela começou a escrever primeiro em italiano, porque recebeu em 2014 uma bolsa de criação literária do Governo suíço com longa duração, que foi aplicada no projeto dois anos depois. “Sempre tento transpor os meus projetos para outra língua. Às vezes isso é imediato, outras vezes é um pouco posterior, como nesse caso, em que eu comecei a versão em português em 2018.”
A autora diz sentir-se honrada com o Prêmio Cidade de Belo Horizonte por esse livro, principalmente por ter sido dedicado a algo que Minas Gerais estava – e ainda está – vivendo. E Prisca reconhece nele uma maturidade maior em relação às suas outras obras. A versão italiana sai em março, e o livro em português já está em processo de organização com a Editora 7Letras. A previsão é que saia ainda esse ano.

Escrevendo e reescrevendo
Traduzir uma obra nunca é apenas trocar palavras pelas suas correspondentes diretas – é olhar para o sentido da obra como um todo. Durante esse processo, Prisca conta que fazer o trabalho de tradução desse livro foi como reescrevê-lo, porque nele existiam construções e formas de narrar que não funcionavam em italiano, mas em português sim.
O italiano é sua língua materna, como ela começou a escrever literatura. A convivência com várias línguas foi parte de sua formação, mesmo dentro de casa com os vários dialetos do italiano. “Aos poucos, foi ficando muito natural essa convivência acadêmica e afetiva com essas línguas. A escrita é meu instrumento de vida mais importante, e também foi se adequando a isso, assumindo suas várias faces. Me sinto tão à vontade em português quanto em italiano ou francês”, ela conta.
Esse contato com várias línguas e culturas, no entanto, poderia ter sido um desafio até mesmo para publicação. Mas já faz totalmente parte do seu processo de criação. “Você não se enraíza em nenhum lugar. Você é plural, mas também é um pouco difícil de encaixar. Com o passar do tempo, fui tratando isso com normalidade.” Ela gosta de ver isso como uma vantagem, e diz que sempre fala para amigos e familiares que se sente sempre “com mais janelas em casa”.

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