Começa, nesta quinta-feira (13), em São João Nepomuceno, o Festival Cidade da Música, que se estende até o sábado (15) promovendo atividades culturais gratuitas na cidade, que fica a cerca de 64 km de distância de Juiz de Fora. A programação envolve apresentações instrumentais, premiações de artistas locais e da região, mostra audiovisual, fórum temático e oficina. O festival é uma iniciativa da Associação Neném Itaborahy, em parceria com a Agência de Desenvolvimento do Polo Audiovisual da Zona da Mata de Minas Gerais e com o Sebrae.
O projeto Cidade da Música começou ainda na pandemia, em 2020, com o intuito de fortalecer a integração dos profissionais da música e do audiovisual da Zona da Mata mineira, identificando São João Nepomuceno como uma sede regional, sobretudo para o setor musical, visto seu histórico de referência na região e o que é produzido atualmente no município, além de abrigar estúdios de referência para o Brasil. No primeiro ano de atividade, a programação foi on-line e apresentou nomes da música regional que se destacam na área. Os vídeos podem ser conferidos no YouTube do Polo Audiovisual, nas playlists do Cidade da Música.
Neste ano, a primeira ação do projeto aconteceu ainda em maio, com o anúncio dos vencedores do Prêmio Instrumental. De acordo com a organização, foram realizadas 42 inscrições. Músicos de Cataguases, Belo Horizonte, Juiz de Fora, Bicas, Descoberto, Uberaba, Conselheiro Lafaiete, Campinas, Monte Alto e São Paulo, além de São João Nepomuceno, se inscreveram. De Melhor Grupo Instrumental, o vencedor foi o quinteto da instrumentista Nara Pinheiro, de Juiz de Fora. Já de Melhor Instrumentista, foi o bandolinista Eduardo Pereira, de Campinas. O Jovem Instrumentista destaque foi o Alex Penezzi, de São Paulo. E os talentos locais premiados foram o guitarrista João Pedro Oliveira e os violonistas Lipe Dutra e Matheus Tomey. Todos os condecorados com o Prêmio Instrumental se apresentam durante o Cidade da Música.
Confira a programação do Cidade da Música
A programação do festival começa na quinta, a partir das 18h, com a apresentação do grupo são-joanense, Seresteiro ao Luar, na Praça Daniel Sarmento. No mesmo horário, na Praça da Estação, dois filmes serão exibidos: “Trem do futuro”, de Claudio Santos e Leandro Silveira, e “API – O movimento do Rock em São João”, de Kaique Filgueiras. A noite se encerra ainda na Praça da Estação, com apresentação de Roger Resende, que convida Thaylis Carneiro, Felipe do Cavaco e Dudu Viana.
Já na sexta-feira (14), todas as atividades se concentram na Praça da Estação. A partir das 18h30, acontece mais uma sessão da Mostra Audiovisual, com os filmes “De quanto em vez”, de Jader Barreto e Rafaella Lima; “No tempo de Miltinho” e “No balando de Kelly”, ambos de André Weller, e “Lupicínio Rodrigues: confissões de um sofredor” de Alfredo Manevy. Eduardo Pereira se apresenta com o Trio Macaxeira, a partir das 20h30. Em seguida, às 22h, Ricardo Itaborahy faz show e convida Juarez Moreira, Toninho Ferragutti, Gladston Vieira, Adalberto Silva, Thiago Guimarães, Jonatas Silveira e Aldo Torres. O dia se encerra com Gleison Túlio e uma jam session com palco aberto.
O último dia de Cidade da Música, sábado (15), começa cedo, às 10h, com Voyage Jazz Trio e jam session, na Praça da Estação. Das 15h às 17h, no Centro Cultural Gabriel Procópio Loures, acontece o Fórum Temático sobre economia criativa, educação e desenvolvimento regional, criatividade, música e audiovisual e mercado musical, desafios e oportunidades. Já às 18h30, tem mais uma sessão da Mostra Audiovisual, com os filmes “Neném, coração tambor”, de Clarissa Campolina e Tania Anaya, e “Nada será como antes”, de Ana Rieper. Em seguida, às 20h, acontece o show do quinteto da Nara Pinheiro e, logo após, os talentos locais vencedores do Prêmio Instrumental recebem a premiação. Alex Penezi se apresenta em seguida.
Hamilton de Holanda no Cidade da Música
Uma das principais atrações do festival Cidade da Música é Hamilton de Holanda, bandolinista e compositor, considerado um dos principais nomes da música instrumental brasileira contemporânea. Crescido em Brasília, encontrou-se no choro e foi um dos fundadores da primeira Escola de Choro do mundo, de 1997. Foi ele, também, quem idealizou a petição ao Congresso Nacional para conceder ao gênero um dia nacional, sendo comemorado, desde 2000, no dia 23 de abril. Neste mesmo ano, ele reinventou seu instrumento, adicionando mais duas cordas graves extras afinadas em dó no bandolim, totalizando dez – o que inspirou diversos músicos a tocar o instrumento dessa forma.
Para além do choro, Hamilton de Holanda extrapola os limites dos gêneros, como afirma, “trazendo seu coração na ponta dos dedos”, que resulta em composições características. Isso fez com que ele viajasse por todo o mundo, apresentando-se em diferentes palcos focalizados em vários gêneros e ritmos. É, além disso, vencedor de diversos Grammys Latinos, Prêmio da Música Brasileira, Echo Jazz, e Choc, dentre outros. E é exatamente o resumo de sua carreira que o bandolinista apresenta em seu show no Cidade da Música, que se encerra com Gleison Túlio, à meia-noite, e jam session com palco aberto.