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Faculdade de Comunicação debate importância de cineclubes

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Em sua 17ª edição, o Encontro Regional de Comunicação (Erecom), realizado pela Faculdade de Comunicação (Facom) da UFJF, iniciado na última terça (18), tem o tema “O Audiovisual no/do Século XXI”, abordando principalmente as produções televisivas e cinematográficas no contexto atual. “A gente tentou trazer para o evento mais inquietações do que respostas, uma discussão sobre comunicação mais contemporânea que abarcasse as questões pertinentes”, ressaltou a diretora da Facom, Marise Mendes, lembrando que a Facom agora possui dois cursos, o de Jornalismo e o de Rádio, TV e Internet, e que o evento é gratuito e aberto ao público, a não ser pelas oficinas. “É algo que a gente tem muito orgulho. Inicialmente era para ser itinerante – para que o evento fosse circulando por outras instituições públicas e privadas da região. Mas acabou que, devido a diversos fatores, apenas a Facom teve condições de dar continuidade à iniciativa”, comenta.

Encontro Regional de Comunicação reúne diversas mesas que debatem o audiovisual no século XXI

Ao longo de seus três dias, o Erecom tem uma programação com palestras, mesas temáticas, grupos de estudo, oficinas e apresentações de trabalhos acadêmicos. Uma das atrações do último dia de evento, nesta quinta-feira (21), é a mesa temática Cineclubismo e Sociabilidades, que será realizada às 15h, com a participação das professoras Daniela Auad (UFJF), Erika Savernini (UFJF), Alessandra Brum (UFJF), Dina Pereira (coordenadora da Rede Kino MG) e Rita Quadros (fundadora do Cine Sapatão SP). Encerrando o Encontro, a professora Lorena Tárcia (UniBH/UFMG) ministrará a palestra “Os Audiovisuais possíveis no/do Século XXI: Experiências de educação transmídia em Timor-Leste e Moçambique”, às 19h.

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O encontro, apesar de ter um perfil acadêmico, busca também valorizar experiências e trajetórias que não necessariamente vêm da academia, promovendo um rico e urgente diálogo. É o que acontece na mesa Cineclubismo e Sociabilidades, por exemplo, que além de ser composta pelas professoras da UFJF, terá a participação de Dina Pereira da Rede Kino, instituição que busca compartilhar experiências e somar esforços para articular cinema e educação; e Rita Quadros, uma das fundadoras do vanguardista Cine Sapatão, criado em São Paulo (SP) , além de ser uma das idealizadoras da Parada LGBTQUIA+ de São Paulo, um dos maiores eventos do mundo. Em entrevista à Tribuna, Rita fala sobre a importância dos cineclubes, o trabalho do Cine Sapatão e sobre a urgência em se criar cada vez mais espaços de reflexão e discussão.

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Rita Quadros: “Hoje o desafio das paradas é de barrar retrocessos, se politizar cada vez mais”

Tribuna – Qual é a importância do cineclubismo enquanto espaço de sociabilidade?
Rita Quadros – O cineclube cumpre diversos papéis: tanto o de poder discutir e dar acesso de maneira inclusiva a determinados tipos de produção e temas que não chegam ao mainstream quanto – e isso é uma das características mais marcantes dos cineclubes – dar visibilidade a estas produções, que não têm espaço no eixo comercial. Trabalhamos muito com o cinema nacional, por exemplo, garantindo acesso às obras que dialogam com nossa proposta, dando visibilidade e democratizando. O cineclube é altamente revolucionário.

Como funciona o Cine Sapatão?
As exibições ocorrem uma vez por mês, e procuramos dialogar com o calendário político mais geral. Neste mês, por exemplo, exibimos três curtas-metragens que dialogam com questão da negritude, a lesbianidade negra, em menção ao mês da Consciência Negra. A repercussão tem sido muito positiva. Geralmente temos uma média de 30 pessoas nas exibições, mas vemos que há, claro, as que sempre aparecem, mas uma rotatividade bem relevante de público o que mostra que estamos conseguindo falar sobre a lesbianidade de uma maneira transversal, atingindo pessoas diferentes. Em eventos como mostras, nosso púbico chega a ultrapassar cem pessoas, e recentemente nos demos conta de que já falamos para mais de mil mulheres. É muita coisa.

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Qual é o papel de espaços como o cineclube em um momento em que peças e filmes vêm sendo censuradas, sobretudo os que têm temática relacionada a gênero e sexualidade?
A principal é a de resistência, de ser um espaço onde as pessoas ainda possam assistir a vídeos e usar audiovisual como instrumento de reflexo e reflexão da sociedade.

Você foi organizadora da parada LGBTQIA+ de SP em suas primeiras edições. Hoje o movimento é um dos maiores do mundo. Qual a importância da parada neste momento?
O movimento vai se transformando. Em 1997, realizamos a primeira, que teve como uma das grandes marcas a discussão sobre o projeto de lei que versava sobre o direito de união estável – já nesta época – e outra, importantíssima, era a proposta de ocupar as ruas à luz do dia. Naquele momento, a presença das homossexualidades eram relegadas à noite, à escuridão. Queríamos ir para a luz do dia. E fomos. Hoje o desafio das paradas é de barrar retrocessos, se politizar cada vez mais. Usar essa característica de ser uma grande festa para cumprir um papel político efetivo de resistir e garantir que nenhum direito seja perdido.

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Qual e importância de discutir o poder do cineclubismo num evento como o Erecom?
Espero poder contribuir com o diálogo que o encontro abre entre a academia e as experiências. Minha participação não é a de quem faz uma reflexão teórica, mas de poder compartilhar o que as experiências de realizar o Cine Sapatão e com o cineclube de uma maneira mais ampla podem causar na vida das pessoas, seja do ponto de vista estético ou o da possibilidade de refletir sobre questões.

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