Já tendo lançado mais de uma dezena de livros, o poeta Alexei Bueno tornou-se reconhecido pelo vasto trabalho crítico, seja em apresentações de obras, seja em colunas de jornais. Dono de um repertório amplo, organizou coletâneas de poesias românticas e obras sobre a produção contemporânea, além de publicar, ao lado do artista plástico Vik Muniz, o livro Lixo extraordinário, baseado nas imagens feitas de restos e relatos de catadores do Jardim Gramacho.
Em seu mais recente lançamento, Cinco séculos de poesia (Editora Record, 208 páginas), Bueno reúne traduções feitas ao longo de 25 anos de 12 poetas renomados, desde o espanhol San Juan de La Cruz, que viveu no século XVI, até o francês Boris Vian, morto em 1951. Em edição bilíngue (com textos em inglês, francês ou alemão), o livro desnuda as referências poéticas de um dos maiores intelectuais vivos do país. Se há poemas meus nos quais nunca alterei nada, nem alterarei, em tradução, a tendência para alterar, para descobrir, a cada releitura, uma outra solução melhor é irresistível, embora algumas pareçam chegar a esse ideal apaziguamento que toda realização artística busca atingir, comenta Bueno em prefácio da obra.
A lapidação a que se refere o poeta pode ser sentida na corajosa tradução de O corvo, de Edgar Allan Poe. Sem intimidar-se – pela imensidão de traduções já feitas do texto seminal do escritor americano – Bueno afirma ter levado quase duas décadas para finalizar o poema, que resulta em exercício de preservação da forma, permitindo ao leitor a percepção de algumas semelhanças entre a escrita universal e a poesia brasileira.