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Adriana Oliveira lança seu primeiro livro ‘Nácar madrigais’

adriana Foto Larissa Alves Divulgacao
Para Adriana, o resultado que conseguiu com o livro é a concretização do que ela tem feito, misturando referências e unindo linguagens (FOTOS: Larissa Alves/ Divulgação)
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Em uma residência artística no Vale do Matutu, em 2016, Adriana Oliveira, multiartista radicada em Juiz de Fora, nas caminhadas que fazia, conta que se sentia inspirada pelo lugar e, prontamente, escrevia algumas pequenas linhas, compostas por poucas palavras, e, ao lado, breves esquemas de desenhos. Já nesse momento, nascia o que viria a se tornar seu primeiro livro “Nácar madrigais”, lançado durante a realização da Feira Literária de Paraty (Flip), no último mês. A obra é intermídia e, junto do exemplar físico, vem um audiobook que completa toda a história.

Por essência, Adriana é multiartista. Cursou, ao mesmo tempo, a faculdade de Artes Plásticas e de Letras. Apesar de não ter se formado em Letras, esse contato entre imagem-texto a perseguiu, de alguma maneira. “Essa relação vem desde essa época, embora depois eu tenha enveredado pelo campo da arte e da tecnologia, e trabalhei com instalações interativas, essa ideia da fusão das linguagens me interessava muito já naquela época. É o conceito da intersemiose. Sempre tive interesse pelos processos intersemióticos, pelos processos de fundir várias linguagens em propostas únicas”, define ela que é também professora do Instituto de Artes e Design da Universidade Federal de Juiz de Fora. “Agora, eu estou focando com mais intensidade nessas proposições poéticas”, confessa.

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Aqueles escritos do Vale do Matutu ficaram guardados. Até que, no ano anterior até 2019, os cantores Alexandre Pereira e Luane Voigan começaram a musicalizar aqueles pequenos poemas, que ela chama de haikais, com um adendo: “São haikais livremente escritos, não têm a métrica tão precisa japonesa”. Em 2020, com os poemas já transformados em canção, Adriana conseguiu aprovar um projeto na UFJF, por meio do Pibiart, e conseguiu bolsas na Faculdade de Música. Foi através desse projeto que as canções foram musicadas, até 2021. A proposta era criar um espetáculo com essas músicas. O que acabou não acontecendo.

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Adriana, então, teve a ideia de criar um audiolivro com essas canções, uma vez que tem acesso ao NAVE Estúdio. Juntaram-se ao processo a compositora Anna Lamha e o instrumentista João Cordeiro. Consequentemente, pensou, também, em lançar um livro físico com os poemas escritos. “Porque os poemas eram soltos. E eu fui criando os personagens, estruturando a ideia da narrativa. A ficção poética, a narrativa com os poemas se entremeando e contando uma história, aconteceu entre 2020 e 2021.” Estrutura pronta, ela chamou Júlia Rocha para criar as ilustrações do livro, muito a partir daqueles esquemas já feitos em Matutu. “Mas foi um processo em que todos deram ideia. Um processo coletivo e que Júlia traduziu nas ilustrações”. E assim, de fato, surgiu “Nácar madrigais”, em um processo de materialização diferente, já que o poema, primeiro, deu margem para a canção e, então, para a idealização de um livro.

“Nácar madrigais” conta a história de uma personagem em busca de um amor. “É uma jovem que vive as aventuras e desventuras dessa busca”, resume. “Eu até pensei que é corriqueira a história de uma personagem buscando um amor. Mas, depois eu refleti e acho que é uma história universal. Porque todos, em algum momento, passam pelo processo de encontrar um parceiro afetivo. Como foi livremente inspirado nas minhas vivências, eu me questionei. Mas entendi que é universal mesmo. Todo mundo passa por isso.”

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Capa do livro (Foto: Divulgação)

Para escolher o nome, Adriana conta que pensou em unir o que, de fato, trazia a essência da busca por esse amor e, ao mesmo tempo, a concepção do livro. “O nome surgiu da ideia da preciosidade do amor. ‘Nácar’ é a substância interna às conchas e dá a camada protetora para ela. É onde as pérolas se formam. Essa substância preciosa, a preciosidade que vem dentro da concha, achei que seria uma metáfora bonita para o encontro do amor. E ‘madrigais’ são os poemas cantados.” É a junção do que o livro representa e é.

Todo esse resultado é a concretização do que Adriana tem feito. É um projeto que mistura suas referências e traz o encontro das linguagens, que é, inclusive, a maneira como ela pensa as construções artísticas: “Eu tenho essa ideia de ir cruzando. Eu tenho uma ideia e já vou pensando nos cruzamentos das linguagens. É uma coisa que sempre me acompanhou. Eu não sei fazer diferente”. E não tinha outra forma de seu primeiro livro nascer. “Eu gosto muito dessa criação mais complexa mesmo, no sentido da junção de várias linguagens. E eu penso nos cinco sentidos, nos vários sentidos sendo explorados. Como a ideia de uma instalação multimídia: ela tem o visual, o verbal, o sonoro. E essa junção das linguagens inerentemente está trabalhando os vários sentidos. No caso do livro, o verbal, o visual e o sonoro.” Ao mesmo tempo, ela acredita que seja um retorno para as suas origens. “É um apanhado da minha história. Pelo menos da história que eu estou tentando reescrever.”

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Lançamento na Flip

Lançar na Flip foi uma emoção à parte. Ela participou da casa “Escreva, garota”, de apoio à escrita feminina. “E estar lá, ver a profusão de possibilidades poéticas, eu me senti integrada ao espaço. Uma felicidade plena. Lançar o livro foi muito legal”, finaliza. Os livros estão sendo vendidos na Autoria Casa de Cultura e no site da autora.

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