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Kênia Bárbara, atriz de Juiz de Fora, estreia como protagonista na série da Globoplay ‘Os outros’

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KeniaBarbara foto Rodrigo Lopes
“Sendo mulher e artista, escolher fazer o que eu desejo é uma coisa que, talvez, um tempo atrás, nem fosse permitido pra mim”, afirma a atriz (Foto: Rodrigo Lopes)
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A atriz juiz-forana Kênia Bárbara passa ao status de protagonista na segunda temporada da série “Os outros”, da Globoplay, que estreou na quinta-feira (15). A primeira temporada da produção, criada e escrita por Lucas Paraizo, foi a mais assistida do canal de streaming e se aprofundou sobre a relação de um casal de vizinhos. A atriz vai trabalhar ao lado de nomes como Letícia Colin, Eduardo Sterblitch e Adriana Esteves, mas sua experiência com a atuação começou muitos anos antes, com o teatro, no Grupo Divulgação. Desde então, também já atuou em novela da Globo, série da Netflix e em diversas produções teatrais. Sua nova personagem, a Joana, conta com uma reviravolta na própria trajetória e promete chocar os espectadores nessa nova fase da história. 

A personagem interpretada por Kênia já podia ser vista na primeira temporada da série, mas apenas em dois episódios. Ela aparecia como mulher do personagem Sérgio (Eduardo Sterblitch), um miliciano que é eleito como vereador, e tinha um papel bem secundário à trama principal.  No entanto, na nova fase, ela assume uma posição bastante diferente na trama, já que os dois estão morando juntos em um condomínio de luxo e a convivência entre eles se dá pela chantagem, já que o vilão quer exibir uma família perfeita para os políticos e vizinhos. “Acho que as pessoas vão ficar chocadas. Foi assim que nós, do elenco, ficamos quando lemos o roteiro pela primeira vez”, revela a atriz. Para ela, a personagem tinha mostrado pouco de sua personalidade e caráter ao longo dos episódios que apareceu, e se mostrava como alguém apática e que apenas acatava as ordens do marido. “Ela aparecia como alguém que não toma muito partido, não defende muito a filha dela, não tem muita autoestima até pra se colocar mais. Está um pouco abandonada de si mesma”, reflete.

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Na segunda temporada, Joana vai se tornar avó, e isso muda bastante a postura dela. “Acho que as pessoas vão se surpreender com a Joana, porque ela vai ser esse gatilho, uma arma apontada pra cabeça do Sérgio, nesse sentido de enfrentamento. Por mais que ela esteja morrendo de medo, ela não vai recuar, vai continuar avançando na direção dele”, conta Kênia. Parte disso acontece pois, na visão da atriz, a personagem se enxerga na filha, e decide fazer o possível para que ela encontre mais afeto do que ela mesma encontrou. Mas suas relações familiares continuam bastante difíceis, principalmente por ela ter escolhido permanecer com o marido.  “Ela vai ter que fazer algo para romper com essa situação tão perversa e violenta que o Sérgio provoca”, diz.

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Para a atriz, poder encarnar essa mudança foi prazeroso e desafiador na mesma medida.  “Eu esperava muito que ela tivesse uma mudança no comportamento. Vai ser bom Joana mostrar quem ela realmente é, e quem ela deixou de ser por causa da convivência com Sérgio”, conta. O sucesso da série, para ela, está justamente em explorar todas as dimensões dos personagens e fazer com que o público se envolva tanto com os conflitos, que vão se desenvolvendo mais a cada episódio. “Essa premissa de que ‘os outros’ somos nós é muito real, então acho que as pessoas se identificam. Acho que a gente tem gostado mais de ver essas personagens reais, que não são 100% boazinhas ou malvadas. São humanas, com as nossas contradições”, diz. A responsabilidade de trazer essas camadas para a personagem é justamente o que ela busca em seu trabalho, tanto em produções desse porte quanto na sua presença no teatro.

Teatro como ponto de partida e permanência

Logo que as filmagens da série tiveram fim, Kênia voltou a se dedicar a produções teatrais. Atualmente, faz uma personagem na peça “Bonitinha, mas ordinária”, um clássico do dramaturgo Nelson Rodrigues, com direção de Bruce Gomlevsky.  A personagem que interpreta, como define, é alguém que está “quebrando com o moralismo e padrão” da época em que a história se situa, nos anos 60. “Aurora quer ser livre e fazer o que quiser. Ela está fora do que esperam de uma mulher daquela época”, conta. Para que isso fosse possível de ser perceptível em todos os aspectos, Kênia inclusive sugeriu à produção de figurino do elenco que a personagem usasse calça, ao contrário das irmãs, que usam saia e vestido.

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Essa é a primeira vez que Kênia Bárbara atua em um clássico da dramaturgia. “É um texto que foi escrito nos anos 60, mas que é completamente contemporâneo”, reflete. Em sua visão, a dramaturgia consegue tocar em assuntos muito duros, mas que são muito pertinentes para a sociedade atual. “Fazer essa peça em 2024, com um elenco que é diverso e que traz temáticas como o racismo e abuso sexual, causa um impacto em mim”, diz.

(Foto: Rodrigo Lopes)

Aprendizados de Kênia Bárbara com Lucília

Em 2023, Kênia Bárbara trabalhou em “Amor perfeito”, novela das 18h em que interpretava Lucília. Essa personagem era prima do protagonista, Orlando, e tinha uma paixão obsessiva por ele que a fazia agir de todo modo para que os dois ficassem juntos. A experiência, para ela, foi de enorme aprendizado, tanto por interpretar uma vilã quanto pelo formato em que uma produção assim é feita. “Fazer novela é uma delícia. A cada dia é uma coisa nova, e são muitos meses contando aquela história e tendo tempo para a personagem, deixar ela crescer ou mostrar novas facetas”, conta. A relação com o público foi uma das partes de que ela mais gostou na experiência, já que a personagem causou bastante controvérsia na época. “Me surpreendeu a forma que as pessoas acolhem a personagem, seja de forma negativa ou positiva. O alcance é maior, principalmente nas redes sociais, e isso é um retorno que acontece ao vivo, do dia a dia”, conta.

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Planos para o futuro

Com as novas produções em vista e morando no Rio de Janeiro, Kênia Bárbara afirma que ainda tem vários sonhos a realizar. Inclusive porque, desde que saiu de Juiz de Fora, busca sempre dar o melhor de si em tudo que faz. “O principal de tudo é o estudo. Eu saí de Juiz de Fora para o Rio, direto para uma escola de teatro e televisão. Me formei recentemente na Escola de Teatro Martins Pena, uma escola estadual do Rio e que é a mais antiga da América Latina de teatro”, conta. Também conta que, em toda oportunidade que tem, busca que as 3h que separam Juiz de Fora do Rio de Janeiro sejam encurtadas, para que ela possa visitar familiares e amigos.

A sua vontade é que essa nova temporada de “Os outros” envolva o público tanto quanto a primeira, e não só para si. “Quero que as pessoas tenham ainda mais orgulho das produções nacionais”, afirma. Em toda personagem que faz, como é possível perceber, busca também mostrar tudo que tem a oferecer e valorizar personagens que ela acredita que são capazes de chegar longe. Não é só Aurora e Joana que desejam liberdade. “Sendo mulher e artista, escolher fazer o que eu desejo é uma coisa que, talvez, um tempo atrás, nem fosse permitido pra mim. Essas duas personagens refletem muito o progresso que a gente vem tendo, tendo mais espaço, poder e autonomia”, afirma Kênia Bárbara.

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