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‘O despertar da primavera’, novo espetáculo da Fact, estreia nesta sexta

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Peça aborda temas sensíveis, enquanto personagens passam por processos de descobertas na adolescência (Foto: Pedro Soares/ Divulgação)
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“O despertar da primavera” é a maior peça do dramaturgo alemão Frank Wedekind e um trabalho seminal da história moderna do teatro, adaptada, posteriormente, para a Broadway. O espetáculo ganhou uma montagem do núcleo de estudos artísticos da produtora juiz-forana Fact!, e estreia nesta sexta-feira (18), às 20h, no Teatro Paschoal Carlos Magno. Além dessa, outras apresentações acontecem nos dias 24 e 25. Os ingressos podem ser adquiridos no Uniticket.

Na história, que se passa na Alemanha do final do século XIX, Melchior, Wendla e Moritz, jovens escolares em plena descoberta sexual, são confrontados a uma série de regras, repressões e tabus, submetidos aos tradicionais preceitos da família, da escola e da religião cristã. O embate entre o aflorar da vida juvenil e o fardo de uma moral ossificada se desdobra ora no lirismo das cenas infantis, que assumem por vezes colorações mortíferas, ora na representação farsesca das autoridades e do poder.

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A Tribuna conversou com o diretor Phill de Orixalá e o produtor Paulo Monttero sobre a montagem.

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Tribuna: Vocês dizem que utilizam a linguagem do teatro físico neste espetáculo. Como é a materialização disso? O teatro físico tem o suporte de outras linguagens?

Phill de Orixalá (diretor): Meu primeiro contato com o teatro físico foi em Londres, durante meu mestrado em Teatro Musical. Por ser uma cidade com público extremamente variado, falando muitas línguas diferentes, o teatro físico se faz muito presente, já que a linguagem física é universal. O corpo em movimento fala, o corpo parado fala, cria formas e gestos que causam sensações, remetem a memórias e criam uma narrativa paralela. O teatro físico mora no limite da dança e do teatro. Por ser um espetáculo musical, criamos, coletivamente, uma forma de contar essas histórias com várias camadas sinestésicas: palavra, música e movimento.

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“O despertar da primavera” é um texto alemão de 1890. Como os temas debatidos continuam atuais? A montagem de vocês atualiza alguns aspectos?

Phill de Orixalá (diretor): O texto original de Frank Wedekind traz temas universais como a relação entre pais e filhos, os questionamentos que surgem durante a adolescência (daí o nome, “Despertar da primavera”), a instituição de ensino e a problemática da verticalização do aprendizado. Escolhemos este texto justamente por percebermos esses assuntos ainda estão pulsantes. Durante o processo, os atores trouxeram pra sala de ensaio suas histórias pessoais de como foi sua adolescência. A ideia era comparar nosso tempo com o tempo quando o texto foi escrito e entendemos que mesmo com as diferenças culturais do espaço e tempo, ainda lutamos contra a falta de informação e preparo de nossas crianças para adentrar o mundo adulto.

Paulo Monttero (produtor): Embora com uma temática difícil e que demanda muita seriedade na abordagem, o espetáculo também é vibrante com a energia da adolescência em seus sonhos e vontades. As músicas têm o ritmo moderno do pop rock que conectam o passado e o presente e, por isso, dialoga com o público jovem de hoje e desperta as memórias de quem já passou pelos temas abordados. Também há momentos quando as pessoas se divertem e podem reconhecer nesses personagens a sua própria primavera. Certamente, irá cativar os públicos jovem e adulto, que podem esperar diferentes emoções.

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O espetáculo aborda temas sensíveis que podem ser gatilhos emocionais. Tem estupro de menor e é chamado de “tragédia infantil”. A peça chama a atenção para a necessidade de educação sexual, um tema que ainda está em debate até hoje. Qual a importância de se montar este texto hoje?

Phill de Orixalá (diretor): Os personagens da peça passam por um processo de descoberta. Todos nós, em algum momento, passamos pelo nosso despertar, uns de forma mais abrupta, uns de forma forçada, uns sem nem saber. Ainda existe um tabu enorme sobre educação sexual nas escolas, mas a informação está chegando aos jovens por todos os lados. Vídeos, fotos, músicas, trocas de experiência… A vida sexual ativa passou a ser para alguns jovens uma necessidade de se mostrar melhores ou mais experientes que os outros e deixou de ser um processo pessoal de desenvolvimento. Cada um tem seu tempo. O excesso de informação sem suporte educacional é tão prejudicial quanto a falta dela, que é o que os personagens da peça sentem. Muitos pais tem vergonha de falar sobre isso com seus filhos, mas a verdade é que se não aprenderem em casa, ou na escola de forma segura, podem estar aprendendo de forma errada, que é uma reflexão que o espetáculo traz.

Serviço

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“O despertar da Primavera”

18, 24 e 25 de outubro, às 20h

No Teatro Paschoal Carlos Magno (R. Gilberto de Alencar 1 – Centro )

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Ingressos no Uniticket

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