Onde quer que você tenha aprendido o significado das palavras rabisco, esboço ou rascunho, elas provavelmente foram associadas a algo um pouco bagunçado, até mesmo caótico ou fruto de uma etapa de pré-produção. Entretanto, essas definições podem mudar quando falamos de um “sketch”, palavra inglesa equivalente aos três termos anteriormente citados. Trata-se de um desenho rápido e com aspecto incompleto, mas que em meio a um traço e outro gera resultados surpreendentes que podem ir além do estampado no papel. É o caso dos entusiastas do Urban Sketcher (USK), um movimento internacional criado em 2008 e que chegou a Juiz de Fora de forma oficial no ano passado. Apesar de ser prática coletiva recente, os amantes do desenho urbano chegam ao seu quinto encontro na cidade neste sábado (8).
As reuniões são marcadas sempre em locais que guardam edificações de destaque em meio à mistura de prédios, casas e demais elementos que compõem a cidade. Os últimos quatro foram respectivamente na Praça da Estação, Colégio Academia, Centro de Ciências (UFJF) e Museu de Arte Murilo Mendes. A próxima inspiração é a Igreja Melquita, famosa por sua forma discoide. A coordenadora do USK/JF, Angélica Gomes, que divide a função com José Augusto Petrillo, explica que cada trabalho pretende captar o que a cidade tem de único. “A proposta é desenhar a cidade da maneira como cada pessoa a vê, não só sua arquitetura, mas a sua vida urbana em si. Embora as cidades tenham suas semelhanças, cada uma possui suas particularidades, e isso é captado pelos desenhistas de rua de forma única.”
Manifesto
O grupo juiz-forano não é fixo e muito menos fechado. Todo evento é gratuito e não exige inscrição, além de ser aberto a qualquer faixa etária e não exigir pré-requisitos, nem mesmo artísticos. “Qualquer pessoa pode chegar com seu material e participar conosco. A cada encontro temos a grata satisfação de dar boas vindas a novos membros”, pontua a coordenadora. Não existem regras para a manifestação pessoal nos desenhos, mas o grupo segue o Manifesto dos Urban Sketchers criado pelo jornalista espanhol Gabriel Campanário, que concebeu o movimento. Em meio aos oito pontos listados estão a prática dos desenhos de locação através da observação direta, a contação de histórias do dia a dia por meio dos rabiscos, a valorização do estilo individual e a utilização dos sketchs como registros do tempo e do lugar. Outro importante pilar do grupo é a conectividade, também descrita no manifesto, e que prevê a divulgação dos trabalhos on-line. No caso dos urban sketchers juiz-foranos, ela é feita pelo perfil no instagram @uskjuizdefora.
O manifesto funciona como guia, mas, para Angélica, a individualidade de cada desenhista é o que há de mais significativo no movimento. “O importante é registrar o olhar pessoal sobre a cidade no sketchbook. A técnica utilizada é aquela que cada um domina, a que cada pessoa escolhe para se expressar. Queremos mostrar Juiz de Fora ao mundo, um desenho de cada vez.”