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Banda paulista Os Amanticidas e artista queer pernambucano renanrenan se apresentam em JF

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Parceria surgiu pelo contato em comum com aulas de teatro (Foto: Antonia Midena/Divulgação)
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Juiz de Fora recebe a banda paulista Os Amanticidas e o cantor queer pernambucano renanrenan, neste sábado (19), às 20h. O show acontece no Madame Gevah e faz parte da comemoração de aniversário do espaço, que completa um ano de funcionamento. A apresentação terá participação especial do artista mineiro Renato da Lapa, e os ingressos podem ser adquiridos via plataforma digital.

O projeto renanrenan e Os Amanticidas tem percorrido diferentes lugares com a tour “Eu te conto”, que  tem em sua agenda os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. O repertório musical da apresentação é composto pelas dez canções gravadas no álbum “Eu te conto tudo”, lançado em setembro de 2024, criadas pelos Amanticidas para a voz de renanrenan, além de algumas canções anteriores da banda e do cantor em seus projetos individuais.

O espetáculo abrange linguagens de texto, cena, movimento, trocas de formação instrumental, cenografia, projeções, luz e figurinos. As obras abordam temas como não-binariedade, afetos, existência queer e os múltiplos entendimentos entre masculino e feminino, com letras sensíveis e arranjos cuidadosamente construídos, de acordo com a organização do show.

Um projeto artístico em conjunto

A parceria entre o artista e a banda iniciou no ano de 2016, quando o baixista Alex Huszar conheceu renanrenam na INDAC – Escola de Atores, em que, posteriormente, a banda Os Amanticidas auxiliou na trilha sonora de um espetáculo do curso, uma adaptação do livro “Laranja Mecânica”. Depois de um tempo, após uma viagem para São Paulo, renanrenan convidou a banda para um show. 

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Amanticidas e renanrenan lançaram álbum em conjunto em 2024 (Foto: Júnior Soares/Divulgação)

“A princípio a ideia era algo simples, com covers e versões. Aí foi o pulo do gato: Os Amanticidas resolveram compor um repertório inteiro, inédito, para a voz de renanrenan. Pareceu, num primeiro momento, uma ideia meio megalomaníaca, mas a gente se propôs a fazer e, em 15 dias, tínhamos 16 canções compostas! Dez delas entraram para o show, e quando apresentamos pela primeira vez tivemos um retorno muito positivo do público, muito além das nossas expectativas. Foi nesse momento que percebemos que tínhamos algo muito especial nas mãos e que essa parceria não poderia parar por ali”, afirma o violonista do Amanticidas, Luca Frazão.

O espetáculo foi organizado de forma dramatúrgica, com ideias de movimentação, textos e outros elementos para que o show se tornasse mais dinâmico. Nesse sentido, os artistas observaram a necessidade de contextualizar as músicas para que as letras chegassem mais diretamente ao público, principalmente para quem está ouvindo pela primeira vez.

“A gente sempre fica surpreso, a reação do público, onde quer que a gente passe, tem sido muito intensa e positiva. Pessoas que nem conheciam nosso trabalho saem dos show emocionadas e trazendo feedbacks maravilhosos. Realmente tem sido muito gratificante”, relata Luca. Os artistas citam que já fizeram um show especial em Juiz de Fora em 2024, a primeira apresentação desse projeto por aqui. Eles afirmam que foram “muitíssimo bem recebidos”.

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O evento tem a direção visual, incluindo cenografia e figurinos, de Antônia Perrone, autora do projeto gráfico do álbum; mixagem e captação pelo engenheiro de som Nicholas Rabinovitch, e iluminação de Marina Gatti, que desenhou e operou as luzes das primeiras apresentações do projeto, em 2023.

Os músicos e a representatividade

Com nome inspirado na canção “Amanticida”, de Itamar Assumpção, a banda é composta por Alex Huszar (baixo), João Sampaio (guitarra), Joera Rodrigues (bateria) e Luca Frazão (violão de 7). Atuante no cenário musical desde 2012, o grupo defende que são movidos por uma curiosidade profunda a respeito da canção brasileira, trabalhando coletiva e minuciosamente suas composições e arranjos em busca de uma sonoridade atual e original.

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O quarteto possui dois discos lançados, “Os Amanticidas” (2016), produzido por Paulo Lepetit e que conta com participações especiais de Tom Zé e Arrigo Barnabé, e “TETO” (2020), produzido por Fernando Catatau e com as participações especiais de Juçara Marçal e Alzira E. Além disso, lançaram três EPs focados no carnaval: “No meio do aglomerado” (2018), “Todos os protocolos ou quatro marchinhas em busca de um carnaval” (2021) e “No meio do aglomerado III: o retorno do Rei Momo” (2023).

“Esse projeto é muito diferente de tudo que a gente fez antes. A ideia de compor para outra pessoa cantar aprofundou muito as nossas composições. Pode parecer paradoxal, mas compor pra uma voz específica acabou ampliando as possibilidades das canções. Quando o compositor compõe para sua própria voz pode restringir o mundo à sua visão mundo. Compor para outra voz é, de saída, ter que criar algo que faça sentido em outras bocas e para outros corações, ” revela Luca. Quando questionados sobre expectativas quanto à visita a Juiz de Fora, a banda afirma que o objetivo é seguir estreitando os laços com o Madame Gevah e com artistas da cidade, além de ampliar o público de maneira geral.

‘Arrasta asa’, composição do novo álbum, acumula mais de 24 mil reproduções no Spotify (Foto: Júnior Soares/Divulgação)

renanrenan, cantor, compositor e ator,  é um artista LGBTQIAPN+ queer. O artista, que tem como ponto de partida referências populares nacionais e internacionais, antigas e contemporâneas, lançou, em dezembro de 2021, seu primeiro EP, “Mergulhos”, com quatro músicas autorais. Atualmente, ele vem realizando apresentações em São Paulo, Recife e Olinda. O músico já lançou parceria com a compositora alagoana LoreB, na faixa “Abajur”, e seu mais recente lançamento foi o EP “O mar e a galáxia”. 

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renanrenan não só atua na música como também é médico (Foto: Júnior Soares/Divulgação)

“Por muito tempo, essas partes de mim ficaram afastadas (e tem mais uma: eu sou médico!). Desde pequeno, minha sensibilidade e minha infância LGBT me jogaram para fora de minhas aptidões, e neste álbum e em minha trajetória como artista, venho me desafiando a me integrar e cuidar de minhas partes,” define o cantor.

renanrenan relata que cresceu em um ambiente familiar de artistas que ouviam e traziam nomes da música popular brasileira e nordestina como Djavan, Elba Ramalho, Alceu Valença, Caetano, Bethânia, Gil, e também nomes contemporâneos como Luedji Luna e Liniker. Ele diz que esses artistas dão força e coragem pra desbravar sua história e reconhecer a força da sua performance.

“A partir de uma dinâmica de afastamentos e desintegração das histórias queers na cultura e na música, percebo que uma parceria tão improvável como essa que tem sido construída por nós multiplica os públicos, proporciona uma abertura para novos espaços e para a criação de uma rede mais real e complexa, que transcende até mesmo minhas vivências de gênero e as de quem escuta e vê nossas apresentações.” 

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Serviço

renanrenan e Os Amanticidas – show Eu Te Conto Tudo

Data: 19/07 (sábado)

Horário: 20h

Local: Madame Gevah (Rua Marechal Deodoro, 280)

Ingresso: via plataforma digital UniTicket

Participação especial: Renato da Lapa

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