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Memorial Itamar Franco lança ‘Cidade Adentro: Memória Fotográfica de Juiz de Fora’

Exposicao Cidade Adentro Memorial Felipe Couri
Exposicao Cidade Adentro Memorial2 Felipe Couri
Curadoria selecionou as fotos através de um longo trabalho, em que foi feita a análise do acervo do espaço (Fotos: Felipe Couri)
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O Memorial da República Presidente Itamar Franco deu início, nesta terça-feira (15), à exposição temporária “Cidade Adentro: Memória Fotográfica de Juiz de Fora”, que reflete sobre a ocupação dos espaços do município ao longo das últimas décadas. A curadoria das 43 fotos selecionadas é de Laura Kasemiro e Tarcísio Greggio, que buscaram, através da seleção um olhar profundo sobre as transformações de Juiz de Fora, os anos em que Itamar Franco foi prefeito na cidade, e também uma forma de trazer à tona as memórias afetivas dos juiz-foranos a partir de marcos importantes.

A maioria das fotos é de autoria de Roberto Dornellas, e retrata as décadas de 1960 e 1970. Para Tarcísio Greggio, diretor do Memorial, a exposição dialoga com a relação que os indivíduos têm com a cidade que se foi e que ainda se vive. “Principalmente pra quem nasceu e cresceu aqui, ou vive aqui há muitos anos, Juiz de Fora é o lugar onde se criam as nossas memórias. Então, a ideia é apresentar uma exposição com personagens da cidade, com vários registros de carnaval, da música e de obras importantes, para apresentar modificações que a cidade passou. Queremos dialogar com esse sentimento de ‘que cidade é essa, que se transforma tanto, mas que continuamos reconhecendo em função da nossa relação afetiva?’.” De acordo com ele, a exposição também é uma boa oportunidade para levar os visitantes a conhecerem mais sobre o acervo fotográfico de grande valor estético, social e histórico que o Memorial guarda.

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A curadoria selecionou as fotos através de um longo trabalho, em que foi feita a análise do acervo do espaço. “São milhares de fotografias, não só da presidência do Itamar Franco, mas também da época em que ele foi prefeito, entre 1967 e 1974, e muitas com uma densidade expressiva muito grande. Enquanto vamos fazendo um trabalho de processamento técnico, vamos conhecendo e reconhecendo essas fotografias, e já há bastante que temos vontade de fazer uma exposição com esse material”, explica Greggio. De acordo com Laura Kasemiro, então, foi preciso buscar o que eles realmente gostariam de transmitir. “Queríamos encontrar fotos que refletissem a ocupação social da cidade. A gente estava buscando um potencial estético e narrativo, ou seja, fotos que chamasse a atenção e que contasse sobre essa história recente de Juiz de Fora de forma nostálgica. Essa cidade tem sujeitos diferentes, formas diferentes de ocupar e de socializar.”

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Entre todas as artes, como explica Greggio, a fotografia consegue um efeito especial no que diz respeito a conexão com o tempo. “Acho que a exposição se apoia nessa força que a fotografia consegue ter de criar memória, e assim nos colocar em contato com a passagem do tempo. O tempo é inexorável, ele vai passar.” Da mesma forma, ele afirma que o objetivo da fotografia é criar uma atmosfera que se aproxima do passear pela cidade, ou como quem está folheando álbuns de família. “É a característica que a fotografia tem de registrar a memória e, ao fazer isso, nos colocar diante da passagem do tempo.”

Redescobrir a cidade

Para os curadores, a exposição é direcionada para todos os públicos, tanto aqueles que querem relembrar da cidade do jeito que as fotos trazem, quanto aqueles que querem conhecê-la pela primeira vez. “A exposição está bem em dia com o debate que se faz hoje na Sociologia, na História e nas Ciências Humanas em geral, que é um impulso à memória como uma relação com o passado que faz refletir. As novas gerações, que conhecem essa história de maneira indireta, podem também ter o olhar despertado para as mudanças que estão acontecendo na geração delas”, afirma Greggio. Entre as fotos, por exemplo, estão algumas que retratam a última viagem do bonde na cidade, as obras fluviais da Rua Halfeld, as obras no Bairro Santa Luzia, a abertura da Garganta Dilermando, além do carnaval e os desfiles.

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Mais de 50 anos separam o momento atual da época retratada pelas fotografias. O período faz com que seja possível perceber mudanças em diversos níveis. “É impossível a gente não ver o que mudou, em todos os aspectos. Tanto no que diz respeito à configuração da cidade, quanto a roupas e condições de trabalho, por exemplo. É o jeito mesmo de ocupar, de trabalhar, de acontecer que é completamente diferente”, diz Laura. Para ela, portanto, o objetivo de resgatar as fotos é “redescobrir Juiz de Fora” em uma época emblemática no que dizia respeito à vida cultural e social, e que representou um momento de obras importantes.

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O que as fotografias refletem

Poucas cidades brasileiras podem dizer que um “filho” seu chegou à presidência da República. Mas é o caso da Manchester mineira, que tem Itamar Franco como representante. “Itamar viveu sua vida inteira aqui, fez sua carreira em Juiz de Fora, foi prefeito aqui e teve uma gestão da cidade emblemática”, relembra Tarcísio. Foi também através das vivências no município, que são transmitidas através da atmosfera das fotos, que é possível entender como a história da cidade também se conecta com o seu despertar para questões sociais.

“As obras feitas durante a gestão de Itamar Franco foram erguidas por trabalhadores juiz-foranos. Ele afirmava que foi com o contato com os trabalhadores durante as obras, que ele foi apresentado aos problemas e questões sociais. E ele levou isso para a presidência, algo que nasceu no dia a dia das obras”, explica Laura. Para ela, esse efeito de afetação para o outro continua acontecendo quando as memórias são revisitadas e levam a uma reflexão da cidade. “Nós somos atropelados por várias subjetividades, sempre em movimento e transformação na cidade. Isso tem um potencial grande de encontrar essa memória da cidade, desvendar seu tempo e sua história.”

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