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Conheça o Difluência, coletivo que realiza experimentações artísticas não convencionais

Difluência
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Aquela construção clássica de uma música, com os instrumentos fazendo aqueles sons mais típicos, tocando uma melodia seguida pela voz, em determinado tom. Ou ainda, a canção ou o tema instrumental presente em qualquer playlist: a que (geralmente) todo mundo ouve. Esse padrão, na verdade, é o oposto do que o Coletivo Difluência tem proposto e feito em Juiz de Fora. O grupo, que completa um ano neste mês, é fruto de experimentações que colocam em jogo os padrões e as construções artísticas convencionais. Entram nesse estudo e nas apresentações, ainda, as artes visuais, o audiovisual e a arte cênica, mostrando, então, que qualquer uma delas pode ser pensada de forma ainda mais ampla, fugindo das convenções pré-estabelecidas. A décima primeira apresentação do coletivo acontece nesta sexta-feira (19), no Occa, a partir das 19h, com cerca de 15 artistas reunidos. A entrada é R$ 10 e pode ser adquirida no dia, no próprio espaço.

Pedro Gabriel Lima é o fundador do Coletivo Difluência. Ele conta que a ideia de criar o grupo surgiu, simplesmente, pela vontade de apresentar suas experimentações de artes não convencionais, principalmente, no caso dele, com a música, em Juiz de Fora. Ele já havia apresentado esses seus estudos em outros ambientes, a partir, principalmente, de festivais, mas sentia o desejo de trazer isso para a sua cidade. “Isso abriu meus olhos para novas possibilidades do fazer musical”. Pedro trazia algumas influências de trabalhos parecidos com sua ideia, como o Artesanato Furioso, ligado à Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e o Seminal Records, um selo musical independente.

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O caminho foi abranger seus estudos para, de fato, se apresentar. E a primeira mostra foi dentro do edital Esparrama, da Funalfa. Era, ainda, uma ideia incipiente, mas que já trazia o ponto principal: “Um trabalho com inspiração livre e ruídos, o que é pouco convencional”, explica Pedro. Ele queria se apresentar ainda mais e, para isso, foi reunindo outros artistas com ideias parecidas para tanto aprofundar os estudos quanto complementar com outras artes e abordagens.

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Criar um coletivo era o mais ideal exatamente no sentido de fortalecer a ligação, perpetuar e manter esse tipo de circuito artístico não convencional, como o Difluência propõe. Na época, há um ano, Juiz de Fora não tinha um grupo que fizesse movimentação parecida. E foi encontrando integrantes que Pedro se deparou com grupos anteriores com propostas parecidas, como o Uavisiliu, dos anos 1980, e o 4zero4, de 2014. “A abordagem deles não é exatamente igual a nossa, mas, pelo menos na música, a linha de prática é semelhante. Pode-se dizer que o Difluência é o terceiro grupo de arte não convencional da cidade”, explica o fundador.

Coletivo Difluência reúne artistas de diversas áreas para pensar nas formas de fazer a arte não convencional (Foto: Marcela Rosa/ Divulgação)

Repensar o “como fazer”

Na medida em que as apresentações foram acontecendo durante este ano, mais pessoas se interessavam e procuravam para fazer parte do Difluência. Atualmente, são cerca de 60 músicas envolvidos no coletivo. “Todos os envolvidos têm a abordagem dessa linguagem, seguindo o direcionamento do grupo que é repensar esse ‘como fazer’ de maneira menos convencional e funcionalista, em que a atenção está, também, na forma como você organiza essa prática artística”. A grande parte dos artistas, inclusive, passaram pelo Instituto de Artes e Design (IAD-UFJF).

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Para exemplificar, de fato, o que é feito nas apresentações, Pedro cita o ruído, uma das técnicas utilizadas pelos artistas. “A ideia é integrar o ruído em um discurso artístico de modo que ele não fique funcionalizado. Na prática, ele seria tão protagonista quanto uma nota, por exemplo. Ele tem uma importância maior e menos funcionalista que um simples efeito. A ideia é pensar não só o que você usa no discurso artístico, que pode ser música, pintura, filme, mas muito também como você organiza isso.”

Pode parecer que, por ser uma prática não convencional, coisas convencionais, como um ensaio, sejam deixadas de lado. Mas, não. Apesar de apostar na forma livre, as músicas, que podem ser composições próprias ou de outros compositores, são ensaiadas de forma a apresentar o que há de livre e de maior dissenso ali. “Boa parte das músicas que a gente toca tem um grau de liberdade considerável. Algumas entregam algumas regras a serem seguidas e, a partir disso, improvisar. Mas existe improvisação livre e total também”. É por isso ainda que algumas demandam mais ensaios que outras – como qualquer apresentação de um grupo musical. A diferença está, de fato, na forma como as músicas são concebidas, pensadas e, por fim, apresentadas.

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As apresentações envolvem, além dos números pré-pensados pelos membros, momentos interativos com o público, sessões abertas de improvisação livre, vivências de desenho automático, vivência de soundpainting e oficina de experimental sonora e composicional. Vivências de onde surgiram vários dos novos artistas envolvidos que, como conta Pedro, já estão compondo para futuras apresentações. “Tem esse aspecto com o público que é importante. Mas todas as abordagens têm intenção de propor experiências que seriam livres, não no sentido vazio, de acontecer qualquer coisa, mas, sim, livres de regras que ditam grande parte das práticas artísticas mais convencionais. Essas diferentes abordagens com o público também são uma maneira de manter a roda desse circuito artístico girando, devido esse caráter de proporcionar novas experiências e de aquele que desejar também ser um agente dessas experiências.”

Integrantes do Difluência

Atualmente, o grupo é composto por Anna Lamha, João Cordeiro, Guilherme Viñas, Ivo Lazarevitch, Nariá Assis, Natália Reis, Leandro Domith e Paula Mermelstein, que já tinham práticas similar à do Difluência; Bruno Iennaco, Cláudia Bergo, Estevão Franca, Lucas Lima, Tadi Martinelli, Patrícia Almeida, Pedro Dias, Everton Surerus, Grisa, Wendy Ferreira, João Aquino, Alice Ruffo, Vitor Hugo de Oliveira, Daniel Carvalho e Bruno Schultz, que entraram a partir de eventos e oficinas do coletivo; e Paulo Motta, um dos criadores do Uavisiliu, e Fred Fonseca e Stanley Bara, que participaram do 4zero4. Além, claro, do Pedro.

Apresentação de sexta

Nesta apresentação para comemorar um ano do Coletivo Difluência, eles contam com a presença de J-p Caron, músico também experimental que tem ensaiado com o grupo para se apresentar na sexta. E cada apresentação traz uma proposta, os artistas se revezam, apresentam ou solo ou em grupo, composições próprias ou de outros. A ideia primordial é experimentar o não convencional, que pode habitar em diversas esferas artísticas.

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