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Documentário inédito narra a história da primeira palhaça negra no Brasil

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Considerado a principal atração do Circo Guarany nas décadas de 1940 a 1960, o palhaço Xamego era encenado pela atriz Maria Eliza Alves dos Reis. A primeira palhaça negra no Brasil tem sua história contada no documentário inédito Minha Avó Era Palhaço!, que o SescTV leva ao ar nesta sexta-feira, às 20h, com direção de Ana Minehina e Mariana Gabriel, neta de Xamego. A exibição faz parte do CircoS – Festival Internacional Sesc de Circo, que começou na última sexta-feira, e vai até 18 de junho, com espetáculos e atividades em 13 unidades da capital paulista. Na TV, o documentário vai ao ar no SescTV, disponível no canal 128 da Oi TV e no site sesctv.org.br/ao vivo. As reapresentações acontecem sábado (17), às 20h; domingo (18), às 8h e às 16h; e segunda (19), às 5h e às 13h.

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Mariana, que também sonha em ser palhaça, não conheceu a avó, mas sempre ouviu histórias sobre ela. “Memórias que não saem da minha cabeça e que carrego com os meus guardados mais preciosos”, comenta. No documentário, essas lembranças vão construindo a história de Maria Eliza por meio de depoimentos da família, de representantes do circo e de especialistas.

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Daise Gabriel, filha de Xamego, recorda o início da carreira de sua mãe, com luxo e conforto. Filha do proprietário do Circo Guarany, João Alves, Maria Eliza já nasceu no meio artístico, em 1909. “Era circo itinerante, mas era tão grande que para se deslocar de uma praça para outra tinha que fretar vagões de trem”, assegura Daise. Antes de ser palhaço, assim mesmo, no masculino, Maria Eliza foi cantora e formava dupla com sua irmã Efigênia, mas foi no circo, como Xamego, que alcançou o sucesso. Sua música tema nas apresentações era Xamego, de autoria de um amante do circo, o Rei do Baião Luiz Gonzaga, em parceria com Miguel Lima.

Minha Avó Era Palhaço! destaca a influência dos negros no espetáculo circense e o preconceito que sofriam nesse meio. Daise fala que seu avô João Alves era o único negro em um seleto grupo de proprietários brancos. Entretanto e felizmente, era respeitado e reconhecido. O machismo era outro revés que predominava na época. Segundo a historiadora Ermínia Silva, o termo palhaça nem existia. “Palhaço era coisa de homem”, afirma. “O feminino de palhaço só vai existir após o surgimento das escolas de circo, no final da década de 1970 e começo de 1980”, explica Ermínia. Seria esse o motivo de Maria Eliza ser um palhaço? Tabajara Pimenta, o homem-foca, acredita que não. “Era ela que fazia questão de não divulgar, penso eu”.

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O documentário aborda ainda o momento em que Maria Eliza resolveu ser palhaço; a participação da Caravana do Peru que Fala, do apresentador Silvio Santos, que levava diversos artistas ao circo; e os momentos difíceis do Circo Guarany. Imagens de arquivos e vídeos ajudam a narrar a história dessa mulher forte e decidida, que morreu em 2007, aos 98 anos.

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