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Conheça Juh Santos, juiz-forana vencedora do Slam Interescolar Nacional

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Por trás dos versos que a jovem Júlia Santos, de apenas 14 anos, recita está o desejo de modificar o que está posto. Um inconformismo próprio dos jovens e dos poetas que aciona a engrenagem da transformação do mundo. “O sistema é um monstro que se mata por dentro”, reconhece a menina que assina Juh Santos e foi a grande vencedora do Slam Interescolar Nacional de 2020 na categoria ensino fundamental. Aluna do oitavo ano da Escola Estadual Francisco Bernardino, no Manoel Honório, Júlia participou do evento no último domingo (13), em live no YouTube realizada pelo Slam da Guilhermina, um dos mais prestigiados do país, com sede em São Paulo.

Bastante tímida, a jovem diz ter começado a escrever no ano passado, tendo sido apresentada ao universo do slam pelo professor de artes Cláudio Melo. Entre os temas de seu interesse estão questões de fundo emocionais, como a ansiedade e a depressão. “Umas pessoas da minha família sofrem com isso, por isso gosto de retratar”, diz. Também escreve sobre a violência contra a mulher. “Várias minas mortas, várias derrotas. E ninguém, de verdade, se importa”, recitou a poeta em sua terceira e última participação no slam que a consagrou, mantendo o título de melhor estudante slammer para Juiz de Fora. No ano passado, Júlia Medeiros, a Medusa, foi a vencedora.

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Júlia Santos mora no Bairro Nossa Senhora Aparecida e estuda na EE Francisco Bernardino
Crédito: Bárbara Landim

Juh Santos passa, então, a compor uma efervescente e produtiva cena de slam local, reconhecido no país e no mundo. Esta é a quarta vez que Juiz de Fora vence a disputa. Na categoria ensino médio, em 2018, foi a vez de Ícaro Renault e, em 2019, de Wandin. Muito dessas conquistas se deve ao produtor Eric Meireles, slam master das edições locais e estadual, e presidente da Confraria dos Poetas. Foi numa batalha promovida pela instituição no Museu do Crédito Real que Júlia fez sua estreia fora dos limites da escola.

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Sonho de ser psicóloga

Júlia Santos mora no Bairro Nossa Senhora Aparecida, com a mãe, aposentada; o padrasto, funcionário de um supermercado; e um tio, pedreiro. Os pais são separados, e ela é a segunda de três filhos. Em casa ninguém foi infectado pelo coronavírus, mas o pai, que não vê há algum tempo, foi infectado e se curou. O ano, diz a jovem, tem sido muito difícil. “Tem exigido muita criatividade”, aponta. E um tanto de fôlego, também, parece querer dizer. “Não espero nada para 2021. Imaginava que 2020 fosse ser melhor e caiu essa pandemia no meu colo. Agora não crio expectativa”, afirma, entre o realismo e o desalento.

Ainda que lhe faltem mais quatro anos até que precise escolher um curso universitário, Júlia conta se interessar por psicologia. “Meu sonho mesmo é mostrar para as pessoas meus versos e poder ajudá-las”, aponta, para em seguida esclarecer seu objetivo que vai do micro ao macro. Aos 14 anos, a menina quer modificar primeiro o universo mais próximo, da própria sala. A vitória no Slam Interescolar Nacional foi um grande passo nessa direção, reconhece. “Mostrou que tenho mais uma capacidade de mostrar para o mundo meus versos.”

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