Ainda que as restrições sanitárias tenham imposto ao Rainbow Fest e ao Miss Brasil Gay um hiato em 2020, os organizadores redesenharam o formato dos festivais para celebrar a vida. De quem está, mas também de quem já foi. O Rainbow Fest e o Miss Brasil Gay coordenam em conjunto uma edição especial com programação híbrida desde a última quarta-feira (18), com rodas de conversa. Entretanto, os festivais Rainbow Fest e Miss Brasil Gay acontecerão mesmo entre esta sexta e o domingo (22). Os eventos serão transmitidos pelo canal do Miss Brasil Gay Oficial. Além de reafirmar a retomada dos eventos, a edição será em memória do ativista LGBTQIA+ Marco Trajano. Um dos idealizadores do Rainbow Fest e fundadores do Movimento Gay de Minas (MGM), Trajano morreu em 17 de julho devido a complicações da Covid-19.
A programação do Rainbow Fest foi distribuída entre sexta e sábado, a partir das 20h. A direção artística é assinada por Tiago Capuzzo, o TITIago. “Além de escrever o roteiro, escolhi as apresentações e performances como diretor artístico, apresentarei o evento e ainda farei um show. Foi uma responsabilidade imensa. É muita coisa, estou louca nesta semana”, brinca. TITIago apresentará o Rainbow Fest ao lado da atriz, humorista e drag queen Nayla Brizard nos dois dias. A condução do evento será a única parte ao vivo. “Todas as apresentações e os shows foram gravados. Vamos fazer as chamadas para as performances ao vivo, mas as apresentações entrarão já gravadas.”
Conforme TITIago, os shows foram gravados em 8 de agosto no estúdio Case 1 Produções, em Juiz de Fora. “As atrações de sexta-feira a domingo foram gravadas para que não houvesse aglomeração no estúdio durante o evento. A gente fez uma gravação de 20 minutos para cada apresentação. Cumprimos todas as medidas de proteção contra a Covid-19”, afirma. “No final de cada apresentação, ainda fizemos uma entrevista, um bate-bola com cada convidado.” Nesta sexta, o Rainbow Fest será aberto pelo DJ Fábio Carvalho. Em seguida, se apresentarão Ursula Scavollini, Theus.Vox, Júlia Medeiros e DJ Mari Souza. No sábado, a programação terá DJ Rangers e Wandera Jones, além das apresentações de TITIago e Nayla – ao contrário das demais, as performances dos apresentadores serão as únicas ao vivo, mas também no Case 1, de onde o Rainbow será transmitido.
Parada Gay
TITIago voltará ainda no domingo para complementar a programação a partir da Parada Gay Virtual. O evento será inspirado na Parada LGBTQIA+ Virtual de Juiz de Fora conduzida pelo próprio rei/rainha do Orgulho Gay de Juiz de Fora no último ano. A Parada Gay, inclusive, terá plateia virtual. “Quem quiser participar, vai poder participar pelo Zoom. As pessoas vão apontar o celular para o QR Code na tela e entra na sala. Eu, então, vou ver as pessoas no telão (do estúdio). Durante os intervalos das apresentações, as pessoas vão participar conosco.” Assim como o Rainbow Fest, todas as apresentações já foram gravadas. O elenco de artistas tem DJ Coldhans, Bruno Narciso, Daniella Carraro, Drag Joane, Rayanne Ravell, Grupo de Dança Revolution, Uiara Cardinally, Wandera Jones e DJ Jee Am.
‘A cereja do bolo’
A relação de artistas de sábado será menor justamente para a exibição do Miss Brasil Gay a partir das 21h. O evento será apresentado pelo anfitrião do reality show do canal E! “Drag me as a queen”, Ikaro Kadoshi, e pela Miss Brasil Gay 2013, Sheila Veríssimo. O diretor artístico do Miss Brasil Gay, André Pavam, explica que todo o evento foi gravado. “Gravamos os shows e as chamadas em dois dias na Blue Space, em São Paulo, que é a maior casa de espetáculos LGTBQIA+ do Brasil, senão da América Latina. O evento terá uma hora e 16 minutos”, detalha. Mas o próprio Pavam dirigiu o festival de Juiz de Fora. “Nunca tinha trabalhado assim. Sempre trabalhei ao vivo, tanto no Miss Brasil Gay quanto em desfiles de moda. Dirigi daqui pra São Paulo. Eu aparecia em um telão. Era um artista a cada três horas”, brinca.
Embora celebre a 40ª edição, bem como 45 anos de história, o Miss Brasil Gay não terá ainda o concurso de misses, conforme Pavam. “O concurso seria completamente inviável”, explica Pavam. “É importante que as candidatas tenham a presença do público, sintam o calor da torcida. Isso tudo influencia, inclusive, no resultado. Um dos quesitos que julgamos, por exemplo, é a empatia com o público. Só funciona ao vivo.” Logo, o reinado da Miss Brasil Gay 2019, Antônia Gutierrez, será estendido até 2022, quando o concurso deve voltar. “De qualquer maneira, é muito importante fazermos uma edição do Miss Brasil Gay para manter vivo o sonho, para que no ano que vem voltemos presencialmente.”
Antônia, inclusive, estará presente nesta edição. O especial reunirá a miss e outras cinco eleitas durante a história do Miss Brasil Gay: Michelly X, eleita em 2000; Lizandra Brunelli, em 2008; Ava Simões, em 2009; a própria apresentadora Sheila Veríssimo, em 2013; e Guiga Barbieri, em 2017. “Não dá para chamar todas, até porque estamos no meio de uma pandemia”, pontua Pavam. “Das seis, quatro moram em São Paulo, o que facilitou a logística. Não daria para deslocar todas as misses para a Blue Space. Tudo isso tem que ser pesado.” Além das misses, as apresentações ficarão a cargo de Ikaro e também do bailarino do Balé da Cidade de São Paulo, do Grupo Corpo e da São Paulo Companhia de Dança Uatila Coutinho.
Mas o Miss Brasil Gay ainda mantém guardado a sete chaves um segredo para o público. O nome da madrinha da edição especial será revelado apenas neste sábado. “É a cereja do bolo”, diz Pavam. “A nossa madrinha é um nome de relevância nacional e internacional. Inclusive, quando a convidamos, ela nos perguntou porque ainda não tinha sido convidada (risos). Ela mandou um vídeo dizendo que, neste ano, estará presente virtualmente, mas que, no ano que vem, quer estar presencialmente.”