Quando se pensa na arquitetura de Juiz de Fora, imediatamente é feita a associação a estilos passados, como o art déco. Visando a valorizar a arquitetura, o design e o paisagismo local da atualidade, a cidade abriga pela primeira vez, a partir desta sexta-feira, 18, o evento Casa Design, que surgiu em Niterói e busca valorizar as criações dos profissionais destas áreas. “Na prática, escolhemos uma casa e dividimos os espaços entre os profissionais, e cada um adapta aquele ambiente de acordo com sua linha de trabalho”, explica uma das sócias da iniciativa, Nívea Mello, destacando que a intenção é que o evento se consolide em Juiz de Fora. “Viemos para ficar. O Casa Design é um grande mostruário do que é e pode ser feito por arquitetos, designers e paisagistas de Juiz de Fora, e eles têm muito a mostrar”, avalia ela.
Na edição de estreia, o imóvel escolhido para as intervenções, que começaram no dia 22 de junho, fica no Bairro Aeroporto. O público tem acesso não apenas aos projetos prontos, mas também contato direto com os expositores. “Em cada cômodo, os visitantes podem questionar sobre o que veem, verificar possibilidades de substituição de materiais e estéticas, enfim, discutir o projeto amplamente. Além disso, ele tem acesso aos fornecedores e produtos utilizados pelos arquitetos e designers, e pode até mesmo contratar serviços durante sua visita”, observa Nívea, que destaca, ainda, o potencial econômico do evento. “Há a possibilidade de aquecimento de vários mercados locais: em primeiro lugar, os de arquitetura, design e paisagismo; e depois, os de revestimentos, materiais de construção, entre outros”, destaca ela.
Ao todo, o evento terá 14 expositores, que exibirão seu talento em 24 cômodos da casa, incluindo áreas externas. A Casa Design está localizada na Avenida Prefeito Mello Reis (subida para o Aeroporto), Condomínio Murilo Mendes 10, Bairro Aeroporto. A mostra é aberta ao público de quarta a sábado, das 14h às 22h, e domingo, das 11h às 20h. O valor do ingresso é R$ 26 (inteira).
Valorização do trabalho autoral
Para Hérmanes Abreu, responsável pela fachada da casa, o Casa Design é uma oportunidade singular para que os profissionais da cidade mostrem seu trabalho autoral. Segundo ele, a fachada da casa reflete sua trajetória profissional em diversos momentos. “Usei materiais que remetem a diferentes fases do meu trabalho. Usei o aço, que sempre foi uma marca do meu estilo de projetar; o concreto, material que era um hit dos anos 1980, quando me formei; e o vidro, próxima moda da arquitetura, nos anos 1990, quando estava a pleno vapor no mercado profissional”, destaca Hérmanes.
Ele explica, ainda, que buscou utilizar matérias-primas reaproveitáveis e se propôs a atender a outras premissas que ele mesmo estabeleceu. “A primeira foi a de não mexer na estrutura da casa. Isso é até uma forma de valorizar o que a arquitetura pode fazer por um espaço. E quis usar materiais que sobraram de outras obras, justamente porque a exposição é uma oportunidade de mostrar até onde a criatividade pode ir. Além disso, procurei usar os materiais na sua origem, sem revestimentos, eles possuem sua tonalidade natural”, destaca o profissional.
‘Nem todo mundo é bege’
Como Hérmanes, a arquiteta e paisagista Sumara Vilas Boas aproveitou o Casa Design para apresentar um trabalho conceitual nos cômodos em que projetou: a cozinha e a sala de almoço. “Esse evento é bacana porque atende a diferentes públicos e serve para mostrar que, ao contrário do que se pensa, existe, sim, design e arquitetura para todos os gostos e bolsos”, defende a profissional, que acabou de se mudar para Juiz de Fora, vindo da Bahia. “Para mim, também vai ser uma oportunidade interessante de mostrar meu trabalho”, diz a arquiteta.
Sumara ressalta que a cozinha é completamente conceitual e cosmopolita, com cores fortes e materiais inusitados. “As pessoas têm medo de ousar com cor e ficam em paletas de beges e nudes. Nem todo mundo é bege! Há pessoas amarelas, vermelhas e azuis (risos). E a casa delas deve refletir isso. Então usei cores de impacto e materiais como o cimento, e há outras surpresas como o piso, que sobe para parte da parede”, adianta a profissional. “Pode ser uma cozinha de Juiz de Fora, do Rio, de São Paulo, de Tóquio ou de qualquer lugar do mundo. Quando a projetei, pensei em um cidadão do mundo”, destaca Sumara.
Na sala de almoço, a abordagem também foge dos clichês. “Normalmente estes ambientes são mais fechados e têm só mesa, cadeira e bufê. Quis pensar em um espaço integrado, onde as pessoas possam almoçar e ir para um ambiente externo para conversar e relaxar, com plantas variadas, uma proposta para desacelerar a vida e amenizar o estresse”, propõe Sumara.
CASA DESIGN
De quarta a sábado, das 14h às 22h, domingo, das 11h às 20h. Até 1º de novembro
Condomínio Murilo Mendes casa 10
(Avenida Prefeito Mello Reis – Aeroporto)