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Jorge Arbach produz canecas com fachadas e ladrilhos de JF

Jorge Arbac
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(Foto: Reprodução)
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As fachadas de prédios históricos de Juiz de Fora e os ladrilhos produzidos pela Pantaleone Arcuri, agora, estão imortalizados a partir de um projeto desenvolvido pelo arquiteto e artista plástico Jorge Arbach, dentro da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal de Juiz de Fora (FAU/ UFJF). As coleções “Juiz de Fora para sempre” e “Ladrilhos Pantaleone Arcuri” foram criadas com o objetivo de divulgar o acervo arquitetônico juiz-forano através de utilitários, acessórios e peças gráficas. O primeiro produto lançado são as canecas, que carregam as estampas dos espaços e dos ladrilhos, e podem ser adquiridos no link.

Por entre as canecas, é possível encontrar uma série de lugares conhecidos, como a Igreja da Glória, o Palacete Santa Mafalda, o Forum da Cultura, o Paço Municipal, dentre outros. De fundo, Arbach decidiu incluir estampas que são padrões de papéis de parede antigos. “(Os papeis de parede) são obtidos e selecionados por várias fontes. Alguns são da minha coleção pessoal de recortes, outros são obtidos em banco de imagens, outros são retalhos de tecidos. Procuro relacionar visualmente esses fundos com as imagens das edificações, que ficam em primeiro plano”, afirma.

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Já os ladrilhos hidráulicos, como aponta o professor, já revistaram muitos pisos de residências e edificações públicas nas primeiras décadas do século XX. Em 1905, a Pantaleone Arcuri foi responsável por implantar o que pode ser considerado um dos primeiros estabelecimentos do Brasil a produzi-los em escala industrial. “Na coleção de canecas podemos apreciar um pouco da diversidade das cores e dos padrões decorativos que existem nos ladrilhos. Eles foram montados a partir do catálogo original ainda existente no Arquivo Histórico da UFJF”, explica Arbach, sobre a escolha daqueles que estampam as canecas. Alguns deles, inclusive, ainda podem ser vistos em Juiz de Fora, como nos pisos da Igreja do Rosário, na Escola Normal, na Casa D`Itália e na antiga sede da Cia. Construtora Pantaleone Arcuri.

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Educação Patrimonial para alunos e juiz-foranos

De acordo com Arbach, a ideia de fazer essas séries surgiu, principalmente, por ele ser interessado em questões ligadas à preservação do patrimônio arquitetônico de Juiz de Fora. “Passei a desenvolver, junto com os alunos, a produzir uma série de utilitários focando a temática da preservação histórica”. No projeto, participam alunos da FAU/ UFJF, a partir das bolsas oferecidas nas modalidades de Iniciação Artística, Treinamento Profissional e Projetos de Extensão.

Já a seleção dos alunos acontece a partir das disciplinas de Expressão Manual Artística e Técnicas de Representação Gráfica. “Dos alunos selecionados é solicitado pleno entendimento do contexto sociocultural e histórico do imóvel escolhido para que, ao final, o trabalho seja utilizado como instrumento de Educação Patrimonial junto à coletividade. Os desenhos, em sua fase inicial de produção têm caráter técnico, para em seguida receberem tratamentos artísticos, para posteriormente serem reproduzidos e comercializados”, explica Arbach. Para ele, mais que um projeto que exerce a subjetividade da expressão artística, as coleções “Juiz de Fora para sempre” e “Ladrilhos Pantaleone Arcuri” são responsáveis por aprofundar nos alunos ensinamentos quanto à Educação Patrimonial que, na visão do professor, é fundamental dentro, especificamente, desta área.

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Por outro lado, elas funcionam também para os cidadãos juiz-foranos no geral. “Tendo em vista que a cidade é um espaço do cidadão, iniciativas como a que propomos reforça o desenho da cidade como instrumento de resgate do sentimento de pertencimento. A ideia de apresentar a cidade através de projetos gráficos soma-se a outras iniciativas para que o espaço histórico da cidade seja preservado. A meta é produzir imagens numa tentativa de aproximar os cidadãos do seu patrimônio cultural, e na apreciação dos produtos terem a oportunidade de reconhecer suas características construtivas, artísticas, culturais e históricas, participando do seu próprio ambiente de vida.”

Formadores da identidade de Juiz de Fora

Dentre as tantas fachadas e os tantos ladrilhos, alguns já não fazem mais parte da paisagem urbana da cidade: foram ou demolidos ou descaracterizados. E trazer essas fachadas de volta é, também, despertar o interesse do que já foi Juiz de Fora e o lugar desses espaços na memória coletiva da cidade. “As edificações de importância histórica correm riscos de descaracterizações irreversíveis e em grande parte sofrem com a ameaça iminente de destruição. As relevantes referências urbanas são gradativamente demolidas para dar lugar a prédios que lentamente desqualificam o espaço da cidade, tornando irreversíveis as perdas deste precioso acervo arquitetônico. Percebe-se que a população reluta em agregar valores sociais às edificações, e este projeto que desenvolvo deflagra reivindicações pela sua preservação, tornando-os símbolos para outras gerações.”

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E completa: “Ao admirar os imóveis representados eles reconhecem a arquitetura como um meio de identidade da cidade e como instrumento de valorização de seus bens culturais. O resultado passa a ser a valorização do próprio cidadão, levando até ele elementos com os quais possa entender a sua formação e a sociedade da qual ele faz parte”, reitera Arbach, que reforça, ainda, que essas séries são pensadas também para que o indivíduo passe a olhar, cada vez mais, para a cidade que o cerca e a história que ela carrega – que tantas vezes passa desapercebido no dia a dia.

Outros produtos serão lançados

Além das canecas das coleções “Juiz de Fora para sempre” e “Ladrilhos Pantaleone Arcuri”, Arbach adianta que a ideia é produzir, ao longo do tempo, outros produtos, como posters, calendários, capas, adesivos, camisetas, bottons, ímãs, dentre outros. “Todos voltados para a preservação e valorização de nosso patrimônio cultural. Para, por fim, preencher algo que tanto carece para os que por aqui passam, ou seja, levar de lembrança um pouco desta cidade”, finaliza.

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