O ocaso de um campeão, um herói, que precisa se provar relevante frente a adversários mais jovens, dispostos, preparados para os novos tempos, é uma das histórias mais conhecidas e reprisadas que existe. Dentre os inúmeros exemplos que podemos encontrar no cinema, um dos mais conhecidos é a trajetória de Rocky Balboa, o campeão do boxe que, mesmo ostentando o cinturão de campeão há anos – ou já aposentado – precisava voltar aos ringues para se provar frente ao mundo. Ou basta, simplesmente, deparar-se com os novos tempos quando ainda há crença de se estar no auge. Esta é a premissa de “Carros 3”, a mais nova produção da Pixar a chegar à tela grande e que estreia nesta quinta-feira.
A franquia, em particular, precisa provar mais que a capacidade de ser longeva, e sim que pode estar à altura de outras animações do estúdio, como “Toy story”, “Wall-E”, “Divertidamente” e “Os Incríveis”. Afinal, os dois primeiros longas da série (principalmente o segundo) estiveram a milhas de distância dos louros atirados às outras produções, e talvez por isso tenha ocorrido a escolha por uma produção menos exagerada que “Carros 2” e um pouquinho mais próximo do clima do original.
E aí vale a comparação com “Rocky 3”, mais em termos de estilo que de qualidade. Assim como Rocky Balboa no mundo do boxe, Relâmpago McQueen reina absoluto como o carro mais rápido do mundo, vencendo todas as corridas e campeonatos. Mas o tempo é inclemente até com os campeões, e logo surge nas pistas um adversário que está não apenas à altura de McQueen, mas tem tudo para fazer com que um novo rei surja nos autódromos: Jackson Storm, um moderno carro de corrida com todos os recursos de ponta que existem, fruto de horas e horas de estudos em túneis de vento, testes de realidade virtual e outras bossas.
Não demora muito para Relâmpago McQueen sentir nos pneus a dura realidade, e ao tentar bater o rival ele sofre um grave acidente, que o faz ter que se retirar temporariamente das pistas e pensar se ainda pode fazer parte da elite – afinal, Storm não é o único representante dessa nova geração.
“Carros 3” segue, então, a trilha da jornada do herói que precisa reencontrar seu caminho voltando às origens. McQueen, após tentar se adaptar às novas tecnologias, percebe que terá que utilizar aquilo que sempre teve de melhor para superar seu novo antagonista, e parte para uma sessão de treinamentos “old school” a fim de se mostrar ainda valioso no mundo das corridas. Se ele vai conseguir, só indo ao cinema para descobrir.