No “Trilha de letras” desta quinta-feira (14), o escritor Raphael Montes recebe a jornalista da Tribuna Daniela Arbex para uma conversa sobre a conjuntura dos hospícios no Brasil. No livro “Holocausto Brasileiro”, publicado pela Geração Editorial em 2013 e com mais de 300 mil exemplares vendidos, a pesquisadora, jornalista e escritora Daniela Arbex investiga o antigo hospital Colônia, maior hospício do Brasil entre 1903 e 1980. O título do trabalho se refere ao genocídio ocorrido no hospício, em Barbacena (MG), onde mais de 60 mil pacientes morreram após ficarem internados em condições sub-humanas.
“Morriam de tudo: de fome, frio, abandono, invisibilidade, esquecimento, de tudo. Porque esse era um local de ‘solução final.’ As pessoas eram mandadas para lá para morrer”, define a jornalista. “Da mesma forma que judeus eram encaminhados de trem para campos de concentração nazistas, essas pessoas também eram encaminhadas em vagões de carga para esse local.” De acordo com a jornalista, o escritor Guimarães Rosa teria criado a expressão “trem de doido” a partir de sua experiência como médico do exército, quando serviu em Barbacena. Lá, via a chegada de trens repletos de internos, que faziam viagens só de ida para o Colônia.
O programa traz um depoimento da psiquiatra e pesquisadora Ana Paula Guljor, para quem o Colônia tinha “respaldo do Estado, respaldo jurídico e da medicina, e se constitui como ‘locus optimus’ de tratamento do louco. Mas, na verdade, é um espaço de resolução de conflitos sociais.” A médica, ativista do movimento antimanicomial e da reforma psiquiátrica, acrescenta que “a sociedade necessita desses espaços para colocar aqueles com quem não consegue conviver como iguais.”
“Trilha de letras”
Raphael Montes entrevista a jornalista Daniela Arbex. Nesta quinta-feira (14), às 21h30, na TV Brasil