Belo Horizonte – Que tal estar frente a frente com Buda, Goethe, Platão, Leonardo Da Vinci ou o arquiteto Oscar Niemeyer? Considera impossível? Cortinas e carpetes vermelhos nas paredes, além de luz intimista, dão o clima favorável ao encontro que se realiza em um pequeno compartimento individual, intitulado Sala dos Profetas. A atração é oferecida pelo Museu das Telecomunicações, sediado no Espaço Oi Futuro, em Belo Horizonte. Sentado numa poltrona, o visitante aciona um comando para escolher uma personalidade que terá seu rosto, ou melhor, o rosto de um ator projetado numa tela com efeito 3D. No caso do líder espiritual budista, quem surge no vídeo é Rodrigo Santoro. Há quem diga que não reconheceu o intérprete, tamanha a caracterização. Se procedo o mal, eu sofro as consequências. Se procedo o bem, eu mesmo me purifico, reproduziu Santoro. De todos os profetas que tinham uma visão futurista da humanidade, o único que não foi interpretado por um ator é Niemeyer.
Inaugurado em 2007, o Museu das Telecomunicações reabriu suas portas em fevereiro de 2013 com o objetivo de oferecer ainda mais interatividade na forma de apresentar a história da comunicação humana no Brasil e no mundo. Munido de um dispositivo com fone e laser (pickup), o visitante tem a chance de passear, virtualmente, por endereços de mineiros ilustres, como o bailarino Klauss Vianna e os escritores Pedro Nava e Carlos Drummond de Andrade. Em uma tela de computador, a foto de um dos filhos das Gerais é exibida acompanhada de um mapa onde consta o local de sua residência. Decidiu passar para a próxima exposição? Basta apontar o pequeno aparelho para a palma da mão. Na vozes da história, o procedimento é o mesmo. Você pode escolher se quer ouvir Betinho, Cazuza, Clarice Lispector, Santos Dumont, Nelson Rodrigues, entre outros.
Continuando a percorrer os 400m², no espaço destinado à telefonia pública, os antigos orelhões são expostos, acompanhados de informações exibidas em tablets. O destaque vai para o modelo de 1930, acionado através de uma manivela. Aqui a tecnologia é meio e mensagem. Brinco que a gente usa uma tecnologia que a criança conhece para falar de uma que ela não conhece, comenta Roberto Guimarães, diretor de cultura do local, destacando a Linha do tempo digital. Através de um monitor ativado por gestos é possível acompanhar a evolução da comunicação a distância desde a adoção dos sinais de fumaça.
Para quem já nem se lembra mais como era o design do primeiro telefone móvel, em a História dos celulares, o que chama atenção é que as peças são exibidas atrás de um vidro espelhado, depois que o seu movimento é captado por um Kinect – dispositivo usado em jogos eletrônicos. Em outro ambiente decorado com códigos binários refletidos em luzes azuis, as redes humanas são reveladas numa tela em formato de um globo. Conforme Mayra Lindoso, arte-educadora do museu, o acervo apresenta-se como uma ferramenta que leva à reflexão. O ponto principal é fazer as pessoas pensarem. A tecnologia é boa? É ruim? Os pequenos interagem mais, querem explorar tudo, tocar em tudo. Já os adultos são mais reprimidos. O museu fica aberto de terça a domingo, das 11h às 17h, com entrada gratuita. A visita guiada pode ser agendada pelo telefone (31) 3229-3131.
A repórter viajou a convite do Espaço Oi Futuro
Artes visuais e fotografia
Quem for conhecer o Museu das Telecomunicações até o dia 31 de março, ainda poderá apreciar duas exposições em cartaz no espaço cultural. Na Galeria de Artes Visuais, a mostra Artefatos do som, constituída de quatro instalações sonoras e um vídeo, concilia, segundo Marcos Moreira, um dos seus autores, conceitos aparentemente contrários: os processos mecânicos e autômatos com a indeterminação e o imprevisto na criação artística. Temos interesse no mínimo. É uma pré-disposição para contemplar os sons que estão por aí, que nos cercam. É como se fosse um concerto musical, conta o artista. Logo na entrada, tubos de vidros suspensos no ar, deixando cair gotas de água que disparam sons por meio digital, prendem a atenção do visitante. Tentamos fazer música sem a presença dos músicos. A visitação é de terça a sábado, das 11h às 21h, e domingo, das 11h às 19h.
A I mostra de fotojornalismo mineiro reúne trabalhos de 28 profissionais que atuam nos jornais Estado de Minas, Hoje em dia, Metro e O Tempo, na Galeria de Artes Gráficas e Fotojornalismo. Ao todo, 68 registros fazem uma retrospectiva do que foi publicado em 2012. Trata-se de uma oportunidade de refletir sobre o poder da imagem no jornalismo, sobre a capacidade do repórter fotográfico em perceber o acontecimento e traduzi-lo, com sensibilidade e senso informativo, em imagens, afirma o professor Eugênio Sávio, curador da exposição. De terça a domingo, das 10h às 18h.