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‘A filha única’, de Guadalupe Nettel, é lançado no Brasil

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Romancista mexicana conta as histórias de mulheres que encaram a maternidade de formas diferentes (Foto: Todavia/Divulgação)
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A escritora Guadalupe Nettel é um dos nomes mais importantes da literatura mexicana contemporânea, e seu quarto romance, “A filha única”, foi lançado recentemente no Brasil pela Todavia. Em suas pouco mais de 200 páginas, ela parte de experiências pessoais e de pessoas próximas para contar uma história que trata de um tema tão discutido na atualidade: as diversas formas de maternidade e a decisão de ter filhos ou não, a partir de situações vividas por três personagens diferentes.

A protagonista, baseada em suas próprias experiências, é a acadêmica Laura. Decidida a não ser mãe de forma alguma, ela fez uma laqueadura enquanto trabalhava em sua tese de doutorado, na França, que se torna um dos motivos do final de seu relacionamento, pois o namorado desejava ter filhos. Esse é um dos motivos que a levaram a retornar para o México, onde pretende concluir sua tese acadêmica. Logo depois, ela descobre que sua melhor amiga, Alina (inspirada em uma amiga próxima, a quem a escritora agradece por ter permitido contar sua história), que também não desejava ter filhos, mudou de ideia e está grávida.

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A gestação, porém, corre bem até por volta do oitavo mês, quando ela e o marido Aurélio descobrem que o futuro bebê, Inés, não desenvolveu o cérebro por completo e não tem chance de sobreviver, e que morrerá logo após o parto. Como outros profissionais apresentam conclusões diferentes, eles decidem levar todo o processo ao fim, na esperança de que ela possa viver semanas ou meses, ou pelo menos que possam se despedir da criança.

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A terceira personagem, vizinha de Laura, é Doris: viúva hápouco tempo de um marido violento, ela precisa lidar com as crises do filho de 8 anos, Nicolás, que repete alguns comportamentos do pai morto – agravado pelo fato de que o marido morreu em um acidente, o que faz com que ela se torne superprotetora em relação ao menino. O romance ainda encontra espaço para mostrar o difícil relacionamento entre Laura e sua mãe, de uma geração em que a maternidade era condição inerente à mulher.

“A filha única” não é um livro que vá surpreender a leitora e o leitor; é possível afirmar, desde o início, que o desfecho das histórias de suas protagonistas é previsível. Mas Guadalupe Nettel cumpre aquilo que passamos a esperar a partir do que é apresentado na sinopse: uma jornada sobre as novas configurações de maternidade, família e feminilidade no terceiro milênio, ao mostrar os diversos dilemas enfrentados pelas mulheres na sociedade – seja no México, Brasil ou em qualquer outro país – de forma simples e, ao mesmo tempo, profunda. É um romance atual e esclarecedor, com o qual as mulheres poderão se identificar desde a primeira página, e que pode ajudar os homens a ter uma visão mais ampla e esclarecida sobre o feminino.

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