Rodando de mão em mão, de banca em banca e de boca a boca, o Papelote Press vai buscando seu espaço no mundo da cultura alternativa. O projeto de publicações independentes, iniciado no ano passado, foi selecionado para participar da quinta edição da Feira Plana – Festival Internacional de Publicações de São Paulo, que acontece entre 17 e 19 de março no Pavilhão da Bienal, na capital paulista. O evento, destinado a fomentar projetos de cultura gráfica por meio de exposições, debates, oficinas e palestras, reúne mais de 200 expositores do Brasil e do exterior, de países como Espanha, Holanda, Argentina, Uruguai, Colômbia, Chile e Estados Unidos. Haverá lançamentos de fanzines, livros e fotolivros, impressão ao vivo de cartões postais, lançamento de linha de camisas e acessórios de vestuário, entre outras atividades.
A Papelote Press estará na Feira Plana por meio de seus idealizadores, o fanzineiro e cabeça do selo Pug Records, Eduardo Vasconcelos, e o artista gráfico, fanzineiro, produtor da festa Bang e DJ Josimar Freire, também conhecido por Gramboy e que já participou do evento em 2015. A ideia da dupla é distribuir na Feira Plana os fanzines já publicados pela Papelote, que levam o nome do projeto, além dos que já estão em fase de produção, mais trabalhos de Josimar na área da serigrafia e gravura, além de livros, fanzines, vídeos de skate e outras paradas. Fiéis ao lema de “quanto mais divulgação, melhor”, vão aproveitar para levar CDs dos artistas da Pug Records e trabalhos da galera local que esteja disposta a receber aquela força – incluindo aí aqueles que estão fora do mercado de publicações independentes, por disponibilizarem suas produções apenas na internet.
“É muito importante dar sequência às nossas ações fora da cidade, e um evento de porte tão grande como a Feira Plana permite um intercâmbio muito forte. Ele ajuda a expandir a rede de contatos, reforça nossa marca e até mesmo a visualização em nossa cidade”, comemora Josimar Freire. “É a chance de termos um grande público conhecendo nosso trabalho. As edições anteriores tiveram um público médio de dez mil pessoas, que deve aumentar com a ida para o Pavilhão da Bienal. Vai ajudar a acelerar nossa produção”, acredita Eduardo, lembrando que o projeto também tem perfil no Instagram.
A ideia de um projeto no estilo da Papelote Press surgiu no início de 2016, mas tomou forma e realidade em novembro, quando foi lançada a primeira edição, com a banda carioca Cigarettes, seguido em janeiro pela edição dedicada ao local Filipe Alvim e à festa Bang. E tanto Eduardo quanto Josimar levaram a sério o chamado formato de bolso, pois os fanzines são curtos e grossos no tratamento do assunto, resumindo e informando na medida exata e capazes caber no bolso da calça, da camisa e até mesmo na carteira. Tudo para facilitar a distribuição e custos, pois os Papelotes custam – se muito – um “obrigado” por parte de quem recebe o zine ou pega os seus nas bancas que eles montam nos eventos independentes.
“Nosso projeto ainda está bem no início, então tive a ideia de inscrevermos o Papelote em parceria com os meus trabalhos para a Feira”, explica Josimar. “É uma oportunidade de mostrarmos nosso trabalho, que não deixa de ser de panfletagem da cultura alternativa”, acrescenta. “Nossa proposta dialoga com o tema principal do evento”, diz Eduardo, que também escreve para o blog database.fm.
Ligando os pontos alternativos
No total, cada edição dos minizines teve uma tiragem média de 700 exemplares, que podem ser reimpressos de acordo com as possibilidades financeiras. Em média, são 200 exemplares por vez, que podem ser atualizados a cada nova reimpressão – o que justifica a “versão beta” presente nas últimas páginas. As próximas edições devem ser dedicadas ao músico Ciro Madd, ao evento Ratos na Praça, ao trabalho do próprio Josimar, à Pug Records, aos vídeos de skate de Juiz de Fora e ao lendário Carlos Adão, um economista aposentado famoso por deixar sua assinatura em vários locais de São Paulo. “Nós queremos mostrar a relação e comunicação que existe entre as várias atividades e os artistas locais, sejam os artistas, selos e eventos como a Bang e a Ratos na Praça”, afirma Eduardo Vasconcelos. “A intenção com o ‘Papelote’ é sintetizar essa ligação’, reforça Josimar.
Outro ponto importante na Papelote Press, destacam, é a pretensão de reunir no projeto o maior número de pessoas envolvidas com a cultura independente de JF, incluindo a galera da própria Pug Records, da produtora Inhamis, fanzineiros, produtores de eventos. “Queremos trazer mais pessoas para participar, gente que esteja inserida na produção gráfica independente, música e outras expressões artísticas, que queriam escrever também. Queremos fomentar as publicações independentes na cidade, distribuir além do ‘Papelote’. É trabalhar com amigos, agregar”, recruta Eduardo, indicando que ainda há muito mais por vir. “Estamos testando outros formatos para enfim tirar o ‘Papelote’ da ‘versão beta’.”