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Lô Borges é reverenciado por Milton em show no Central

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Milton Nascimento interpreta algumas músicas de dois dos principais álbuns de sua carreira (Fotos: João Couto/Divulgação)

Ana Marla arquivo pessoal
Ana Marta no Central antes de o show começar, com Samuel Rosa (Skank) na plateia, convidado a cantar “Trem Azul” e “Paula e Bebeto” no final (Foto: arquivo pessoal)
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Cada show tem uma aura própria; a vibe entre músicos e plateia é sempre única. Melhor quando a sintonia é coroada pela harmonia dos arranjos com a miscelânea musical do jazz, do rock e da música popular brasileira e folclórica da América Latina tão original do movimento Clube da Esquina e cuidadosamente trabalhada, a exemplo do som do “sino (que) bate forte na catedral e o som penetra todos os portais”. Funcionou: o badalar do sino transformou o Cine-Theatro Central em “varandas (com pessoas) para louvar as coisas da fé”.

Milton Nascimento e banda estrearam show internacional, no sábado, 16, e foram ovacionados de pé, na casa lotada. Músicos e equipe técnica, de alto nível profissional, acreditam, como ele, ‘que virão outras manhãs, plenas de sol e de luz’.

A turnê Clube da Esquina, que percorrerá o Brasil e além-mares, tem direção musical de Wilson Lopes (voz e violão) e direção artística de Augusto Nascimento; na banda, Alexandre Ito (baixo), Ademir Fox (piano), Widor Santiago (metais), Lincon Scheib (bateria), Ronald Silva (percussão) e Zé Ibarra (vocais).

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A próxima estação será Belo Horizonte, berço do Clube. Três dias na capital mineira, onde Lô escutou um vizinho cantando e tocando violão de forma singular. Era Milton; não por acaso, esse dedica a turnê a ele. Laços que não se desfazem. Quanta gente mais entrou no Clube e o transformou numa referência da música popular brasileira. Veio gente da “América do Sul, do mundo e de Minas Gerais”. No álbum 1, de 1972, a maioria era de mineiros; já no álbum 2, de 1978, outros se juntaram, como: Chico Buarque, Elis Regina, Gonzaguinha, Drummond.

Os caminhos se bifurcaram, mas a raiz única semeou saborosos frutos: a beleza das canções imortalizadas, o valor da amizade e a certeza de que “é preciso ter manha, é preciso ter graça, é preciso ter sonho, sempre; quem tem na pele essa marca possui a estranha mania de ter fé na vida”.

O show

Como em todo show de Bituca, cenário e iluminação também são protagonistas. A instalação em tecido apresenta uma caricatura de Milton e Lô na infância; cada um com um violão dos quais brotam raízes que frutificam símbolos representativos de canções do Clube: a lua, o sol, o trenzinho e as montanhas (marca de Milton), as flores no caminho. A luz ritmada incide sobre os músicos e destaca as figuras do painel no entoar de versos correlatos. Que comunhão. Ver e ouvir Milton cantar: “invento o amor, invento a dor de se lançar”, no piano de calda, com uma constelação projetada ao fundo, é inesquecível.

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Milton acalma a alma. Que graça ouvir seus ‘causos’. Na play list, mais de 20 canções que integram os álbuns Clube da Esquina, além dos discos “Minas” e “Milton”. Algumas populares, como “Janela lateral”, “Um girassol da or de seu cabelo”, “Maria Maria”, “Nascente”, “Nada será como
antes”, “Clube da Esquina”, “Clube da Esquina 2”, “Para Lennon e McCartney”; algumas nem tanto, mas especialmente significativas, como a folclórica “Casamiento de negros”, “Dos cruces”, “Mistérios”, “O que foi feito deverá”, “Lilia”, instrumental, em homenagem à mãe de Bituca.

A poesia das letras de parcerias entre Milton, Lô Borges, Beto Guedes, Fernando Brant, Marcio Borges, Ronaldo Bastos, Flávio Venturini e demais compositores do Clube é arrebatadora. Emoção fazer coro em “Ponta de areia, ponto final, da estrada Minas, caminho natural”, conduzida por Bituca no acordeom.

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Que privilégio ter como ídolo um dos artistas mais generosos com seus pares. A revelação da vez foi o músico Zé Ibarra (vocal, percussão, violão – e que gingado!) nos lembrando que “as horas não se contavam e o que era negro anoiteceu”, entre outros solos.

A presença de Samuel Rosa (Skank) na plateia foi a surpresa da noite; convidado a cantar “Trem Azul” e “Paula e Bebeto”, juntos, músicos e público reafirmaram “que toda maneira de amor valerááá”. Sempre valerá.

 

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