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Exposição sobre os 50 anos dos videogames chega a JF

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Em atividade desde 2015, Museu do Videogame Itinerante já foi visitado por milhões de pessoas no Brasil e no exterior (Foto: Divulgação)
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Com apenas cinco décadas de existência, os videogames conquistaram gerações desde a criação do primeiro console, em 1972. Parte dessa história pode ser conferida na exposição “50 anos de videogames”, do Museu do Videogame Itinerante, que pode ser visitada até o próximo dia 29, no Independência Shopping. A mostra reúne mais de 350 consoles, desde o seu precursor – o Magnavox Odyssey – até os modelos atuais. Além disso, o público poderá jogar alguns games clássicos em aparelhos clássicos (entre eles o Telejogo Philco-Ford, Atari 2600, Odyssey, Nintendinho 8 bits, Master System, Mega Drive) e conferir atrações como Palco Just Dance, simuladores de corridas, torneios de jogos antigos e atuais, controles gigantes, realidade virtual e as áreas PlayStation 5, Xbox Series e Nintendo Switch.

Idealizado por Cleidson Lima, que também é seu curador, o Museu do Videogame Itinerante recebe cerca de cinco milhões de visitantes por ano (antes da pandemia) e já passou por 18 estados brasileiros, sendo o primeiro do gênero do país registrado pelo Ibram (Instituto Brasileiro de Museus). O museu recebeu, em 2014, o prêmio do Ministério da Cultura como o museu mais criativo do país, e, em 2016, foi um dos museus brasileiros escolhidos para representar o país no maior encontro de museus do mundo, em Paris, e ainda participou, em 2019, do London Games Festival, o maior evento de games da Inglaterra.

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E todos esses números, prêmios e convites são fruto de uma discussão de casal ocorrida há mais de uma década, que Cleidson jamais poderia imaginar que teria um impacto tão grande em sua vida. “O Museu do Videogame Itinerante nasceu, em 2011, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, de uma DR (discussão de relação) com minha esposa, Janaína Ivo”, conta. “Eu já colecionava videogames há décadas, e chegou a um ponto que minha casa inteira tinha videogames. Só não havia videogames pendurados na cozinha e no banheiro. Até que um dia minha esposa me deu um ultimato: ‘Ou você transforma essa sua coleção em um museu, para tirar isso tudo de casa, ou você será mandado para fora de casa com seus videogames juntos’. Eu mostrei quem manda em casa: ELA (risos).”

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Ultimato dado, Cleidson passou a percorrer o Brasil com o Museu, chegando a levar o projeto para a França e Inglaterra. E os cinco milhões de visitantes anuais alcançados até 2019 são explicados pela coleção, que inclui modelos – além do pioneiro Magnavox Odyssey – como o Atari Pong (primeiro console doméstico da Atari), de 1976; Fairchild Channel F, de 1976 (primeiro console a usar cartuchos de jogos); o Telejogo Philco Ford, de 1977 (o primeiro videogame fabricado no Brasil); o Nintendo Virtual Boy, de 1995 (primeiro a rodar jogos 3D); e o Microvision (primeiro portátil a usar cartucho), de 1979.

Décadas colecionando consoles e jogos

Questionado sobre como adquiriu sua coleção – que, a princípio, pode-se imaginar que consumiria valores exorbitantes -, Cleidson afirma que nunca pagou caro em um videogame, e que muitos que estão no Museu do Videogame Itinerante são doações de fãs de todo o Brasil e até mesmo do exterior. “Já tivemos doações dos Estados Unidos, Holanda, Inglaterra, Japão, Portugal, Argentina e da Hungria. Alguns itens são de colecionadores amigos do museu de várias partes do Brasil que disponibilizaram videogames raros para serem apresentados na exposição”, explica. “Sou jornalista por formação, e durante 25 anos viajei para várias partes do mundo a trabalho e aproveitava todas elas para adquirir itens para minha coleção pessoal. Em média, pagava cinco, dez e 50 dólares por item. Entre os itens raros estão os primeiros consoles da Nintendo, da Sega, da Atari e alguns Pongs da década de 70. Há console até da antiga União Soviética.”

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Ainda sobre o comércio dessas raridades eletrônicas, ele ressalta que os videogames seguem o mesmo conceito de qualquer outro item colecionável. “O valor do aparelho varia muito, e a equação passa pelo conhecimento do vendedor, o conhecimento do comprador, a raridade, a importância daquele item dentro de um contexto histórico em seu país e, principalmente, a necessidade de quem vende. Uma obra de arte do Louvre não vale muito se o vendedor não souber o que significa nem tampouco o comprador que não entende de arte dará importância”, pontua.

Memórias afetivas

Muita gente que já passou dos 40 anos – e mesmo uma geração um pouco mais jovem – certamente tem ligações afetivas com os consoles e games que fizeram parte, principalmente, de suas infâncias e adolescências, e que por causa disso passam por momentos emocionantes quando visitam o acervo do museu de Cleidson. “Temos dezenas de casos de pessoas que visitam o Museu do Videogame Itinerante e são flagradas chorando em frente a um Atari, Nintendinho, Master System, Mega Drive, Super Nintendo e muitos outros. Eles não choram por causa do aparelho ou do jogo, mas sim pela memória afetiva instantânea que aquela experiência traz para ele. É a lembrança de quando jogava com o pai, com os irmãos, com os amigos do bairro, da locadora da rua. Eu sempre digo que o Museu do Videogame Itinerante não é um evento de games; é um evento de história de pessoas com os videogames.”

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E quanto a Cleidson: o que o levou a se apaixonar pelos jogos eletrônicos a ponto de criar um museu? E qual foi seu primeiro console e seu primeiro contato com esse universo?
“O videogame mais importante para mim no museu não é o mais raro, não é o mais caro, nem o mais bonito. Ele é o meu primeiro videogame: um Supergame CCE VG-2800, de 1984. Era um clone do Atari 2600 que meu pai me deu quando eu tinha por volta de 13 ou 14 anos. Ele custava metade do preço de um Atari oficial da Polyvox, mas era o que ele podia pagar. E fui muito feliz jogando apenas um jogo (Pac-Man) por muito tempo”, diz. “Eu sempre quis ter um videogame desde que joguei pela primeira vez um Telejogo Philco Ford, em 1977. Eu tinha cinco anos e já sabia que gostava daquilo. Minha vida profissional sempre foi focada em tecnologia, e videogames acabaram se tornando naturalmente minha preferência. Eu me tornei colecionador como forma de estudar a história dos videogames não só na teoria, como também na prática”, encerra.

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