Semana da Criança: Conheça os livros que marcaram a infância dos jornalistas da Tribuna
Gracielle Nocelli
(Foto: Pexels)
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Entre as lembranças da infância, há histórias que ajudam a moldar sonhos, pensamentos e a forma de ver o mundo. Neste Dia das Crianças, a Tribuna abre espaço para uma viagem às páginas que marcaram o começo de muitas jornadas: os livros. Mais do que passatempo, a leitura nessa fase da vida é considerada um instrumento para o desenvolvimento emocional, cognitivo e criativo. Nesta edição, nossos jornalistas compartilham as obras que marcaram suas infâncias, despertaram a imaginação, trouxeram aprendizados e deixaram memórias afetivas que atravessam o tempo.
“Perdi as contas de quantas vezes li ‘Lúcia já-vou-indo’, de Maria Heloísa Penteado. Era o meu livro favorito quando criança. Com muitas ilustrações, a obra conta a história da lesma Lúcia, que sempre chegava atrasada por conta da sua lentidão. Para se ter uma ideia, um dia ela recebeu um convite para a festa de uma amiga e começou a se preparar uma semana antes para conseguir chegar na hora, mas nem tudo saiu como planejado.”
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Sandra Zanella – Repórter
“Li ‘O menino no espelho‘, de Fernando Sabino, quando eu tinha uns 11 anos. Foi um dos primeiros sem ‘figuras’ que topei encarar. A leitura veio de um desafio da professora, líamos em casa e depois comentávamos em sala. Gostei demais das aventuras de Fernando, especialmente aquelas com Mariana, amiga e vizinha do autor. A história da galinha ao molho pardo e o mistério da casa abandonada estão até hoje na minha memória. Foi meu primeiro ‘livro de gente grande’ e acendeu a vontade de descobrir outras histórias.”
Mariana Floriano – Editora
“Filha de professora, tive o privilégio de crescer cercada por livros. Aprendi a ler espontaneamente, antes de entrar para escola, e a primeira historinha foi um trecho de ‘A bota do bode‘, de Mary França e Eliardo França, que constava em um livro didático. Emocionada com a proeza da caçula, minha mãe me presenteou com o exemplar e, assim, abriu as portas para um universo incrível. Na última página do livro eram listadas todas as obras da coleção, que eu lembro até hoje da felicidade quando consegui completá-la. Guardo com muito carinho até hoje!”
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Gracielle Nocelli – Editora
“O livro ‘Um menino maluquinho‘, com certeza, está nas minhas melhores lembranças de infância. Eu amava tanto ler o livro quanto assistir o seriado, e confesso que me inspirava nas travessuras do protagonista para fazer as minhas. Mas o que eu mais gostava era a forma como eram retratadas as sutilezas do cotidiano de uma criança sendo criança. Ziraldo sabe como criar um universo infantil cheio de diversão e dilemas reais, onde a imaginação é o elemento principal. Essa é uma leitura que vai fazer rir, mas também ensinar.”
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Nayara Zanetti – Repórter
” O livro ‘Bisa Bia, Bisa Bel‘ (1980). Além do jogo de palavras, feito com maestria por Ana Maria Machado, até hoje recordo o fascínio de acompanhar os diálogos imaginários de Bel com sua bisavó e com sua futura bisneta, a forma encontrada por ela para se conhecer e para entender o papel da mulher ao longo dos tempos na sociedade.”
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Fabíola Costa – Editora
“Eu poderia falar de Harry Potter ou outras grandes produções que marcaram a minha geração e de milhares de crianças. Mas o livro que eu não esqueço é um caminho muito interessante de estímulo à leitura. Eu ganhei quando tinha 5 anos, de uma tia. É um livro personalizado que contava a história de um dos meus sonhos de criança: ser jogador de futebol do Vasco. Eu era o protagonista, ao lado dos meus primos e irmão. No livro ilustrado, entitulado como ‘Soccer hero‘, eu realizava o sonho de jogar e ser campeão pelo Vasco, sendo motivado e celebrado por meus familiares. Marcou a minha infância e recomendo, inclusive, como presente para mais crianças.”
“Eu me lembro de ficar viciada na coleção da personagem ‘Píppi Meialonga‘, que é uma criança de 9 anos nada convencional e que, ao mesmo tempo, parece encarnar toda a liberdade e a imaginação que vêm de toda infância. Nos livros, ela é uma menina muito divertida e destemida, que não tem pai, nem mãe e, por isso, mora sozinha com um cavalo de estimação e faz a própria comida. Além disso, ela engana os policiais que querem levá-la para um lar de crianças e faz outras coisas como espantar ladrões interessados no seu tesouro. Ela também fica muito próxima dos vizinhos, Tom e Aninha, que viram seus irmãos, e sempre usa roupas malucas feitas por ela mesma. Lembro que minha mãe lia as histórias pra mim e nos divertíamos muito, até que comecei eu mesma pegar pra ler e querer contar as histórias pra ela. Foram livros que me acompanharam durante muito tempo, e com certeza a Píppi me fez ser uma criança mais corajosa e cheia de respostas na ponta da língua.”
Elisabetta Mazocoli – Repórter
“A investigação sempre foi uma paixão na minha vida. O interesse pelo suspense, por detalhes, dúvidas e descobertas fizeram parte da minha formação enquanto leitor. Quando era mais novo, li e ‘re-li’ clássicos romances investigativos da renomada autora Agatha Christie. O meu favorito: ‘Um corpo na biblioteca‘. Uma leitura para deixar a imaginação seguir, e que ajuda a mostrar que a vida é feita de mais lados e motivações do que podemos pensar – sentimento que também compartilhamos na profissão de jornalista.”
Miguel Baesso – Estagiário
“O livro que marcou minha infância, ‘Para gostar de ler – Volume 2′, foi quase um ritual de passagem para o universo da leitura. Foi um presente da minha mãe – e guardo até hoje. Foi ela quem me apresentou o gênero crônica e sugeriu que eu e meus colegas escolhêssemos ‘Chatear e encher’, de Paulo Mendes Campos, para um trabalho da escola que simulava a apresentação de um jornal. Lembro até hoje de trechos do texto e do tal ‘Valdemar’. O que torna essa lembrança ainda mais especial é saber que minha mãe também leu a mesma crônica na escola, com os colegas dela. As páginas, que ainda conservo, trazem o nome dela anotado nos trechos que cabiam à sua leitura. Décadas depois, eu também escreveria o meu ali. Acho que foi nesse momento que a leitura deixou de ser só uma tarefa da escola e virou uma forma de ver o mundo. Aquele livro e aquele trabalho despertaram em mim o gosto pela leitura e pela escrita. Hoje, escrevo profissionalmente – e percebo que foi nesse período, sem saber, que comecei a me tornar jornalista.”
Carolina Leonel – Editora
“Na escola onde estudei em Lavras, minha cidade natal, semanalmente, os alunos levavam um livro para casa para depois apresentar o enredo aos colegas, tipo um clubinho do livro. Certa vez, escolhi ‘A colcha de retalhos’, de Conceil Corrêa da Silva e Nye Ribeiro (1995). A história acompanha Felipe, um menino que curtia muito visitar a casa da avó. Lá, entre bolos, doces e histórias, ele ajudava a costurar uma nova colcha. Cada retalho tinha um desenho, uma memória. E foi entre as lembranças, que Felipe descobriu o significado da saudade. A história era super queridinha e, durante uma aula de artes integrada com literatura, recriamos o enredo, cada aluno recebeu um retalho em branco para pintar. Depois, uma costureira uniu todos em uma grande colcha coletiva. No fim, rolou até um bingo para decidir quem levaria a colcha para casa, que, aliás, eu infelizmente não ganhei.” (risos)
Maria Luiza Guimarães – Estagiária
“O livro ‘O gato malhado e a andorinha sinhá‘. Lá em casa, a leitura não era um hábito comum, nem incentivado. Mesmo assim, eu a via como algo muito especial. Quando pequena, enxergava o livro, para além da leitura, como um objeto encantador e mágico. Foi na escola onde encontrei os livros e pude ler essa história do Jorge Amado. A leitura foi uma recomendação da professora para um trabalho em dupla na sala de aula. Me lembro de conversar com a minha amiga sobre as partes que mais gostávamos e como contaríamos aquela história para o restante da turma. O livro também me marcou pela sua forma: era pequeno, com a capa toda rosa e tinha ilustrações muito delicadas e coloridas do Carybé. Ainda guardo com carinho um exemplar desse livro na minha estante!”
Fernanda Castilho – Repórter
“O livro ‘Menina Bonita do Laço de Fita‘ me leva de volta à infância e ao entorno plural em que cresci, onde cores, histórias e afetos se misturavam com naturalidade. Eu me via no olhar curioso do coelho e na imaginação da menina, sempre cheia de respostas encantadas. O livro revela que a beleza está nas diferenças e que todos têm algo a ensinar. Uma obra que inspira um olhar infantil – puro, curioso e livre de preconceitos, capaz de colorir a vida com ternura e descoberta.”