Antes de falar a respeito de “Transformers: O Último Cavaleiro”, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, é preciso lembrar o quão traumatizante pode ser a experiência de assistir a uma produção da franquia comandada por Michael Bay desde 2007, quando o primeiro “Transformers” foi lançado. Se o longa que deu origem à série já apresentava as marcas características do “cineasta” (aspas minhas) como cenas de ação a cada 30 segundos, explosões mil, pirotecnias às dúzias, roteiro risível e som no último volume, entre outros, “A vingança dos derrotados”, de 2009, talvez tenha sido a experiência mais traumática da minha vida quando o assunto é sétima arte. Era tanto tiro, tanta explosão, gritaria, ação sem pausa pra respirar, câmera frenética e dezenas de robôs saindo no tapa (houve quem definisse a produção como “um estupro coletivo cometido por robôs”) que a dor de cabeça chegou lá pela metade do filme e não fez questão de ir embora. Saí da sala de exibição exausto, pedindo por silêncio absoluto, paz e isolamento total.
E também com uma certeza: eu odiava Michael Bay. Odiava. Ainda odeio. Porque o cinema que ele faz, se é que pode ser chamado assim, é insuportável. Porque não tem história. Tudo ultrapassa os limites do inverossímil, os roteiros são absurdos, rasos, é tudo explosão e efeitos especiais e correria e som no talo para o espectador ficar perturbado e não perceber o quanto o que está na tela é ruim. Ele é o culpado por filmes como “Armageddon”, “A Rocha” e “Pearl Harbour”, mas quis o destino que o público gostasse dos absurdos robóticos cometidos pelo norte-americano, que renderam bilhões de dólares para a Paramount nos quatro longas que antecederam a “O Último Cavaleiro”. Para não dizer que tudo que ele faz é odioso, Michael Bay sabe comandar cenas de ação, tem o domínio do ofício, mas o problema é que ele exagera, sempre. Cada sequência é mais gigantesca que a outra, mais ensurdecedora, intensa, longa, e não te dá chance de respirar. Cansa, faz o destruction porn de “Homem de Aço” parecer um passeio no parque.
Desabafo feito, vamos à história, que se passa três anos após os eventos de “A Era da Destruição” e cria uma nova e inacreditável mitologia para os Transformers. Os robôs gigantes passaram os últimos anos escondidos dos humanos, que cansaram de ver o planeta usado como quintal de destruição de Autobots e Decepticons e criaram um força de ataque com o objetivo de destruir todos os Transformers. Enquanto tenta sobreviver, Bumblebee e Cade Yeager (Mark Wahlberg) são levados até a Inglaterra, onde conhecem o lorde Edmund Burton (Anthony Hopkins) e a última descendente viva do mago Merlin (!), Vivien Wembly (Laura Haddock). A dupla descobre então que os Transformers estão na Terra há milhões de anos e que eles ajudaram o Rei Arthur (!!) a derrotar os saxões, entre outras aparições durante os séculos (!!!). Burton explica que eles precisam ajudar Wembly a encontrar os robôs da Era Arturiana (os Cavaleiros Cibertornianos) para impedir a destruição do planeta.
E Optimus Prime? O líder dos Autobots terá participação importante na trama: em sua busca pelos criadores dos Transformers, ele encontra Quintessa, que diz ser a criadora de toda a raça de autômatos. E a criatura está cheia dos planos, que incluem drenar toda a energia da Terra para que Cybertron possa voltar ao poderio de antigamente. Para isso, ele domina a mente de Optimus a fim de que ele a auxilie a alcançar seus objetivos, enquanto o planeta dos Transformers se aproxima perigosamente do nosso. Ao mesmo tempo, a força criada para destruir os robôs se alia a Megatron e alguns Decepticons acreditando que poderá contar com ele para erradicar de vez os Transformers, mas digamos que confiar em Megatron é o mesmo que entregar um galinheiro aos cuidados de uma raposa.
Em baixa nos EUA, com tudo na China
Com um orçamento que ultrapassou os US$ 200 milhões, “Transformers: O Último Cavaleiro” já ultrapassou os US$ 500 milhões de bilheteria desde que foi lançado em junho nos Estados Unidos e outros países. Apesar do valor expressivo, o longa conseguiu um resultado tão positivo graças ao mercado chinês, onde obteve US$ 226 milhões até o último dia 16; nos Estados Unidos, porém, foram apenas US$ 124 milhões em pouco mais de três semanas de exibição. A previsão é que o quinto filme da franquia seja o de menor bilheteria no país, que seria remediada pelo desempenho no exterior.
Com isso, a Paramount não tem o que reclamar de Michael Bay. Apesar de ser considerado o pior filme da série pela crítica – que sempre foi impiedosa com a franquia -, com alguns jornalistas colocando o longa como “um sofrimento”, “sem sentido”, “causador de danos em células cerebrais” e outros “elogios” do mesmo calibre, o estúdio vai continuar feliz enquanto as verdinhas mantiverem o fluxo na boca do caixa. Michael Bay declarou que este será o último filme dos Transformers com seu nome na direção, mas… ele disse o mesmo na época do lançamento de “A era da extinção”. E, mesmo que não seja o diretor, ele está mais que confirmado como o produtor responsável pelos próximos filmes.
Vai ser difícil um final feliz para os Transformers.
Transformers: O Último Cavaleiro
UCI 1 (dub): 22:20. UCI 2 (3D/dub): 13:00, 19:00. UCI 2 (3D/leg): 16:00, 22:00. UCI 5 (leg): 21:10. Cinemais Alameda 5 (3D/dub): 15:00, 18:40. Cinemais Alameda 5 (3D/leg): 21:40. Cinemais Jardim Norte 4 (3D/dub): 15:00, 21:40. Cinemais Jardim Norte 4 (3D/leg): 18:40. Cinemais Jardim Norte 5 (dub): 16:00. Santa Cruz 1 (dub): 15:00, 18:00, 20:45.
Classificação: 12 anos