A mostra “Natureza das Expressões”, que teve início em agosto deste ano, começa uma nova etapa nesta terça-feira (14), com a participação de três novos artistas. Adriana Lopes, Laurie Venturi e Ronald Polito foram convidados pelos pintores Jorge Hallack e Adauto Venturi, a partir da iniciativa do empresário Luiz Espada, para exporem seus trabalhos, que também dialogam com a proposta de olhar para a natureza e seus sentidos trazida pelos artistas, mas em diferentes materiais e suportes. Um encontro irá acontecer para apresentar essa nova etapa na mesma data, das 18h às 22h, e a mostra segue até dia 28 de novembro no Espaço Rh (Estrada Eng. Gentil Forn, 1805 – segundo piso – Morro do Cristo).
Para a exposição, a ceramista Adriana Lopes trouxe peças feitas no “Galpão Cerâmica”, que surgiu no espaço cultural Casa do Sol, com objetivo de incentivar o artesanato local em São José dos Lopes. Esse distrito fica na serra de Conceição do Ibitipoca, e conta com cerca de 300 habitantes. Durante cerca de dois anos, ela se dedicou a ensinar as mulheres de lá a aprenderem o artesanato e escolherem formas de se expressar. “Elas fizeram bonecos e bichos de cerâmica. São cerca de 20 peças, em um trabalho com personagens que elas criaram, a partir da realidade delas. São personagens vivos e reais da comunidade, tanto os bichos quanto as pessoas”, explica. Para ela, a oportunidade da exposição é capaz de mostrar o artesanato feito por essas mulheres, e realizar uma “fusão artística” a partir da exposição dos trabalhos em artesanato refinado e arte em diferentes estruturas.
Já Laurie Venturi, que é estilista e fundadora da marca slow fashion LaVe Clothing, traz, como trabalho autoral, lenços de seda, feitos com estampa frottages trabalhados por Adauto Venturi, seu pai, e tingidos com pigmento natural. “Temos lenços tingidos com pó de catuaba, casca de cebola, de jurema, de jabuticaba e de romã”, exemplifica. Desde o seu Trabalho de Conclusão de Curso, na área da moda, ela tem buscado integrar elementos do trabalho do pai com o dela. Da mesma forma, sua marca prioriza a interconexão entre moda e artes plásticas, assim como a valorização do bem-estar e de processos sustentáveis. “Meu trabalho na moda é mais atemporal. Tenho uma marca de slow fashion e busco ao máximo trabalhar com tecidos naturais, produção local. Quero trazer sempre o bem-estar fisico e visual para as minhas clientes, para que elas se vistam confortavelmente sem perder a beleza e o estilo”, afirma.
Ronald Polito, por sua vez, apresenta composições de pequena escala, trabalha com guache e caneta sobre papel-manteiga queimados e colados sobre Canson, bem como com guache, nanquim e caneta sobre papelão. Em uma reunião de trabalhos que priorizam as formas da geometria e da natureza, ele quer a valorização da delicadeza e dos detalhes. “Na exposição, privilegio mandalas, por exemplo. Eu acho que é uma coisa comum a toda humanidade, todos os seres humanos se interessam pelas formas circulares, talvez pelo nosso olhar para o sol e para a lua. Estou replicando um motivo universal. Quero que as coisas sejam um deleite para os olhos em meio a tantas imagens perturbadoras. Tenho um interesse por formas mínimas, nesse contexto da arte contemporânea, em que tudo é gigantesco”, explica. Para fazer isso, ele busca traços que se distanciam da brutalidade “tanto do ponto de vista da forma quanto das cores”. Poeta e tradutor há anos, ele sempre manteve as artes visuais em paralelo, de forma privada, até que há cerca de 15 anos esse processo se tornou “intenso, frequente, cotidiano”, e fez com que ele começasse a expor. Somente este ano, participou de mostras em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro também.
Obras de Jorge Hallack e Adauto Venturi seguem expostas
As obras de Jorge Hallack e Adauto Venturi seguem sendo expostas, apresentando um viés abstrato e de valorização das paisagens naturais. As pinturas de Hallack são feitas em diversas séries, com diferentes cores e formas, para mostrar a liberdade que ela tem. Para conseguir o resultado desejado. O trabalho de Adauto Venturi, por sua vez, traz uma pintura feita em várias camadas, com elas sendo sobrepostas a partir da tinta acrílica. Para ele, essa é uma forma de relembrar as matas e as florestas.
Os dois artistas, que tem carreiras e trajetórias separadas, foram convidados para fazer essa exposição juntos por Andrea Peres, que é a curadora. De Jorge Hallack, são 30 telas expostas, enquanto de Adauto são nove telas em grandes formas e mais alguns objetos escultóricos para criar variedade de ocupação do espaço. Os dois também pretendem fazer visitas guiadas, que podem ser agendadas.
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