Em uma mistura de clássico documentário com ilustrações animadas, os 85 minutos de “Intolerância.doc” descrevem histórias de crimes de ódio impulsionados por homofobia, machismo, xenofobia e todo tipo de preconceito. Os dados levantados na Delegacia de Crimes de Intolerância de São Paulo são revelados em cenas gravadas em locações pouco usuais na cinematografia brasileira, misturadas a animações que ilustram sensorialmente a violência, evitando a exposição de agressões reais dramatizadas.
A produção da Globo Filmes e da Modo Operante Produções já foi exibida em diversos festivais nacionais e internacionais e chega a Juiz de Fora nesta quarta, às 19h, no Museu de Arte Murilo Mendes, com entrada franca. “O momento em que vivemos é oportuno para levantar tais questões, e o Mamm cumpre seu papel social de promover e fomentar a cultura ao trazer um título como este ainda inédito em Juiz de Fora”, afirma Wanderlei Faini, produtor cultural do museu.
Com a proposta de aprofundar detalhes do trabalho da polícia, de relatos de vítimas e posicionamentos dos próprios agressores, o filme é resultado de uma vasta pesquisa dentre os casos registrados. Integrantes de grupos extremistas e de torcidas organizadas revelam suas ideologias sobre o prazer em bater e aniquilar o outro. Vítimas descrevem seus traumas, reflexos de atos violentos sofridos. Em meio a dados que apontam um assassinato de LGBT a cada 25h e 296 vítimas de brigas de torcidas, o documentário registra as ações dos investigadores em diligências e a relação deles com punks, skinheads e torcedores da capital paulista.
“Vivemos num mundo de extremos hoje e se não tivermos a escuta para quem pensa diferente de nós, seremos uma sociedade em rota de colisão”, afirma Susanna Lira, diretora do filme, quando questionada sobre o motivo de dar voz aos agressores no documentário. A obra mostra a realidade de um país cordial que mata por não tolerar e leva a refletir sobre uma nação que se confronta cada vez mais com suas contradições.
Intolerância.docExibição do filme nesta quarta-feira (13), às 19h, no Museu de Arte Murilo Mendes (Rua Benjamin Constant 790 – Centro)