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Antônio Carlos Duarte lança livro sobre arquitetura moderna em JF

arte capa marcelo rib
(Foto: Marcelo RIbeiro)
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A história de uma cidade não é feita apenas por datas, eventos, efemérides e pessoas posteriormente imortalizadas em livros, ou o cidadão anônimo testemunha ou protagonista involuntário. Ela é feita, também, de ferro, aço, concreto, argamassa e vidro, entre outros materiais, edificações, imóveis e monumentos estáticos que, nos seus silêncios em meio à atividade interminável da cidade grande, dizem muito a respeito do lugar onde se vive. São elementos que, a seu modo, compõem a alma da urbe. No caso de Juiz de Fora, cidade que passou por inúmeras transformações e crescimento considerável em pouco menos de dois séculos, há muito o que se ver e admirar; basta, para isso, ter o olhar atento e vontade de estudar, pesquisar, compreender.

Foi o que fez o arquiteto e diretor do Museu Mariano Procópio, Antônio Carlos Duarte, que lança neste sábado (17), às 10h, no salão de entrada do Cine-Theatro Central, o livro “Arquitetura Moderna – Juiz de Fora”. A publicação, que tem o apoio da Lei Murilo Mendes, é a terceira que Antônio Carlos dedica aos marcos arquitetônicos da cidade, com os dois primeiros resgatando as construções nos estilos art déco e eclético. Para o livro, que levou dois anos entre pesquisas no Arquivo Histórico de Juiz de Fora e caminhadas pela cidade, ele fez mais de 14 mil fotografias – para efeito de comparação, foram 12 mil para o livro anterior e 1,2 mil para pesquisa da arquitetura art déco.

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Construções abrigam obras de artistas como Candido Portinari – Painel As Quatro Estações (Foto: Marcelo Ribeiro)

O resultado impressiona ao mostrar uma Juiz de Fora tão próxima ao leitor/morador, mas que parece fora do nosso foco devido à correria cotidiana. A publicação, com pouco mais de 200 páginas, é repleta de fotografias e textos histórico-descritivos de diversas construções e monumentos juiz-foranos. Há edificações mais conhecidas, como a agência do Banco do Brasil na esquina da Halfeld com a Getúlio Vargas, projeto de Oscar Niemeyer; a Igreja Melquita de São Jorge, no Bairro Santa Helena; o Edifício Clube Juiz de Fora, na esquina da Rio Branco com a Halfeld; o Edifício Getúlio Vargas, na Marechal; e a Igreja do Bom Pastor.

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Mas também merecem destaques construções em localizações centrais – ou mesmo distantes – que podem passar despercebidas: são os casos dos edifícios Sulacap e Banco Mineiro da Produção, na Halfeld; a Capela Santo Inácio, no Colégio Jesuítas; a sede da ArcelorMittal; o Sítio Jamaica; ou a residência de Romeu Arcuri, no Poço Rico, que atualmente abriga o Caee (Centro de Atendimento Educacional Especializado).

Por fim, “Arquitetura Moderna – Juiz de Fora” também volta seu olhar para imóveis residenciais, que mereceram um capítulo à parte, logradouros, monumentos, parques e cemitérios, destacando a Avenida Rio Branco e os canteiros projetados por Burle Marx; o Parque da Lajinha; o Monumento ao Centenário de Juiz de Fora, no Poço Rico; e o Cemitério Parque da Saudade.

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Além do que se vê (por fora)

Localizado no cruzamento da Halfeld com a Rio Branco, o Edifício Club Juiz de Fora é um dos marcos da arquitetura moderna na cidade (Foto: Marcelo Ribeiro)

Todos os imóveis registrados por Antônio Carlos ganham ainda mais interesse porque ele não se dedicou apenas ao exterior: são inúmeras fotografias retratando detalhes internos que mostram a preocupação arquitetônica por detalhes, como escadas, vãos, tetos, janelas e outros elementos que compõem a construção e mostram um interior muitas vezes desconhecido por quem passa apenas pelas calçadas, em que obras de artistas como Portinari (esta à vista de todos no Edifício Clube Juiz de Fora), Di Cavalcanti, Paulo Werneck e Alfredo Mucci.

Ainda que possa ser considerada, hoje, uma trilogia (que pode virar uma quadrilogia caso decida pesquisar a arquitetura contemporânea), a obra sobre a arquitetura em Juiz de Fora surgiu do acaso. “Houve um momento em que o art déco voltou à tona e foi resgatado, e convidei a (memorialista juiz-forana) Rachel Jardim para conhecer algumas construções no estilo”, relembra Antônio Carlos.

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“Ela ficou encantada e praticamente me intimou a fazer um livro a respeito. E desde o primeiro, havia um comentário unânime de que ele ajuda as pessoas a descobrirem nossa cidade, ter um novo olhar para a arquitetura. Quando a pessoa conhece melhor o lugar onde vive ela passa a gostar ainda mais dele, ajuda até mesmo na questão da cidadania”, destaca. “E nunca tive pretensão acadêmica, sempre busquei uma linguagem simples para alcançar o maior número de leitores.”

Valorização da memória

O trabalho de pesquisa, porém, não é fácil. Não bastava, apenas, sair pelas ruas a fotografar; era preciso, em muitos casos, obter autorização sobre autorização para realizar as fotos nos imóveis e, depois, mais autorizações sobre autorizações para obter o direito de uso de imagens. “Havia situações não muito simpáticas, como nos casos de imóveis em processo de tombamento.” Em outras situações, porém, a facilidade teve o tom do trabalho, como foi o caso da ArcelorMittal.

Uma das construções retratadas no livro, Edifício Banco do Brasil foi projetado por Oscar Niemeyer (Foto: Marcelo Ribeiro)

Um fator percebido no trabalho é que existe, hoje, uma preocupação maior com a questão da preservação do patrimônio. “Juiz de Fora é muito rica, por exemplo, em arquitetura eclética, e também na sua preservação. É algo que se faz desde os anos 80, e essa diversificação de estilos ajuda para que tenhamos um visual urbano diferenciado.”
Figura que desencadeou involuntariamente os livros de Antônio Carlos Duarte, a memorialista juiz-forana Rachel Jardim disse estar “muito feliz” com a publicação dos três livros. “Cada livro é melhor que o outro, de fácil leitura e de muita importância para Juiz de Fora. A cidade merecia livros como esses, que a retratassem com tantos detalhes, com a riqueza da sua arquitetura, e ele fez isso muito bem”, destaca Rachel.

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ARQUITETURA MODERNA – JUIZ DE FORA
Lançamento neste sábado (17), às 10h, no Cine-Theatro Central

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