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Luiza Brina traz álbum ‘Prece’ para show em Juiz de Fora

luiza brina
Luiza Brina volta à cidade com suas orações, parte de um álbum que, como conta, é sua vida inteira (Foto: Daniela Paoliello/ Divulgação)
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A artista Luiza Brina chega em Juiz de Fora com o álbum “Prece”, lançado em 2024. Esse trabalho começou há mais de dez anos, quando ela teve sua primeira crise de pânico e, em uma família sem religião, precisou buscar algo do sagrado para ter fé na vida e encontrar algum tipo de salvação. Desde então, passou a rezar da sua maneira para muita coisa, abordando desde temas como a solidão, o amor à natureza, os mistérios da vida e a brasilidade, e foi formando um coro de pessoas que rezavam com ela a partir de suas próprias referências artísticas e vontades. A reunião de todas essas orações será apresentada no Maquinaria, na sexta-feira (18) às 19h, em formato voz e violão, assim como as músicas nasceram, em um show chamado por ela de “Aprendendo a rezar”. A abertura será feita por Renato da Lapa e pela dupla Ju Stanzani e Bia Nascimento. 

O primeiro verso de “Prece”, em “Oração 2”, já dá o tom do álbum: “Santo forte carrega em mim/ Que algum nome próprio conduza/ Sem pressa uma crença aqui/ Meditar algo pra querer/ Lembrar da promessa de alguém que me pede/ Não creia na reza mas torça por mim/ Ore por mim, por favor”. A voz de Luiza emerge para dar um guia ao público nesse universo de vários instrumentos, que servem um mesmo propósito. “Já estou trabalhando há 4 anos no ‘Prece’, mas acho que é um álbum da minha vida inteira. Dizer quando ele começou é difícil. Foi a realização de um sonho”, relembra a artista, que também é ex-vocalista e ex-guitarrista da banda Graveola.

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Criada em uma família sem religião, ela se lembra de se impressionar muito com a música religiosa, tocada pelos tambores do congado e também nas missas. Apesar de distante desses universos, naquele momento buscou alguma força maior que si mesma. “Comecei a sentir que precisava acreditar em alguma coisa. Fui compondo e elaborando. Talvez a música esteja nesse lugar pra mim, da religião, do encontro com o sagrado, com o divino. É a minha maneira de estar na vida e de me sentir viva.”  O “Prece” é tocado com o seu arranjo para cordas, madeiras, metais e percussão por mulheres integrantes das Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e Orquestra Ouro Preto e com processamentos eletrônicos conduzidos por Charles Tixier. 

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A artista também já lançou outros três álbuns de estúdio, o “A toada vem é pelo vento” (2012),  “Tão tá” (2017) e “Tenho saudade mas já passou” (2019). Neste mais recente trabalho, também amplia suas parcerias em diálogo com a música mineira, onde ela entende que está sua identidade, raiz e linguagem. Com parcerias de Julia Branco, Vovô Bebê, Sérgio Pererê, Iara Rennó, Thiago Amud e Luizga e Sérgio Pererê, faz acenos internacionais com a mexicana Silvana Estrada, a argentina LvRod e o percussionista chileno José Izquiero, com quem estuda há muitos anos.

Oração de Luiza Brina para vida

“Prece” surgiu da necessidade de salvação (Foto: Daniela Paoliello/ Divulgação)

Foi naquele momento difícil que recorreu à música e a chamou de “Oração”, e a partir daí foi criando outras para a acompanhá-la em diversos momentos e dar vazão às reflexões mais filosóficas que tinha sobre a vida. “Eram pedidos pra vida. Estava pedindo um apoio, uma força para conseguir atravessar aquele momento. Com o tempo, foi saindo desse lugar de pedido de salvação. São orações que foram ganhando outras temáticas.”  A música, então, talvez tenha sido esse canal através do qual ela aprendeu a rezar. 

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A partir de sessões de análise, vivências diferentes e até processos de amadurecimento, outros pedidos foram aparecendo. Na “Oração 18 (pra viver junto)”, por exemplo, ela reflete sobre como se conectar a outras pessoas. “Pra viver junto é preciso poder viver só/ Pra gente se encontrar/ Pra andar junto é preciso poder andar só/ Pra gente caminhar”, a música traz. Em “Oração 15 (oração à Cobra Grande)”, ela pede proteção para os rios a partir da lenda da cobra Boiúna. Já em “Oração 19 (oração para Oxum)”, com Maurício Tizumba, ela percebe que talvez Deus esteja nas coisas mais terrenas da vida – e celebra isso.

Música como religião

O disco finaliza – se é que um disco assim realmente tem fim – com “Oração 10 (oração ao porto), que é um retorno em sua voz: “Em todo cais/ ouço uma prece/ mais uma vez (…) O segredo/ a mesma oração/ Basta olhar pra trás/ Despedir, recomeçar/”.

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E, como em toda religião, nenhuma prece é sozinha, suas orações chegam a novas pessoas e as canções são entoadas em coro, agora rodando o Brasil em turnê. Principalmente em 2024, um período que, para ela, encontrar alguma união e uma vontade de se reunir em torno de algo seja ainda mais necessário. “A gente está em um momento muito doido, diante de desastres climáticos e da irresponsabilidade dos governos sobre isso. Precisamos de preces nesses momentos para fazer acreditar na vida. E também precisamos agir diante disso tudo, pra tentar fazer com que o mundo não acabe”, finaliza.

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