Entre copos e porções, o bar torna-se um dos campos mais democráticos para conversar sobre os mais variados assuntos que a mente humana consegue imaginar. No embalo das possibilidades que o popular ‘papo de boteco’ pode alcançar, por que não falar sobre um dos assuntos mais intrigantes e essenciais à vida, a ciência? É a partir dessa ideia que o Pint of Science (Dose de Ciência, em português) chega a sua segunda edição na cidade. O evento global movimenta bares de 24 países simultaneamente entre os dias 20, 21 e 22 de maio. Em Juiz de Fora, o evento acontece nos bares Na Garganta, Arteria e Bar do Luiz.
A programação reúne 18 especialistas (dois por painel) e os mais variados assuntos a serem discutidos em dinâmica acessível ao entendimento e à troca de ideias entre pesquisadores e público. Todos os painéis terão início às 19h30 e têm previsão de término às 21h30. A Arteria recebe os frequentadores com temas relacionados ao universo, cinema e educação. As mesas do Bar do Luiz receberão debates sobre limites do desenvolvimento econômico, alimentos transgênicos e os desafios relacionados à velhice. Já o Na Garganta recepciona seu público com discussões sobre medo, ciência na cena do crime e a revolução das energias renováveis.
No ano passado, em sua primeira edição na cidade, o Pint of Science lotou os bares da programação durante todos os dias e propôs desafios à organização, como conta o coordenador do evento, Lucas Miranda. “Percebemos que existe uma demanda reprimida desse tipo de evento na cidade. Reunimos um público de mais de mil pessoas. Tivemos também superlotação em alguns bares. Um aprendizado que tiramos do ano passado para evitar repetir dessa vez é que uma parcela grande do nosso público foi de universitários, e nós queremos justamente atingir a população que não tem acesso à ciência. Não estamos divulgando só nas universidades mas também em escolas para professores do ensino básico e pessoas que não têm ligação direta com a academia”, explica.
O planejamento para esse ano manteve a realização nos três bares mesmo sabendo da possibilidade de uma nova superlotação. Já para 2020, quando Juiz de Fora deixa a categoria de estreante, a organização pretende propor à coordenação nacional a inclusão de um quarto bar. “Estamos pensando em levar o evento talvez para Benfica, um lugar mais afastado do Centro para fazer um quarto bar”, prevê Lucas.
A engrenagem do Pint of Science é composta por uma equipe que age como ponte entre especialistas e os temas propostos. A Coordenação de Divulgação Científica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) realiza as ligações entre os pesquisadores da instituição e os assuntos que serão abordados nos painéis. A coordenadora do setor Bárbara Duque explica como a ação se enquadra dentro de uma agenda que visa a popularizar e divulgar a ciência. “O grande objetivo é fazer com que os pesquisadores se envolvam com a divulgação científica para que a gente consiga diminuir a lacuna entre a produção acadêmica e a sociedade.”
Revolução robótica e energética
“Tanto na robótica quanto na área de energia, temos observado o crescimento tecnológico muito grande, e a tendência é de que essa velocidade de avanço cresça ainda mais na próxima década”, observa o professor da Faculdade de Engenharia Elétrica da UFJF, André Marcato, um dos especialistas que compõem o evento.
O pesquisador explica que em um futuro próximo as fontes renováveis de energia serão as mais usadas e precisarão funcionar em rede por conta de suas peculiaridades. “A geração eólica pode repentinamente em uma ausência de ventos interromper a geração. Imagina o país inteiro sendo suprido por um parque eólico e de repente você não tem mais o vento. Você tem que ter outras fontes que entram para poder suprir essa ausência. Com isso, surgem tecnologias que fazem com que todas as formas de geração de energia tenham que cooperar de forma conjunta e interligada.”
Ainda conforme o especialista quando se trata de robótica, existem muitos exemplos de aplicação na atualidade. “Estamos vendo os robôs cada vez mais presentes em nosso dia a dia. Às vezes, a gente fica imaginando robô como algo que está se movendo, mas na realidade não é só isso.Um exemplo é a câmera que está detectando uma situação de perigo como um possível atentado. Quero levar exemplos dessas aplicações para a gente poder discutir.”
André ainda afirma que por meio da tecnologia barreiras como a do idioma podem ser quebradas nas próximas décadas. “A tradução simultânea já é quase uma realidade em que rapidamente você consegue converter o que está falando em texto e traduzir para outro idioma. Vão começar a surgir dispositivos para facilitar que tudo funcione automaticamente. Você vai estar falando e a outra pessoa instantaneamente vai estar ouvindo no idioma que ela desejar. A barreira do idioma vai ser superada muito em breve, acredito que nos próximos dez anos vamos ter muito avanço nessa área.”
PROGRAMAÇÃO
Sempre das 19h30 às 21h30
Na Garganta – Culture Pub
Av. Rio Branco 267 – Manoel Honório
20/05 – A revolução das energias renováveis
André Luís Marques Marcato (professor titular da UFJF e doutor em Engenharia Elétrica) e Nathan Oliveira Barros (professor da UFJF, graduado em Ciências Biológicas, doutorado em Ecologia. Membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas – IPCC-ONU)
21/05 – Do que temos medo?
Paulo Cesar Pontes Fraga (Professor da UFJF, bacharel e licenciado em Ciências Sociais e doutor em Sociologia) e Letícia Paiva Delgado (Advogada criminalista, doutoranda em Sociologia e Direito, mestre em Ciências Sociais)
22/05 – A ciência na cena do crime
Fábio Prezoto (graduado em Ciências Biológicas, doutor em Zoologia) e Bruno de Araújo Faria (perito criminal da Polícia Civil de MG. Graduado em Química e Psicologia, mestre em Química Inorgânica)
Arteria – Fábrica de Cultura
Rua Chanc. Oswaldo Aranha 535 – São Mateus
20/05 – Escola: espaço político e de transformação social
Fernando de Araujo Penna (Professor da Faculdade de Educação da UFF. Doutor e Mestre em Educação, bacharel e licenciado em História. Coordenador do Movimento Educação Democrática. Condecorado com a Medalha Tiradentes) e Fernando Tavares Júnior (Professor do Dept. de Ciências Sociais da UFJF. Doutor em Sociologia. Visiting Scholar at Stanford. Foi membro do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. E é um apreciador de IPAs)
21/05 – O Universo numa casca de noz
Marc Casals Casanellas (professor e pesquisador do CBPF, graduado em Theoretical Physics, M.Sc. em Computational Science, e Ph.D. em Mathematical Physics.) e Gil de Oliveira Neto (professor da UFJF, graduado em Física e em Astronomia, doutor em Física)
22/05 – Cinema brasileiro: quem te viu, quem não te vê
Alessandra Souza Melett Brum (professora do Instituto de Artes e Design da UFJF, graduada em História, doutora pelo Programa de Pós-graduação em Multimeios do Instituto de Artes da Unicamp) e Luís Rocha Melo (professor do Instituto de Artes e Design da UFJF, cineasta e pesquisador, doutor em Comunicação)
Bar do Luiz
Av. Eugênio do Nascimento 240 – Aeroporto
20/05 – No limite do desenvolvimento
Fernando Salgueiro Perobelli (doutor em Economia, professor da UFJF) e Ricardo da Silva Freguglia (doutor em Teoria Econômica, mestre em Economia, professor da UFJF)
21/05 – Transgênicos: os seres do futuro
Marcelo de Oliveira Santos (mestre em Genética de Plantas e doutor em Biologia Molecular) e Marcos Vinicius Silva (pesquisador da Embrapa, mestre em Zootecnia, doutor em Genética e Melhoramento, consultor Ad hoc do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento nas áreas de Melhoramento Animal e Genômica e Consultor da Bill & Melinda Gates Foundation)
22/05 – De repente 60
Flaviane Souza Santiago (doutora em Economia e professora da UFJF) e Danielle Teles da Cruz (fisioterapeuta, doutora em Saúde)