Entrevistar um Power Ranger não é tarefa fácil. Ao chegar ao local marcado para a entrevista, em um café no Centro, ele se desculpa pela demora: “Atrasei porque muita gente me parava para tirar fotos no caminho”. No período de quase duas horas em que a Tribuna acompanhou o Ranger Verde pelas ruas de Juiz de Fora, foram dezenas de pedidos de fotos com o personagem que fez sucesso na TV nos anos 1990. Alguém que cobre o corpo com uma fantasia do Power Ranger e sai por aí, pela rua, interagindo com as pessoas, sem dúvidas chama a atenção.
O estudante juiz-forano que vem fazendo sucesso nas redes sociais é, de fato, uma daquelas “figuraças”. Mas por trás da máscara verde existe alguém que, como seu personagem, só quer fazer o bem. Pelo menos é o que garante o responsável por isso tudo, um jovem de 20 anos, que divide a casa com os pais e uma irmã na Zona Norte de Juiz de Fora e estuda sistemas de informação no IFSudeste. Como todo bom super-herói, ele não revela totalmente sua identidade, mas decidiu mostrar um pouco seu lado humano: “Às vezes acham que eu sou doido, maluco, que quero fazer farra e bagunça. Mas sou sério, faço faculdade e alguns trabalhos”.
O que começou como brincadeira, hoje já virou negócio. Em pouco menos de dois meses, o Ranger Verde já é requisitado para divulgação de lojas, aparições em festas de aniversário de crianças e adultos e até casamento, em que cobra R$ 200 por uma hora de presença VIP . Para o carnaval, organiza seu próprio bloco de rua, com direito a carro de som e abadá, em Bom Jardim de Minas, sua cidade natal. Sobre o futuro? “Ainda não está planejado. Espero que o Ranger Verde se torne algo maior do que é hoje.”
O “algo maior” inclui projetos sociais, como visita a hospitais e a crianças que não têm a chance de vê-lo pelas ruas ou nas festas. “Ainda não apareceu essa oportunidade”, diz. “Nada melhor do que ver uma criança sorrindo. Quando eu era criança, sempre quis ver um Power Ranger.”
Se o futuro ainda está incerto, o passado recente que levou o Ranger Verde ao estrelato local está bem fresco na memória do jovem. A primeira vez que vestiu a armadura em público foi em setembro último, durante a Circus, festa a fantasia tradicional na cidade. “A intenção inicial era deixar guardada para coleção. Mas, na semana seguinte à festa, meus amigos me incentivaram a sair na rua e até ir para a faculdade.” Já nas primeiras aparições, ainda de forma despretensiosa, foi abordado por pessoas interessadas em contratá-lo para eventos. E foi aí que ele percebeu que a fantasia verde e uma performance engraçada poderiam render dinheiro.
Fama na rede
As redes sociais ajudaram a popularizar sua ousada missão de “defender Juiz de Fora”. Após sua foto fazendo compras de Natal ser compartilhada na página do “Juiz de Fora da Depressão” no Facebook, o Ranger Verde se tornou mais conhecido entre os internautas. A fama aumentou depois que o jovem sofreu um acidente de carro enquanto voltava de outra festa a fantasia, na cidade de Astolfo Dutra. Vestido de Power Ranger, ele saiu do carro batido, sem ferimentos. A cena inusitada chamou a atenção de uma testemunha, que fotografou o momento e logo compartilhou a imagem nas rede sociais com a legenda: “Power Ranger acabou de bater seu Megazord”.
Hoje sua página no Facebook tem quase quatro mil curtidas. No Instagram (@rangerverdejf), em pouco mais de uma semana, acumula duas centenas de seguidores. Para o Ranger Verde, os principais vilões de Juiz de Fora são os bandidos e as pessoas que depredam o patrimônio público. “Minha missão é, inicialmente, salvar Juiz de Fora, livrá-la do crime e dos monstros que a atacam.”