A história em quadrinhos “Murilo Brasiliensis”, desenvolvida por quatro ex-alunos do Instituto de Artes e Design da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), será lançada nesta quinta-feira (14), no Museu de Artes Murilo Mendes (MAMM), às 18h. A obra busca contar a vida do poeta juiz-forano Murilo Mendes, apresentando os principais pontos de sua trajetória e o contexto histórico do modernismo em sua vida, buscando fazer com que os leitores queiram conhecer mais sobre seu trabalho literário. Para isso, Gabriele Teodoro, Vitor Knop, Thiago Lopes e Lucas Dutra criaram uma obra interativa, que foi financiada pela Funalfa por meio da Lei Murilo Mendes e que será vendida por R$15.
A ideia de criar essa HQ surgiu da vontade dos estudantes em contribuírem para a democratização do acesso à história da arte, enquanto uniam as suas habilidades para a criação do projeto. Gabriele Teodoro, idealizadora da iniciativa e que também estuda o poeta e o modernismo em seu doutorado, sugeriu que fizessem sobre a história de Murilo Mendes também pela importância que o escritor tem para Juiz de Fora. “Nossa intenção era fazer uma HQ que fosse interativa e que fosse democrática, que as pessoas pudessem entender e não que fosse de difícil assimilação ou que ficasse só pra gente”, diz.
Entre os pontos destacados sobre a vida do poeta, ao longo da narrativa, estão os personagens do período dos anos 20, seus amigos e influências. Nas passagens, por exemplo, aparecem os estudos de Murilo na Academia de Comércio, a amizade com grandes artistas como Belmiro Braga, com quem aprendeu as primeiras rimas, Baudelaire, Mário de Andrade, Ismael Nery, Alberto Guignard e Cândido Portinari. Além disso, também é abordada a passagem do cometa Halley, uma apresentação do bailarino russo Nijinsky que inspirou o juiz-forano, seu casamento com a poetisa portuguesa Maria da Saudade Cortesão e as viagens do poeta à Europa.
Para conseguir dar conta de todos esses temas, o roteirista do projeto, Thiago Lopes, conta que o processo da criação do quadrinho ocorreu a partir da leitura de diversos materiais, artigos, fotos, vídeos e poesias do poeta. Com essas inspirações, partiu para a construção da narrativa. “Faço esboços iniciais do layout da história, colocando as primeiras ideias no papel. Em seguida, revisito o trabalho, aprimorando detalhes e refinando o enredo”, conta. Em seguida, o seu trabalho passa para o desenhista, que recebe o material para poder dar vida aos personagens e cenários, enquanto os dois mantêm uma comunicação constante para ajustes e melhorias, fazendo a definição de personagens e dos traços que os caracterizam. “Foi feita uma pesquisa prévia com o máximo de imagens e vídeos das pessoas que seriam transformadas em desenhos. Em seguida, quando os personagens foram desenhados, busquei referências em outros ilustradores de histórias em quadrinhos, tanto de autores que eu já conhecia como novas referências que se encaixavam no nosso projeto”, explica Vitor Knop, responsável pelos desenhos.
Facilidade de acesso e leitura lúdica
Para Gabriele, uma vantagem das histórias em quadrinho é justamente a facilidade de dialogar com diferentes públicos. Apesar de a obra ser voltada para todas as idades, os estudantes do ensino fundamental e ensino médio são um público intencionalmente procurado, já que o modernismo faz parte dos temas que são abordados em exames para entrada na faculdade. Sendo assim, para ela, essa se tornou uma forma de tentar despertar o interesse pela história. “Queria que as pessoas pudessem conhecer mais dos poemas e das histórias do Murilo Mendes. Falar dele é falar muito desse período dos anos 20, apresentar esses personagens, os amigos dele”, diz.
Além da importância nacional do poeta, por ele ter nascido em Juiz de Fora, também conta com um museu que tem um acervo enorme sobre ele na cidade. Ela afirma, ainda, que essa é uma maneira de aumentar o diálogo das pessoas com esse espaço e aumentar o interesse por frequentar o museu. “A gente queria que fosse algo introdutório e lúdico. O Murilo Mendes também era muito lúdico. Não necessariamente estamos contando a história ‘dura’. Mas queremos desenvolver esse interesse por conhecer o museu, o acervo e as obras”, afirma.
Por isso, como ela explica, a construção da narrativa também foi feita de uma forma que a história não é linear. “O leitor escolhe para onde a história vai, é possível ler algumas vezes e a cada vez ver uma narrativa diferente”, explica. Na obra, por exemplo, as pessoas podem decidir ‘avançar’ para uma parte ou outra, e assim a história vai se desenvolvendo de acordo com suas escolhas. Como teve este foco também para alunos, Gabriele explica que o grupo também fez uma pesquisa em escolas estaduais para ver se os professores de arte teriam interesse na HQ para usar como material didático complementar, o que aconteceu. A partir disso, também foi criada uma oficina de quadrinhos, que vai ser oferecida pelo grupo em fevereiro.
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