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Bruna Marlière e Thiago Pável lançam trabalho autoral

Pra Demorar p Divulgacao
Capa projeto Pra Demorar Divulgacao
Capa do lançamento é um recorte do jornal do dia do nascimento de Bruna (Foto: Divulgação)
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Bruna Marlière perdeu seu pai, Marquinhos 66, e sua avó, que era quase como mãe, em menos de um ano, por causa da Covid-19. Antes disso, ela, que, inclusive é cantora e compositora muito por influência de seu pai – importante nome da música juiz-forana -, já tinha um projeto autoral com seu companheiro, Thiago Pável, também músico e compositor. A primeira música dessa parceria foi a “Pra demorar”, mesmo nome que eles colocaram no projeto. A dupla entrou em 2020 com ânimo para gravar o primeiro disco autoral. Mas veio a pandemia, e esse projeto, oficialmente, só entra agora no mundo digital com o lançamento de “10 de janeiro”, neste domingo (16), com uma outra proposta.

Isso porque, com a morte de Marquinhos 66, a ideia foi, primeiro, continuar pensando em um álbum para, pelo menos, ocupar o tempo e ajudar na fase do luto. A pré-produção, feita junto com Nathan Itaborahy, passou a ser on-line e já estava praticamente pronta. “Mas a pandemia foi piorando, o dinheiro ficando mais apertado, o emocional piorando, tudo piorando”, desabafa Bruna. Em março de 2021, sua avó morreu. “Aí, não tinha mais clima para fazer nada. As energias estavam todas ali para sobreviver.”

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Bruna viveu intensamente seu luto, com Thiago ao seu lado. Especialmente nas vésperas do aniversário da cantora, parecia que suas emoções estavam a flor da pele. “Foi uma semana difícil, e eu insistia em comemorar de alguma forma, em um sítio, com a família e alguns amigos. Em um dia antes de ir para o sítio, eu tive uma crise de choro e tentei explicar ao Thiago o que eu estava sentindo. Eu falava que queria ser filha. É uma coisa muito doida. Como minha avó era como uma mãe, foi como se eu tivesse perdido uma mãe. E eu tinha perdido meu pai recentemente. Foi um sentimento de desamparo. E eu sentia que o Thiago não entendia o que eu estava falando. E eu falava que era isso de querer ser filha, ser cuidada, de ter um lugar para voltar. É complexo.”

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Eles foram para o sítio. Na primeira manhã lá, Bruna acordou e Thiago mostrou a ela a música que tinha acabado de fazer. “Cada palavra toca diretamente em um momento muito específico do que eu vivi. Ela me ajudou a elaborar mais uma vez esse tanto de sentimento, de coisa, e foi bom. A arte tem disso: ultrapassar a parte lógica, racional, e eu sou muito racional. A música em mim tem essa função de tocar antes do raciocínio. Ela chega e vai direto para dentro, sem precisar de muitas coisas.” Assim Bruna conheceu “10 de janeiro”. O nome faz referência à data de seu aniversário. No mesmo fim de semana que ela é lançada, também com clipe no YouTube, o duo participa, com a música, do Festival Canta São João, que vai acontecer neste fim de semana em Taruaçu, distrito de São João Nepomuceno.

Escolher lançar essa música e, de certa forma, abandonar a ideia daquele outro disco, foi um jeito, também, de recomeçar: assumir em um outro lugar, depois de tanta coisa. Bruna enxerga que essa música ao mesmo tempo que encerra um ciclo abre os dois para um novo. É um recomeçar de outra forma. Seu lançamento, além da letra que é como um retrato do tempo pandêmico e do que resistiu e não resistiu dele, traz uma série de outros simbolismos que fazem sentido ao duo. A capa, por exemplo, é um recorte do jornal do dia do nascimento de Bruna. Ela nasceu duas horas antes de sua mãe fazer um vestibular, e isso circulou na impressa local.

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Mesmo que a letra seja de Thiago, é um sentimento que Bruna compartilhou com ele. Ou seja: é em dupla – tudo no Pra Demorar é um dupla. O clipe, inclusive, mostra isso: os dois, juntos, mas a rede que se criou que possibilitou se reerguer. No refrão, eles listam o que desmoronou, o mundo, a vida, e concluem: “Mas a gente criou raiz”. “É a última música que surgiu e simbolicamente vai dar início a esse projeto autoral, que ficou dentro da gaveta esse tempo todo”, conclui Bruna.

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