Tá, e daí?!, poderiam questionar. O que faz essa mulher tão atraente aos olhos dos internautas? O que a faz conquistar mais de 10 milhões de visualizações no YouTube, mais de 30 mil seguidores no Instagram, mais de 40 mil no Twitter e mais de 100 mil leituras por mês em seu blog? Compartilhar é, também, ensinar. E Ana de Cesaro não somente se expõe como envia mensagens. “Recuso-me a fazer um vídeo falando mal dos outros ou ridicularizando causas ou a minha família”, diz ela, em entrevista por e-mail à Tribuna. “Acredito que o mal já é uma força grande demais, por isso precisamos incentivar o bem.”
Tribuna – Em algum momento sua exposição na rede lhe causou desconforto?
Ana de Cesaro – Muitas vezes. Expor minha vida da forma como faço, (há 5 anos e com tantos detalhes) é lidar constantemente com o desconforto de ter pessoas julgando cada passo que dou, se engordo ou emagreço, onde vou ou o que faço. Porém, é o ônus do bônus. Com o tempo aprendi a filtrar esse tipo de desconforto e hoje em dia não me incomodo tanto.
– Assim como sua vida está exposta na rede, a vida de muitos e muitas outras também está. O que te atrai nessas histórias? O que considera ser atraente em sua trajetória?
– Sei que as pessoas se atraem pela minha história por causa da identificação que têm comigo. Elas se veem em mim, nos meus problemas, nas minhas lutas e vitórias. Sabem que não estão sozinhas nas coisas que fazem e que há aquela menina no YouTube que fala muitas das coisas que eles queriam falar. Por outro lado, conforme fui entrando mais a fundo na internet e me tornei uma influenciadora e criadora de conteúdo, mais me afastei da experiência de usuária. Então, consumo muito pouco da vida de outras pessoas.
– Como é seu envolvimento com a internet? Passa muito tempo?
– Muito. Muito mesmo. Eu trabalho com a internet, me informo pela internet, me relaciono pela internet, eu vivo a internet. Às vezes eu tento desligar um pouco, passar uns dias longe do celular e me focar em me conectar com a natureza, com minha família e esquecer um pouco do trabalho, mas em geral a internet faz parte de mim.
– A internet é como um diário para você?
– Com certeza! É o meu registro de vida.
– O que te desperta o desejo de gravar um vídeo? Tudo pode ser um tema?
– Exatamente tudo pode ser um tema, mas eu tento manter o clima do meu canal mais positivo. Gosto de falar de coisas boas, espalhar amor e carinho para o meu público e incentivá-lo a fazer o mesmo. Eu, Ana Maria, me recuso a fazer um vídeo falando mal dos outros ou ridicularizando causas ou a minha família. Acredito que o mal já é uma força grande demais, por isso precisamos incentivar o bem.
– Você é um dos maiores nomes da internet brasileira. Essa é linguagem da sua geração?
– A linguagem da minha geração é a interatividade, a resposta rápida ao conteúdo. Hoje em dia sabemos em segundos se o que fizemos deu certo ou não. Tanto no youtube quanto em qualquer outra rede social. As marcas têm que entender que o foco agora é aproximação e interatividade com o consumidor.
– Se o YouTube é a nova TV e você é uma estrela como a que nós acostumamos a ver em programas televisivos, o que diferencia essas duas realidades? O que te diferencia dos astros de TV?
– A conta bancária, com certeza (hahaha). Brincadeiras à parte, o que me diferencia é justamente essa aproximação e identificação com o público. Eles sabem de tudo que faço, me veem sem maquiagem ou produção, me veem acordando, dormindo, chorando, sorrindo. Eles conhecem a Ana real, sem nenhum tipo de máscara que a TV pode colocar.
– Há um trabalho de atriz por trás de seus vídeos?
– Nenhum. Às vezes eu preparo o vídeo antes e tenho todas as palavras escritas, inclusive com as inflexões vocais e movimentações do vídeo, porém em nenhum momento o que acontece no vídeo é vivido por uma personagem. O meu canal é 100% eu.
– Como foi escrever um livro? Qual a importância da palavra escrita no seu ofício?
– Foi um processo longo e de muito aprendizado. Sempre fui apaixonada por literatura, mas não sabia se tinha o talento para a escrita. Conforme fui crescendo na internet, escrevendo vídeos e textos para o blog, percebi que era algo que fazia parte de mim e que um livro seria um sonho possível de realizar. De fato o realizei e lancei o livro no momento que comemorei 5 anos de carreira. Escrever é uma forma diferente de me conectar com as minhas ideias, escrever o vídeo antes de gravá-lo facilita o processo de gravação e dá mais clareza na mensagem que quero passar.