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Expandindo fronteiras

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Embora tenha muito que se batalhar na cidade quando se discute música, sobretudo a autoral, é com otimismo que os especialistas observam as perspectivas de formação em Juiz de Fora. Acredito que assistiremos a uma verdadeira revolução musical e educacional em Juiz de Fora e arredores nas próximas décadas, opina Luiz Castelões, vice-diretor do Instituto de Artes e Design (IAD) da UFJF e cocriador de sua nova modalidade, a composição musical, a segunda da área em Minas Gerais.

Outra novidade é a implantação da licenciatura em música, que, segundo o diretor do IAD Ricardo Cristófaro, é um importante degrau no ensino da música na cidade. É mais uma frente de atuação e representa o papel social da universidade pública em investir em carreiras de licenciatura, que foram abandonadas pelas instituições particulares e têm um papel primordial na sociedade. Além disso, há uma carência histórica de professores licenciados na área musical.

Castelões destaca ainda que o curso dará atenção especial aos novos meios de circulação da música autoral, fortalecendo a imagem da UFJF neste campo do conhecimento. Penso especialmente na capacidade que a internet deu ao artista independente de divulgar seu trabalho para um público mais numeroso e diversificado. A produção realizada do bacharelado em composição tende a servir como veículo de divulgação do trabalho artístico, acadêmico e tecnológico desta universidade pelo Brasil e pelo mundo.

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Ricardo Cristófaro acrescenta que a implantação das novas graduações também solidifica a cidade como polo de profissionais da música. Juiz de Fora tem tradição na formação de bons músicos, que antes vinham de conservatórios e outras instituições privadas.

Para o presidente da Cooperativa da Música de Minas (Comum), Fred Fonseca, a implantação dos cursos é um passo importante para o reconhecimento da cidade como referência musical. O fato de haver o curso de composição é algo emblemático, que dá muita força à música autoral local e impulsiona uma organização da classe. A licenciatura acaba fechando uma cadeia de conhecimento na cidade, é um claro investimento em formação continuada, uma das discussões que constam, inclusive, no Plano Municipal de Cultura, opina Fred.

Para Ricardo Cristófaro, a implantação da licenciatura vem em um momento oportuno, atendendo a necessidade, criada por uma lei sancionada no Governo Lula, que torna obrigatório o ensino de música nas escolas. Em Minas Gerais, há apenas quatro cursos de licenciatura em música, e, em todo o país, há uma deficiência no número de profissionais. Ainda não foi definido como o ensino de música deverá aparecer nas instituições de ensino, se como uma ramificação das artes ou disciplina autônoma, mas a criação da licenciatura certamente já cria a perspectiva de fortalecer o ensino em Juiz de Fora. Segundo ele, o colégio de aplicação da UFJF, João XXIII, é uma das instituições que leciona música com profissionais habilitados para tal. Com o novo curso, haverá um número muito maior de professores para atuar nas escolas da cidade.

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Cristófaro acrescenta, ainda, que os dois cursos dialogam com as premissas atuais da educação, menos voltadas para conteúdos e mais preocupadas com a formação humanística dos estudantes. Este tipo de ensino certamente passa pela educação musical e artística, possibilitando formação abrangente. As escolas estão começando a se mobilizar para isso, em grande parte por conta do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que adota estes princípios, pondera.

Perfis estudantis e profissionais

O anúncio da criação das graduações – e nove outras, em áreas que vão da medicina veterinária à licenciatura em libras – foi feito no início da semana pelo reitor Henrique Duque. Os cursos já farão parte dos processos seletivos para o ano letivo de 2014, tendo a licenciatura em música a oferta de 40 vagas anuais, somente para o primeiro semestre. As aulas serão ministradas no período diurno, e o curso terá duração de quatro anos. Há a previsão de contratação de seis professores, três técnico-administrativos em educação e dois músicos acompanhantes.

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Já a composição musical, também oferecida no período diurno, será uma das opções do bacharelado em música, além das existentes de canto, violão, violino, violoncelo, piano e flauta transversal. Os candidatos concorrerão às 30 cadeiras disponíveis, sem direcionamento por modalidade.

Para os dois novos cursos, o candidato deverá fazer prova de habilidade específica, de teoria/percepção musical, com questões objetivas, algumas com base em trechos musicais gravados. No caso do bacharelado, haverá também um exame prático, em que serão observadas a desenvoltura e a técnica instrumental em 15 minutos de performance livre. Entretanto, Ricardo Cristófaro destaca que a licenciatura não é voltada apenas para músicos ou aspirantes a uma carreira musical. É dedicada também àqueles que queiram atuar no ensino ou aprofundar o conhecimento em música.

O bacharelado é direcionado a músicos com conhecimento prévio e que desejam a profissionalização. O bacharel estará apto a trabalhar na indústria criativa (como criador sonoro/musical para vídeo, TV, rádio, cinema, games, dança, teatro), em funções do mercado de trabalho mais específico da música (ex.: arranjador/regente de coros) ou como pesquisador e professor, principalmente em nível superior. O novo bacharelado surge inclusive plenamente integrado à linha de Música e tecnologia do mestrado do IAD/UFJF, formando um corredor educacional que vai do final do ensino médio à pós-graduação, explica Luiz Castelões.

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