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LUIZGA faz show em Juiz de Fora neste domingo

LUIZGA
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“Eu acho que compor junto é um exercício de alteridade e humildade, diplomacia”, afirma LUIZGA sobre seu trabalho (Foto: Divulgação)
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LUIZGA (Luiz Gabriel Lopes) acredita que as pessoas passam e deixam ali um pedaço delas mesmas. E esses rastros deságuam, no caso dele, em forma de novas canções. Às vezes, as referências são imperceptíveis aos ouvintes. Mas tem, em seus trabalhos solo, um pouco do Graveola, do Rosa Neon, do Tião Duá, das pessoas com as quais relacionou em Portugal, da comunidade indígena Huni Kuin, no Acre, das de Belo Horizonte, onde passou boa parte de sua vida, das de Entre Rio de Minas, onde nasceu.

É tanta gente em que ele “cola”, como fala, que é como se suas músicas fossem sempre reflexo de sua vivência e daquele momento no qual elas foram geradas. Aquilo de viver o momento presente, e “só sentir”, como também diz. Apesar de estar sempre fazendo junto, no palco prefere estar sozinho, com sua voz e seu violão. E é dessa forma que ele chega, mais uma vez, a Juiz de Fora, neste domingo (17), no Beco, a partir das 18h. A abertura da noite vai ser feita com o juiz-forano, também em voz e violão, Renato da Lapa.

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“Eu acho que compor junto é um exercício de alteridade e humildade, diplomacia”, afirma LUIZGA. Compositor prolixo assumido, o músico mineiro trabalha com quem ama. Conta que é da sua essência mesmo realizar conexões, como que pela lei natural dos encontros. E assim novas músicas, realmente, nascem. Compor junto, para ele, é ainda forma de sair do conforto: estar de cara com personalidades diferentes e fazer isso motivo para cantar. “Tem a ver ainda com a expansão do seu léxico e vocabulário”, enumera. “Leva a uma expansão pessoal, artística e espiritual muito interessante de aprendizado. A gente aprende só observando.”

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Olhando seu Spotify, dá para perceber a concretização de suas falas. Grande parte dos seus últimos lançamentos são fruto de parcerias: o álbum “Aiê”, com Edgar Valente, “Arqueiro voador”, com Magupi, “Destino no clã”, com Nanan e Gustavito (parceiro antigo de LUIZGA), “Yemamaya”, com iZem. E tem ainda os álbuns que fez quando fazia parte de bandas como Graveola, Rosa Neno e Tião Duá. Para LUIZGA, deixar essas rastros no mundo é forma de escrever uma cartografia da vida. “É um exercício de expor isso e conseguir criar sinais nesse panorama histórico da música brasileira e do mundo. É um pouco essa vontade de mapear para nós mesmos e para o público.”

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LUIZGA mora em Portugal e, desde o começo no ano, faz uma turnê por cidades brasileiras. Além da possibilidade de apresentar sua canção em diversos espaços, encontrou tempo para reavivar e começar parcerias, mirando novos lançamentos – a maioria sem data marcada. Durante a entrevista, por exemplo, ele estava em um estúdio, no interior de São Paulo, com Bárbara Rodrix, para um projeto que, na verdade, não sabe quando deve ser lançado. Conta ainda que, neste ano, sai um EP em parceria com Paulo Novaes. No Rio de Janeiro, afirmar querer produzir com Letícia Fialho. Tem ainda Nath Rodrigues e Luiza Brina, outra parceira antiga com quem já produziu um tanto, apesar de nada só dos dois. “O fogão de lenha está sempre acesso”, brinca.

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Esses encontros têm a ver também com uma vontade na qual LUIZGA afirma ter se jogado: experimentar cada vez mais dentro do estúdio. Tanto que conta que, de fato, está sempre gravando com alguém. “Eu entendi que isso faz sentido: essa experiência constante do laboratório do estúdio. De você ir sempre gravando, porque você vai aperfeiçoando também sua capacidade de produzir. É um laboratório. A parada do artista é também correr atrás do seu próprio ideal de consistência e verdade – acho que a gente está sempre em busca dessa verdade, do nosso coração, da gente transmitir.” E mesmo quando o trabalho é todo seu, tem esse processo envolvido, ainda mais por se tratar de um artista que compõe, produz e grava suas músicas.

Músicas-amuleto de LUIZGA

Nos últimos tempos, LUIZGA tem compartilhado em suas redes sociais vídeos antigos que foram publicados há anos no YouTube. Revisitar essas canções – muitas delas foram lançadas em seus trabalhos com outros arranjos – é, para ele, perceber o caminho percorrido, o que passa e o que não passa. Dentre elas, tem “Lembrete”, música que foi lançada pelo Graveola e que virou tema de um tanto de amizades por aquele refrão que reforça a importância de estar junto e reconhecer as raízes. E não só: “‘Lembrete’ tem uma simbologia muito forte. É muito bonito ver que o tempo passa e a música parece que continua se ressignificando e vai fazendo cada vez mais sentido, entrando na vida de muita gente”.

“Essas músicas viram amuleto não só para outras pessoas, mas para mim mesmo. São amuletos para a vida. São canções escritas a partir de um lugar muito profundo e verdadeiro, de vivência, que tem uma cartografia da própria vida ali dentro, meio autobiográfica, mas que é universal, porque fala de sentimento”. Ele cita, além de “Lembrete”, “Apologia”, que está em eu álbum “MANA” e “Minha irmã”, disponível no EP “Presente”. “São músicas que levam para um lugar muito humano. A canção tem muito isso de transmitir, e eu acho que é por isso que as pessoas choram, se emocionam.”

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“Para onde o barco está apontando”

Ser quase um cameleão, que roda e se adapta, é registro de sua cartografia. E mesmo sozinho, voz e violão, LUIZGA carrega tanta gente quando pega o instrumento e canta. “Eu amo tocar sozinho. Faz parte mesmo da minha personalidade artística. Talvez tocar sozinho é um dos lugares onde eu mais me sinto completo, porque tem uma liberdade. Você só negocia com você mesmo. É assustadoramente livre encarar e desenvolver isso.” Com o violão, consegue ir, como que de uma ponte aérea, do Acre, imerso na Floresta Amazônica, à Lisboa: seus faróis.

LUIZGA conta que, para o show, pretende balancear: metade músicas novas, que ainda nem foram lançados, metade canções conhecidas. “É uma coisa de condensar, e sentir com a galera para onde o barco está apontando. E serve como um encontro comigo mesmo. Eu vou ali, mas é um encontro comigo mesmo através das pessoas, e das pessoas através de mim. Um lugar de celebração.”

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